sábado, 25 de julho de 2009

Manoelzinho, o garçom


Esse Manoelzinho é uma das nossas figuras folclóricas de Itabaiana. Ele é pequeno, tem o tipo físico de Carlitos, ainda mais vestido com o paletó de garçom e a indefectível gravata borboleta.


Nasceu em Itabaiana e já conta com 43 anos de profissão. Assina Manoel Araújo de Lima, conhecido por Manoelzinho Boca Aberta. Ele mesmo um consumidor de álcool, tem seu código de ética. Fomos encontra-lo na churrascaria de Lon, na entrada da cidade. Eu e o poeta Maciel Caju tomando umas cervas, ouvindo o lero de Manoelzinho, que garante: não vende bebida pra menores de 18 nos, não comercializa bebida falificada, não estimula o consumo abusivo, ensinando aos clientes a beber lentamente, saboreando a bebida, respeitando um intervalo entre as doses e sempre comendo alguma coisa, ou mesmo bebendo água. Nesses tempos de lei seca, Manoelzinho é um guardião da segurança dos clientes. "Verifico sempre se na mesa há alguém que não está bebendo e oriento o grupo para que essa pessoa seja o motorista", esclarece o garçom consciente.


Ele narra que trabalhou numa festa na Associação Atlética Banco doBrasil, e pela manhã queria prestar contas ao presidente da agremiação, um tal Nego Tonho, que por estar bolinando uma moça de fim de festa, mandou o garçom embora com o dinheiro do bufê para acertar depois. Manoelzinho tomou um ônibus para a praia de Baía da Traição, arrumou duas raparigas e passou o dia farrando. Na volta, foi para o cabaré de Nevinha e gastou os últimos centavos. Chegou em casa dois dias depois, de porre. Passou dois anos pagando a conta.


Enquanto Manoelzinho ia contando suas aventuras, Maciel Caju rabiscou no guardanapo essa "toada do garçom" que passo para meus leitores em primeira mão:


Quem quiser ser bom garçom

Eu aqui passo a receita:

Agradar bem o cliente

Sem ter medo de careta

E cobrar adiantado

Roubando na caderneta.


Se o freguês rejeita a dose

O garçom vai e aproveita

Se esquecer os dez por cento

Faz que não nota a desfeita

Apela pra Sonrisal

Que é santo de nossa seita.


Porém a maior desfeita

É o cliente chegar

Com ar de cabra mofino

Com deboche perguntar:

"Fora o garçom, o que tem

Para se comer no bar?"


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