sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O artista na feira



Encontrei Gabriel Aboiador na feira dos assentados, na UFPB. Na sua barraca, vende bode, galinha de capoeira e sarapatel. Gabriel é natural de Sapé. Vive no assentamento Boa Vista, cuidando de suas rocinhas e dos bodes. É um dos maiores poetas aboiadores da Paraíba. Lançou seu CD e vende a obra junto com a carne do bode, pimenta, alho, limões e macaxeira.

Gabriel batalha no seu cantinho pelo desenvolvimento sustentável na agricultura familiar, vendendo sua produção orgânica na feirinha e cantando seus aboios. Participa todos os anos do Festival de Aboio de São José dos Ramos, único evento desse tipo na Paraíba. “Dê um abraço por mim na prefeita Dra. Cida”, recomendou Gabriel, quando soube que eu iria entrevistar a prefeita no programa “Alô Comunidade” deste sábado, 12 de novembro, às 14h na Rádio Tabajara da Paraíba (1.110 AM). A gestora de São José dos Ramos é entusiasta da cultura popular na terra do poeta gigante Manoel Xudu.

Gabriel cozinha seu apreciado bode no fogão de lenha. Os professores da UFPB são seus clientes todas as manhãs de sexta-feira, no campus de João Pessoa. Gostam de comer o bode com macaxeira e prosear com o poeta aboiador. Pena que eu não estava com meu gravador digital para fixar a toada:

Gabriel Aboiador
Que é filho de Sapé
Afasta cobra com o pé
Na vida de agricultor
Eu no meio dos doutor
Me sinto bem à vontade
Dizendo dessa saudade
Que sinto de Gabriela
Cozinhando na panela
O picado com pimenta
Quero saber qual a venta
Que não sente o cheiro dela
Ôôôôô...boi...

Com minha Olimpus 12X sem juros, mandei bater a chapa com o poeta e depois tirei sua foto com Gabriel Júnior, seu filho. Não sabia, mas fiquei sabendo que o aboio é uma arte poética de origem moura, trazida pelos escravos portugueses da Ilha da Madeira. Só existe no Nordeste e em Minas Gerais. 

O Festival do Aboio de São José dos Ramos é uma louvação à tradição da cultura popular na terra do magnífico repentista Manoel Xudu, sobre quem publiquei um livro, cuja edição já está esgotada. A prefeita Cida Amorim quer reeditar a obra.

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