O amigo Stelo me pede
para fazer apresentação do “Resgatando Zé Limeira”. Ele não disse, mas
desconfio que esse pedido tem por base três motivos: a) pegar carona na fama,
boa ou má, desta Madame; b) aumentar o grau de desfaçatez e despudor do
material; c) achando que sou uma mulher de vida fácil, Stelo quer um prefácio
que seja fácil e que acene com o posfácio. Ou seja, ele quer na frente e atrás.
Esse povo safadinho que escreve safadeza de cantador safado eu conheço de
longe.
Já botando o epílogo
que o cachê foi abaixo da tabela do lupanar, quero crer que Stelo fez um
excelente trabalho sobre a picardia e malandragem de um matuto poeta cantador
bandalheiro das quebradas do sertão.
Termino lendo a mão
da cigana analfabeta cujo vaticínio indica este livro de Stelo como o maior
sucesso de vendas com sintoma de calote, o popular xexo, no mundo editorial
independente. Traduzindo: vai vender muito fiado aos amigos e poucos irão
honrar o compromisso. Mas a volúpia de publicar tal livreto paga a irritação.
Eu, Madame Preciosa, sou uma praticante da arte divinatória da cartomancia.
Interpreto o passado, presente e futuro pela leitura das cartas de jogar.
Desvendando o que está oculto, estudei alquimia com Paulo Coelho, aprendendo a
transformar a matéria fecal em lira turca, moeda que menos vale no planeta, o
que na verdade não vem a ser grande prodígio, mas já demonstra minha capacidade
no desvendar de panaceias mundiais.
Ainda
sobre o livreto de Stelo Queiroga, em virtude dessa Madame Preciosa não ter
muita familiaridade com as letras, na qualidade de analfabeta virtual com muito
orgulho, sem ser uma desprovida mental como certo Capitão Patetão, só posso
dizer que essa obra já pode ser considerada um clássico da limeiridade, a arte
de conhecer e recriar com paixão e sabedoria as “sabenças” do maior poeta irracional
que “a Paraíba criou-lo”. Por não se enquadrar em regras, Zé Limeira foi um
poeta anarquista e aqui eu digo sem medo das academias: poeta que não
transgride é um merda.
Madame Preciosa
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