segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Itabaiana meu amor


Itabaiana meu amor

Abelardo Jurema Filho

Esta semana estive em Itabaiana, onde nasceu e está sepultado o meu pai. Somente este fato já seria suficiente para justificar a minha emoção a cada vez que vou àquela cidade que ele fazia questão de preservar no seu coração e nas suas lembranças infantis. A convite do escritor Reginaldo Araújo, um itabaianense que se fixou em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, mas nunca esqueceu as suas origens, fui assistir ao lançamento do seu livro realizado na Câmara Municipal com a presença da prefeita D. Dida, dos vereadores e de representantes da comunidade local.

Para minha surpresa, fui convidado a tomar assento à Mesa principal. Fui anunciado como jornalista, filho do Ministro Abelardo Jurema “e neto desta cidade”. Entre cumprimentos de pessoas que não conhecia, mas que me tratavam com carinho e intimidade, me dirigi ao lugar que me era destinado me sentindo em casa. Era como se já tivesse estado ali, guiado pelas mãos seguras do meu pai e inspirado em suas memórias.

Mais surpreso ainda fiquei quando fui instado a me pronunciar na tribuna. Tratado como uma autoridade, fui chamado a “falar aos itabaianenses” e saudar o autor e a sua obra - “Itabaiana, deslumbramento de uma época” - em que exalta os seus valores históricos e culturais, que fala em Sivuca e Zé da Luz, gênio das letras e artes que estão entre os orgulhos da Paraíba.

Cheio de responsabilidade pelo simbolismo daquele ato – falar aos meus conterrâneos por consanguinidade no berço de sua representação popular – revivi as historias que o velho Abelardo contava, de suas estrepolias de criança no coreto da praça da Igreja matriz, de sua infância na casa de Olívia e Hermínio Pascoal, a quem considerava seus pais adotivos, e da presença austera do seu avô, Manoel Joaquim de Araújo, o Neco Araújo, que era prefeito da cidade. Recordei que ele próprio, aos 23 anos, iniciou a sua vida pública também como prefeito do município, de onde saiu para conquistar as posições que o levariam às mais elevadas funções públicas e ao Ministério da Justiça do seu País.

Tive que me esforçar muito para conter as lágrimas. Agradeci a recepção calorosa e afetiva. E, mais do que nunca, me senti estimulado a levar adiante o projeto de ingressar na atividade política com a responsabilidade e o compromisso de servir que o momento exige.

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