quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Sobre "jornalismo de esgoto"


Recebi mensagem do engenheiro e ativista dos direitos civis Heitor Reis, das Minas Gerais, que faço questão de reproduzir na íntegra:

Grande Mozart:

Excelente seu enfoque na matéria "Jornalismo de Esgoto" que mantenho ao final e divulgo para outros ambientes!
Fez-me lembrar de um artigo do Aloysio Biondi, de 2002, que não encontrei no sítio dele e o republiquei, agora, no CMI, sob o título de "O Jornalista-Enganação". Foi escrito durante a vigência da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão: http://prod.midiaindependente.org/pt/red/2009/12/460367.shtml

Assim, constatei que é extremamente relevante vincularmos o fato de que sempre houve e sempre haverá profissionais devidamente habilitados através de curso universitário, interessados em realizar este serviço porco. É o diploma a serviço do esgoto, da enganação e tudo o mais. E, sem dúvida, um jornalista sem diploma não se exclui naturalmente desta mesma possibilidade.

Um empresário de esgoto não é capaz de realizar uma mídia de esgoto sem profissionais da mesma categoria! Diplomados ou não. Mas a estupidez humana ou a má-fé tem sido incapaz de perceber tal coisa. A própria Fenaj age como se uma coisa jamais tivesse relação com a outra... Muito antes pelo contrário, utiliza o diploma como se fosse a salvação da lavoura ou um sistema de tratamento de esgoto, quando na realidade, durante a vigência da obrigatoriedade, foi absolutamente inócuo para tanto. Apenas atuou como reserva de mercado.

Os acadêmicos tidos como sendo "nossos melhores quadros" também jamais vinculam o jornalismo de mercado, o jornalismo de insinuação (Venício de Lima), a ditadura da mídia (Altamiro Borges) e outras mazelas que dominam o jornalismo atual com o profissional que se vende a tal propósito.

Antonio Gramsci condenou o trabalhador que comprava o jornal burguês, no que podemos incluir, naturalmente, o jornalista que para ele trabalha. Mas será que há algum interesse da sociedade em ter um jornalismo verdadeiramente público? [ A sociedade quer informação com ética e qualidade?

É a malignidade intrínseca da mídia, do capitalismo, do socialismo e da humanidade. E das associações de classe também.

Ou criamos um mecanismo para proteger o jornalista do escravagismo existente na relação injusta entre o capital e trabalho, ou sempre os teremos como mercenários a serviço do exército inimigo do operariado. É um bom tema para a Confecom. E nada tem a ver com diploma!

Minhas mais efusivas congratulações àqueles raros profissionais que preferem escolher a benignidade também intrínseca de todas estas coisas. E, naturalmente, muita das vezes, a miséria, a invisibilidade, e quando não a morte.

Dialeticamente,
Heitor Reis

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