sábado, 9 de maio de 2020

POEMA DO DOMINGO




Xarope de cloroquina serve até pra febre do rato



FOLHETO A QUATRO MÃOS – POETAS FÁBIO MOZART E CRISTINE NOBRE





FM
O Presidente Bozó
Como grande patriota
Curandeiro, benzedeiro
E um autêntico idiota
Prescreveu a cloroquina
Pra curar sua patota.

Você vá tomando nota
Lambedor de cloroquina
Uma receita infalível
Para a pessoa mofina
Bozó foi o criador
É quem prescreve e assina

CN
Ele trouxe lá da China
Bom é tomar com azeite
Mas dispense o adoçante
Para ter melhor deleite
E se tiver um capim
Acrescente e aproveite!

Misture com mel e leite
Ficando bem animado
As orelhas vão crescer
Vai falar com relinchado
E todo mundo vai ver
Sua cara de abestado.

FM
Conforme fui informado
Pelo doutor Bolsonaro
Esse lenimento cura
Intelecto e tino raro
Deixa o paciente tolo
Sem raciocínio e faro

Mas ele deixa bem claro:
Tem a predisposição
O cabra precisa ser
Ignorante e babão
Palerma imbecilizado
Puxa-saco de patrão

CN
Com muita convicção
Um jumento batizado
Que sem muito amor à vida
Obedecendo ao malvado
Gado que segue seu dono
Nesse circo improvisado

O sujeito alienado
Engole até gororoba
Mulheres na contramão
Fazendo chá de taioba
Qualquer dia engolem bosta
Vestidos de carioba

FM 
Enquanto isso, o soba
Prepara sua meisinha
Que é um remédio caseiro
Pra curar a gripezinha
Cuja receita oculta
Aqui a gente esquadrinha

Você pega uma tesourinha
Corta os três fios de ouro
Do cabelo do diabo
Reza três rezas de agouro
E quatro preces perversas
Dedica ao demo vindouro

CN
Se o Demo der estouro
Por falta da cabeleira
Mesmo sendo poucos fios
Vai fazer uma sujeira
Seu corpo vai ser imune
Depois dessa brincadeira

E tu sem eira nem beira
Ficarás bem chacoalhado
Pensando: “o Diabo é bom
Estarei imunizado
Com saúde e com riqueza
Não serei um fracassado”

FM 
Olhando por outro lado
Vou prescrever a receita
O modo de se fazer
O remédio dessa seita
Dos fãs de Jair Messias
Povo da mente estreita

Primeiro faça a colheita
De duas lágrimas do cão
Misture com creolina
E três barras de sabão
Quatro quilos de enxofre
Um punhado de carvão

CN
E não será nada em vão
Toda essa misturada
Antes de ir para o fígado
Dará boa fermentada
No estômago do cabra
Pra pessoa ser curada

A receita é arretada!
E não para por aí
Tem outros ingredientes
Pra usar e repetir
Junte a baba do capeta
Vai ser bom pra digerir

FM
Se o doente grunir
É que ta fazendo efeito
Carvão de osso de sogra
É componente insuspeito
E intriga de parente
Também fará bom proveito

E sem nenhum preconceito
Acrescente a cloroquina
Com um punhado de pimenta
Dois quilos de toxina
Colhão de carneiro mocho
Suco de naftalina

CN
Para o menino ou menina
Que queira um novo sabor
Algo nunca antes visto
Que um gênio elaborou
Com um poder invasivo
Um coquetel de sabor

A patente é de doutor
Conhecido na cidade
Homem muito astucioso
Mas de pouca integridade
O seu saber destoante
Faz nascer a crueldade

FM 
Com toda sinceridade
Livre de qualquer malícia
Esse homem de patente
Tem presença fictícia
O que pensa é fantasia
Ou é caso de polícia

Com sua grande estultícia
Essa receita prescreve
Como falso esculápio
Vai derreter como neve
Tanto que já é chamado
De Bolsonaro, o breve

CN
Receita que não é leve
Fórmula proposital
Proposta por um demente
Que pensa que é o tal
Que mente mais do que tudo
Passa remédio letal

Não tem rabo, o animal!
O filho do capiroto
É um projeto de gente
Capaz de jogar esgoto
Em receita pra doente
Pois ele é um cara escroto

FM 
E se você é canhoto
Manipule com a direita
Essa é a mão ideal
Para aprontar a receita
Com muito ódio na mente
Conforme manda a seita

Precisa fazer colheita
Do chá Garra do Diabo
Misturar bem com enxofre
E temperar com o rabo
Do inimigo Cão Coxo
Aumentando o menoscabo

CN
Mistura leite e quiabo
Esse xarope acelera
Mexe com o intestino
O diabo destempera
Deixa tudo bem fedido
Pra ferrar com a galera

Pior que essa “mizéra”
Dessa receita adoidada
Mesmo dando um tremelique
Deixa gente acreditada
A ignorância impera
Nessa terra tão amada

Com a merda afrouxada
Aparece a assadura
Com plena convicção
De que o remédio cura
Só mesmo a arte do cão
Faz essa conjectura

FM
Mesmo sendo merda pura
O bolsominion acredita
Sai à rua, dá chilique,
Faz vergonha, ronca e grita
A direita no Brasil
Na sua versão xiita

Se enganam com a cor da chita
E proclamam a ditadura
Em um bailado cafona
De plena subcultura
Debocham da dor do povo
Esculacham sepultura

Mesmo sem musculatura
Esse povo nos dá medo
O horror do despotismo
Não esquecemos tão cedo
Ufanista palhaçada
Sabor de xarope azedo.




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