domingo, 9 de julho de 2017

POEMA DO DOMINGO


CENA FINAL

Moribundo
reviverei nossas vidas
num segundo

Fotograma desconexo
cenas de insensatez
e de bom sexo.

Um frágil rolo
de fita virgem
de desconsolo.

* * *

Terror em vão
o grito de desespero
do pavão.


* * *
ALDRAVIA II

Hora
do
rush
não
empurre
puxe

* * *

No limiar da independência
espero a morte
com paciência

* * *

SEM PALAVRAS

Falha de comportamento
quanto mais minto
menos invento

* * *

Neste impreciso momento
quero explicar o mundo
sem argumento

* * *

Me sinto superior
não escrevo livros
sou leitor

* * *

Sem consideração
teu sangue bombeia
meu coração

* * *

Cheio de ódio
o copo abriga
açúcar e sódio

* * *

UM MINUTO PARA OS COMERCIAIS

Com água ou com soda
beber uísque Drurys
é foda

* * *
ALDRAVIA III

Verão
existe
subalterno
para
justificar
inverno

* * *

Silêncio pesado
inimigos e mudos
lado a lado

* * *

Como hospedeiro
agiota duplica
germe dinheiro

* * *

Não sou muito versado
no exercício do verso
enversalhado

* * *

BOLSONARIANAMENTE

Como um soldado hostil
nos remete para a puta
que o pariu.

Soldadinho de corda
siga o fascista
e sua horda.

* * *

ALDRAVIA IV

Povo
burguesia
um
fede
outro
procria

* * *

VIRGEM

Era uma bunda bonita
sem que jamais tenham visto
a cor da chita

* * *

PICHE DE MURO

CORROMPIDA OFENDIDA
HUMILHADA FODIDA
NAÇÃO MULHER DA VIDA

* * *

PARA PEDRO FAZENDEIRO

Em sua passagem pela terra
Aprendeu que o bom cabrito
É o que mais berra

* * *

INQUISIDORES E CONFESSORES

Mysterium fidei
um deus sacramentou
o crime e a lei.

O deus da salsa ardente
Despeja seu fogo inócuo
Na bunda do crente.

Finalmente virou pó
o esqueleto infiel
da mulher de Ló.
Concílio de Trento
se não há inferno
eu invento.

Condenado à fogueira
o inferno Nagasaki
rompeu fronteira.

Minha fé escassa
se dilui
entre essa massa.

Tempos imemoriais
quando o diabo
era rapaz.

Mistérios da fé
para remir os pecados
tomo café.

* * *

MANIFESTO

Destruída a casta
das autoridades
o povo se basta?

* * *

Fruta nação
com leve cheiro
de podridão.

* * *

Com a morte do aparelho
paciente descansa
por inteiro.

F. Mozart




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