segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Pequenas reflexões sobre meu blog e minha mania de correr perigo


Este blog já deu o que tinha de dar, no quesito acesso. Quase ninguém lê o que aqui se escreve, o que considero sensato porque o mundo moderno não admite perca de tempo com amenidades pseudo literárias. Se bem que a Toca caiu nas graças de meia dúzia de amigos velhos, leitores diários que andam reclamando da falta de assiduidade. Dia sim, oito não, volto à Toca para tocar algumas besteiras e manter o charme, em consideração a esses amigos e amigas. Tudo se pode fazer na base da amizade.
Acho que os blogs foram engolidos pelas tais redes sociais. Vivemos na era da instantaneidade. Tudo tem que ser breve. Os tuiteiros não suportam ler mais do que cinco ou seis linhas. Somos pequenos grupos de leitores, cada vez mais escassos, os que ainda praticam aquele carnaval-solo de um livro nas mãos e uma rede ao vento, sem se importar com a profundidade dos conteúdos. Pelo contrário.
Mudando de via, quero aqui deixar registrado um quase acidente que sofri com minha bicicleta. Eu parado no cruzamento, esperando o trânsito amenizar para atravessar a rua. Calculando mal, arranquei em minha bike, no que quase fui esmagado por um ônibus. Consegui retornar ao ponto de partida, mas não evitei que um carro vermelho passasse por cima da roda traseira do meu transporte. Felizmente, eu estava fora do selim. Isso foi no Parque Solom de Lucena, onde a Prefeitura anda promovendo reformas para melhorar a tal da mobilidade, mas esqueceu de oferecer algum espaço para esses pobres diabos que se locomovem de bicicleta.
Tenho a clareza de perceber o preconceito dos motoristas com os ciclistas. Já disse aqui e repito: temos duas figuras que andam com as magrelinhas. Uma delas é o cara montado em seus apetrechos esportivos, sua bike caríssima de alumínio, seu capacete vistoso, colorido, sinalizando que ali vai um esportista de classe média. O outro cara da kalanga é o trabalhador comum em sua bicicletinha barata, uma camela comprada na feira de Oitizeiro, mais despojada do que sala de reboco no sertão. O primeiro circula nas rodovias, com sua prática esportiva, geralmente em grupos. O segundo ciclista anda pelas ruas, disputando espaço com os automóveis e motocicletas. Geralmente, morrem na contramão “atrapalhando o tráfego”, como na canção de Chico.  
Sob protesto dos motoristas, prossigo pedalando. Não posso andar a pé por causa da artrose nos joelhos. A bicicleta é minha cadeira de rodas. Entre viver sedentário e fazer roleta russa todos os dias no trânsito de João Pessoa, escolhi viver perigosamente. O índice de perigo que o ciclista corre é alto. Defendo esse tipo de transporte como uma coisa que pode mudar a vida das pessoas e da cidade. Seremos mais respeitados quando mais gente “respeitável” andar de bicicleta. Em vez de promover cenas ridículas como inaugurar ventilador em escola, por exemplo, o prefeito Luciano Cartaxo poderia andar de bicicleta nas ruas para sinalizar sobre a importância da ocupação das vias por este meio de transporte.

O óbvio: o aumento do uso de bicicleta no trânsito diminui não apenas a fatalidade dos acidentes envolvendo ciclistas, mas outros veículos também. Ou seja, trocando o uso de veículos motorizados por bicicletas, todos ganham.

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