sábado, 22 de agosto de 2009

AINDA SOBRE SIVUCA


AINDA SOBRE SIVUCA

Joacir Avelino


Sobre o seu artigo “Palavra fora de contexto”, gostaria de emitir minha opinião a respeito dos comentários em torno do músico Sivuca. Ele sempre enalteceu o nome de Itabaiana por onde passou. Por causa dele muitos brasileiros passaram a entender que não havia apenas a Itabaiana do Estado de Sergipe, mas também existia uma no Estado da Paraíba. Lembro-me que certa vez, na década de 70, assistia num dia de domingo ao programa Fantástico da Rede Globo, quando de repente surge uma reportagem sobre os músicos brasileiros que mais faziam sucesso no exterior. E eis que aparece Sivuca, com sua fisionomia albina, de barba, já um homem experiente, com sua sanfona, companheira de todos os momentos. A certa altura da entrevista o repórter pergunta de onde ele é. A reposta vem na ponta da língua, sem titubear: “sou de uma cidadezinha do interior da Paraíba, chamada Itabaiana”.
Eu, particularmente, já assisti a vários shows de Sivuca ao vivo, um inclusive muito interessante, aqui em Maceió, onde resido, em que com sua sanfona praticamente regia a orquestra sinfônica da Paraíba, quando de uma apresentação ao ar livre no papódromo, este assim chamado em homenagem ao Papa João Paulo II, quando esteve por aqui. E na ocasião, a certa altura do espetáculo, fez questão de falar da sua origem itabaianense. Da mesma forma que regia a orquestra do seu Estado, fez ver à platéia que outras orquestras do mundo, especialmente na Europa, também tinham esse privilégio, inclusive já estava com viagem marcada para se apresentar diante de uma orquestra na Áustria. Em dezenas de outras entrevistas que assisti, sempre que perguntado sobre sua origem, orgulhosamente Sivuca respondia: sou de Itabaiana, pequena cidade encravada no interior da Paraíba.
Ao ler o seu artigo lembrei-me de um disco em vinil que adquiri na década de oitenta, quando residia em Cuiabá. Era uma “seleção de ouro” do Sivuca, cujo lançamento tinha o selo da extinta Beverly. Dentre as doze músicas escolhidas, duas retratavam Itabaiana no seu âmago: “Feira de Itabaiana” - não confundir com “Feira de Mangaio”, um clássico do autor, além de “Alagamar”. Essa seleção trouxe o que de melhor Sivuca gravou em termos de forró, o verdadeiro ritmo nordestino.
Agora vem essa história de alguém que plantou uma notícia falsa de que Sivuca em algum momento renegou sua origem. É aquela máxima popular: uma notícia mentirosa, repetida várias vezes, às vezes torna-se verdadeira. Essa rede de boataria sempre existiu, principalmente em cidades do interior.
Em vez de estarem plantando mentiras, os boateiros de plantão poderiam reverenciar melhor os filhos de sua terra, porque se não fizerem isso, os outros dificilmente farão. Por que não se fazer uma enquete para se saber se na entrada de Itabaiana caberia uma placa com os dizeres “Itabaiana – terra de Zé da Luz” ou “Itabaiana – terra de Sivuca”? A sugestão foi dada, agora só cabe aos itabaianenses decidirem.

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