domingo, 16 de fevereiro de 2020

Madame Preciosa comenta o livreto de Stelo Queiroga



O amigo Stelo me pede para fazer apresentação do “Resgatando Zé Limeira”. Ele não disse, mas desconfio que esse pedido tem por base três motivos: a) pegar carona na fama, boa ou má, desta Madame; b) aumentar o grau de desfaçatez e despudor do material; c) achando que sou uma mulher de vida fácil, Stelo quer um prefácio que seja fácil e que acene com o posfácio. Ou seja, ele quer na frente e atrás. Esse povo safadinho que escreve safadeza de cantador safado eu conheço de longe.

Já botando o epílogo que o cachê foi abaixo da tabela do lupanar, quero crer que Stelo fez um excelente trabalho sobre a picardia e malandragem de um matuto poeta cantador bandalheiro das quebradas do sertão.

Termino lendo a mão da cigana analfabeta cujo vaticínio indica este livro de Stelo como o maior sucesso de vendas com sintoma de calote, o popular xexo, no mundo editorial independente. Traduzindo: vai vender muito fiado aos amigos e poucos irão honrar o compromisso. Mas a volúpia de publicar tal livreto paga a irritação.

Eu, Madame Preciosa, sou uma praticante da arte divinatória da cartomancia. Interpreto o passado, presente e futuro pela leitura das cartas de jogar. Desvendando o que está oculto, estudei alquimia com Paulo Coelho, aprendendo a transformar a matéria fecal em lira turca, moeda que menos vale no planeta, o que na verdade não vem a ser grande prodígio, mas já demonstra minha capacidade no desvendar de panaceias mundiais.

Ainda sobre o livreto de Stelo Queiroga, em virtude dessa Madame Preciosa não ter muita familiaridade com as letras, na qualidade de analfabeta virtual com muito orgulho, sem ser uma desprovida mental como certo Capitão Patetão, só posso dizer que essa obra já pode ser considerada um clássico da limeiridade, a arte de conhecer e recriar com paixão e sabedoria as “sabenças” do maior poeta irracional que “a Paraíba criou-lo”. Por não se enquadrar em regras, Zé Limeira foi um poeta anarquista e aqui eu digo sem medo das academias: poeta que não transgride é um merda.

Madame Preciosa


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