sexta-feira, 28 de maio de 2010

Resgatando a cultura popular



É preciso começar a perder a memória para perceber que é justamente esta memória que faz toda a nossa vida. Uma vida sem memória não seria uma vida, assim como uma inteligência sem possibilidades de se exprimir não seria uma inteligência. Nossa memória é nossa coerência, nossa razão, nossa ação, nosso sentimento. Sem ela não somos nada.
E o que dizer de uma comunidade sem memória? O projeto Meninas do Rio pretende registrar a memória musical e as danças da comunidade itabaianense com uma coletânea de toadas de caboclinhos, boi de reis, nau catarineta, coco de roda, ciranda e outras manifestações folclóricas, através de gravação de DVD. As músicas são interpretadas por brincantes da comunidade, que tem tradição centenária no coco e no caboclinho. Os destaques são as crianças bailarinas do grupo Meninas do Rio. Homenagearemos os falecidos mestres Mocó, Pabulagem, Chico do Doce, Arlinda Cirandeira, Biu da Rabeca e Artur Fumaça.

Especificamente sobre a cultura dos saberes da infância brasileira, as Meninas do Rio executam todas as jornadas do Pastoril, a Lapinha da tradição natalina do Nordeste, muito cultivada em nossa cidade em décadas passadas, hoje praticamente extinta como manifestação da cultura popular.

A partir das ações do Grupo de Danças Regionais Meninas do Rio, sob a coordenação da professora Sueli Joventino, pretende-se realizar ações em escolas públicas e espaços da periferia da cidade, além do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, proporcionando um resgate dos folguedos populares a partir do ensino da dança e da música regional, trabalhando com crianças na faixa etária de 8 a 15 anos. Concomitantemente, o projeto auxilia na divulgação e debates no meio estudantil, sobre políticas de atendimento, promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, com o apoio do Conselho Tutelar.
As antigas brincadeiras infantis do Nordeste, que se via nas ruas das cidades do Interior, brincadeiras infantis como pega-pega, esconde-esconde, pular corda e elástico, pão-duro, amarelinha, bola de gude (bila), pião e soltar pipa (papagaio), serão resgatadas no projeto. Farão parte dos aquecimentos e outros momentos de lazer e descontração. São alternativas à televisão e aos jogos eletrônicos que deixam crianças e adolescentes sedentários.
Percebe-se que as tradicionais brincadeiras de rua permanecem no imaginário dos meninos e meninas. Se compararmos com um passado recente, as brincadeiras de ruas diminuíram muito, mas não acabaram. Essas diversões mantêm um forte aspecto lúdico.

Na nossa cidade praticamente não há equipamentos públicos, praças com quadras, áreas apropriadas para o lazer dos moradores, principalmente na periferia. Muitos brincam nas ruas. E é na rua onde pretendemos realizar as sessões de brincadeiras com os meninos do projeto e demais habitantes das comunidade.

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