sábado, 28 de julho de 2018

"Laranja romã" foi oficialmente lançada

Eu com a atriz Das Dores Neta no lançamento do livro


No lançamento do meu livro “Laranja romã” eu falei que a obra é da Fundação de Cultura de João Pessoa através do Fundo Municipal de Cultura, que agradeço pela atenção e cortesia de ter escolhido esse meu livrinho pra constar na seleção do edital público de incentivo à cultura na cidade de João Pessoa. A obra foi produzida com dinheiro público e eu repasso de graça, porque já dizia J. Cristo: “De graça recebestes, de graça dai”, tá lá no evangelho de Mateus.

No dia do lançamento, nesta sexta-feira 27, no Centro Cultural Ariano Suassuna, em João Pessoa, eu afirmei que o livro é de Jandira Lucena, que fez a capa e a revisão, parceira em aventuras artísticas há quarenta anos.

Ofereci também o livro à minha vó Joana Cândida da Costa, dona Joaninha, que hoje é nome de rua na cidade de Itabaiana do Norte. Dona Joaninha, minha avó, era analfabeta, mas amava folheto de feira. Toda semana ela mandava comprar um monte de folhetos que eram lidos na calçada, à noite, na Rua Santa Cecília. Reunia os vizinhos, a família, e a gente viajava nas lindezas da literatura de cordel. Eu me alfabetizei lendo folheto, foi minha carta de ABC. Depois que eu aprendi a ler, fui escalado pra ser o ledor dos folhetos. Aí eu já me animava até em efeitos especiais. Nas histórias de cangaceiro, por exemplo, eu dava até uns tiros.. pá...pá...pá... e coisa e tal... Virei amante da literatura de cordel. Eu menino já pensava: um dia vou escrever meus próprios folhetos. De lá pra cá já escrevi uns 500.

Este livro, que é o terceiro de poemas que botei no mundo, eu também quero que seja do meu pai Arnaud Costa, já falecido. Meu pai era operário autodidata, lia muito, escrevia crônicas, poesia. Quando eu tinha uns 10 anos ele me deu um livro pra ler. Lembro que a primeira palavra do livro era “merda”. Aí eu fiquei confuso, meio assombrado. “Pai, que danado de livro é esse que já começa com palavrão?” Aí meu pai disse: “Merda é uma palavra como outra qualquer, eu sei que você inclusive fala muito essa palavrinha e leva tapa na boca quando sua mãe ouve”. Ele explicou sobre o poder da palavra escrita. Escrever te vira ao avesso. E ler mais ainda. Aprendi que o texto tem a força de revelar nossa miopia ideológica e nossa censuras conceituais. O fato é que aquele livro de contos, que nem lembro o autor, foi que despertou em mim o desejo de escrever contos. Passei a vida toda tentando, nunca escrevi um conto que prestasse. Até produzi em mimeógrafo um livro de contos que depois queimei, com medo de morrer e alguém encontrar aquele material imprestável e manchar meu bom nome.

Depois mudei a cabeça pra poesia. Confesso que achei mais fácil escrever as marolas do meu pensamento pela via poética. É só arrumar umas palavrinhas, montar com ritmo o jogo de palavras, articular com certa dinâmica uma pré-ideia que o leitor inteligente vai e completa, e refaz, e até ultrapassa as articulações mentais do autor.

Nesse lançamento eu tive a satisfação de contar com minha amiga a atriz Das Dores Neta e seu marido Carlos, que vieram de Itabaiana especialmente pra cantar a música Pátria Armada, que é um poema meu musicado pelo meu comparsa de rádio comunitária e poeta Hugo Tavares, paraibano radicado no Rio Grande do Norte e faleceu há uns cinco anos. Obrigado, Das Dores Neta, pela consideração, pela lealdade, pela perseverança na arte, com nosso Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana, comemorando 42 anos de fundação.

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