sábado, 17 de outubro de 2009

Cena de teatro na periferia


Grupo Massangana em cena

MULHER 1 – (Na parada de ônibus) Fulaninha, tu tá toda jeitosa, toda chique, parece uma madame! Quem tá gastando contigo?

MULHER 2 – Ah, minha filha, melhorei de vida! Depois que fui trabalhar no apartamento de um senhor decente lá no Bessa, tou sendo tratada feito gente. Imagina que o homem cismou de namorar comigo, todo respeitador, nem parece o patrão.

MULHER 1 – Já sei que tu tá dando pro homem. Esse povo tem jeito não!

MULHER 2 – Ah, minha filha! Respeito é bom e conserva os dentes. Vê como fala com essa nega velha. Se o patrão gostou de mim, é porque sou carinhosa e boa de cama e fogão. E quer saber mais? Ele me trata com todo respeito e consideração. Me levou pro motel, coisa de rico, com uísque e tudo.

MULHER 1 – Me conta, mulher! Como foi o sarrabulhado?

MULHER 2 – Ele me tratou bem, mandou eu pegar no pênis dele...

MULHER 1 – Pênis? Que diabo é isso?

MULHER 2 – Oh, mulher ignorante! Não sabe o que é pênis não? É a mesma coisa que caralho, só que mais molinho e mais branquinho...

Cena da peça “Pintou sujeira no Cuiá”, pelo Grupo Massangana de Teatro Popular, inserida no documentário “Feminino Plural”, que conta a participação das mulheres nas rádios comunitárias na grande João Pessoa, e as questões de gênero no movimento de radcom. O documentário tem formato de vídeo digital, direção de Jacinto Moreno com roteiro de Fábio Mozart.



SE LIGA, MEU IRMÃO!
Tema da peça “Pintou sujeira no Cuiá”, de Fábio Mozart:

Qualquer dia essa galera
Que anda nos descaminhos
Nesses becos e vielas
Procurando seu destino
Na mão do xerife mal
Vai encontrar sua voz
Para dar o seu recado
E ser visto e respeitado
Como uma coisa normal.
Então detonou geral
A transmissão da galera
Passando o comunicado
Que nossa gente queria
Um país em harmonia
Com seu povo alimentado
É um sonho acalentado
Pelos becos e vielas
Nos mocambos das favelas
No “apertado da hora”
Vamos gente, sem demora!
Exigir nossa presença
Comunicando à imprensa
Que a galera tem voz
Eu falando e, cá pra nós,
O povo entendendo tudo
Mesmo de forma precária
Na rádio comunitária
Transmite cidadania
Martelando noite e dia
O recado curto e grosso
E acredite seu moço
Que vai chegar esse dia.
Cena de teatro na periferia

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