Este blog já deu o
que tinha de dar, no quesito acesso. Quase ninguém lê o que aqui se escreve, o que
considero sensato porque o mundo moderno não admite perca de tempo com
amenidades pseudo literárias. Se bem que a Toca caiu nas graças de meia dúzia
de amigos velhos, leitores diários que andam reclamando da falta de
assiduidade. Dia sim, oito não, volto à Toca para tocar algumas besteiras e
manter o charme, em consideração a esses amigos e amigas. Tudo se pode fazer na
base da amizade.
Acho que os blogs
foram engolidos pelas tais redes sociais. Vivemos na era da instantaneidade.
Tudo tem que ser breve. Os tuiteiros não suportam ler mais do que cinco ou seis
linhas. Somos pequenos grupos de leitores, cada vez mais escassos, os que ainda
praticam aquele carnaval-solo de um livro nas mãos e uma rede ao vento, sem se
importar com a profundidade dos conteúdos. Pelo contrário.
Mudando de via, quero
aqui deixar registrado um quase acidente que sofri com minha bicicleta. Eu
parado no cruzamento, esperando o trânsito amenizar para atravessar a rua.
Calculando mal, arranquei em minha bike, no que quase fui esmagado por um
ônibus. Consegui retornar ao ponto de partida, mas não evitei que um carro
vermelho passasse por cima da roda traseira do meu transporte. Felizmente, eu
estava fora do selim. Isso foi no Parque Solom de Lucena, onde a Prefeitura
anda promovendo reformas para melhorar a tal da mobilidade, mas esqueceu de
oferecer algum espaço para esses pobres diabos que se locomovem de bicicleta.
Tenho a clareza de
perceber o preconceito dos motoristas com os ciclistas. Já disse aqui e repito:
temos duas figuras que andam com as magrelinhas. Uma delas é o cara montado em
seus apetrechos esportivos, sua bike caríssima de alumínio, seu capacete
vistoso, colorido, sinalizando que ali vai um esportista de classe média. O
outro cara da kalanga é o trabalhador comum em sua bicicletinha barata, uma
camela comprada na feira de Oitizeiro, mais despojada do que sala de reboco no
sertão. O primeiro circula nas rodovias, com sua prática esportiva, geralmente
em grupos. O segundo ciclista anda pelas ruas, disputando espaço com os
automóveis e motocicletas. Geralmente, morrem na contramão “atrapalhando o
tráfego”, como na canção de Chico.
Sob protesto dos
motoristas, prossigo pedalando. Não posso andar a pé por causa da artrose nos
joelhos. A bicicleta é minha cadeira de rodas. Entre viver sedentário e fazer
roleta russa todos os dias no trânsito de João Pessoa, escolhi viver
perigosamente. O índice de perigo que o ciclista corre é alto. Defendo esse
tipo de transporte como uma coisa que pode mudar a vida das pessoas e da
cidade. Seremos mais respeitados quando mais gente “respeitável” andar de
bicicleta. Em vez de promover cenas ridículas como inaugurar ventilador em
escola, por exemplo, o prefeito Luciano Cartaxo poderia andar de bicicleta nas
ruas para sinalizar sobre a importância da ocupação das vias por este meio de
transporte.
O
óbvio: o aumento do uso de bicicleta no trânsito diminui não apenas a
fatalidade dos acidentes envolvendo ciclistas, mas outros veículos também. Ou
seja, trocando o uso de veículos motorizados por bicicletas, todos ganham.
Nenhum comentário:
Postar um comentário