domingo, 21 de junho de 2009

Zé Maranhão, o aviador do povão

O governador Zé Maranhão, da capitania da Parahyba, é um homem decidido e instrumentalizado. Aprendeu a voar desde cedo, e em céu de brigadeiro vem sobrevoando as correntes a favor nesses céus límpidos do realismo fantástico político paraibano. É um comandante consumado. Não só pela capacidade de se manter no poder, à frente de sua imensa boiada, como por ser um sujeito confiante nos seus instrumentos de voo. Dizem que o homem conserta avião em pleno voo. Os mais afoitos bajuladores garantem que ele transcorre tão espontâneo no ar que mais parece uma águia de bico afiado e olhos fitos nos alvos móveis e imóveis de sua Paraíba velha de guerra e de safadezas.

Por sinal, esta terra de muro baixo é talvez onde se encontre mais puxa-sacos por metro quadrado nesse imenso Brasilzinho safadinho. A gente nem se toca, às vezes nem se disfarça. Tem um prefeito aí que apresentou a mulher ao governador:

--- É sua esposa? – Perguntou Maranhão.

--- É nossa! – adiantou o prefeitinho, doido pra agradar.

E vai seguindo o cortejo dos babões, personagens deste universo politiqueiro cujo único comprometimento ideológico é com o poder, seja quem for que estiver no leme.

Conta-se uma piadinha acontecida numa cidade perdida nessas quebradas, onde o governador foi inaugurar um bico de luz, uma rampa de acesso que liga o nada a lugar nenhum, ou qualquer dessas obras fuleiras que desafiam a capacidade de cretinice das nossas autoridades. Em meio aos foguetões, tão ao gosto do nosso piloto, um vereador adiantou-se e começou o discurso:

--- Nosso governador, além de ser um mestre de obras, é um verdadeiro Santos Dumont.

No meio da turba ignara, um bebinho por nome Biu Penca Preta lutava para apertar a mão do homem, sem que a turma dos bajuladores deixasse o cara se aproximar do “mestre de obras”. Outro candidato a baba-ovo exclamou, em vibrante discurso:

--- Governador, o senhor é um falcão voador!

O bebinho, impaciente, também queria dizer seu mote, pra ver se arrumava o real da cana, mas ninguém deixava. Outro pateta gritou, para ser ouvido pelo homem:

--- Governador, o senhor é uma verdadeira águia dos ares!

Chegou a vez do bebinho:

--- Governador, o senhor já não é mais um maranhão, é um verdadeiro carai-de-asa!

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