domingo, 21 de fevereiro de 2010

EMIR NUNES



Recebi carta de um itabaianense de minha geração, cujo conteúdo repasso aos meus raríssimos leitores:

Caro Fábio Mozart:

Muito me sensibiliza a sua missão de cantar e contar os feitos dos filhos de nossa querida Itabaiana. Como você, não sou filho deste querido torrão, mas me considero como dela sendo. Aí cheguei aos meus nove anos de idade, daí só saindo para vir estudar aqui em João Pessoa. Corria o ano de 1969. Meus pais ainda por mais uns dois anos ficaram, mas voltei a esta terra para iniciar minha vida pública de professor do ensino médio nos idos de 1974 para lecionar na Escola Estadual de 1º e 2º Graus Doutor Antonio Batista Santiago, pelas mãos de seu Diretor, meu grande amigo Emir Nunes, caboclo que naquela época sonhava Itabaiana tornar-se um celeiro e exemplo de cultura nativa. Cultura do homem da terra para o povo da terra e para o mundo. Para esta grande figura humana minhas homenagens!

Como você, este nosso colega promoveu sem nenhum recurso dos cofres públicos a 1ª Semana de Arte de Itabaiana. Se não me falha a memória, em setembro do ano de 1967. A equipe organizadora do evento era pequena: Emir, eu, Francisco Almeida e Olivinho. Os dois últimos de nossa saudosa memória. Trouxemos para Itabaiana a nata da cultura paraibana: artistas plásticos primitivos, abstratos e de tantas outras tendências da época; grupo de teatro a exemplo do de Areia, então dirigido pelo Doutor Juiz da cidade natal de Pedro Américo e sua esposa, além de poetas de vanguarda da época. No ano seguinte realizamos um evento mais local, com os filhos da terra, por incentivo do nosso Emir Nunes. Neste evento foram mostrados vários trabalhos, a exemplo dos de Margareth do Cartório, Célia Popó, Gláucia e Olivinho. Passaram-se os anos e em 1974, através de meu magistério, por incentivo do nosso Emir, criamos o 1º Grupo Teatral Experimental da Escola Doutor Antonio Santiago, formado por Palhano, David e tantos outros que, resumidamente, consistia em o ator entrar em cena e lá criar o seu próprio texto. Nesse momento, é que me falha a memória se você fez parte deste grupo, haja vista que no ano seguinte, por motivos pessoais, precisei me transferi para exercer o meu magistério em Santa Rita. São estas façanhas acerca do Emir Nunes, economista por formação, e educador por vocação que precisam ser lembradas e talvez, através de sua caneta, melhor contadas.

José Lusmá (Poty)

FOTO – Emir Nunes e o mestre Zaia, artista plástico

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