domingo, 12 de novembro de 2017

POEMA DO DOMINGO

Gravura de Mailson Rodrigues

A verdadeira história das pedras de Ingá - PARTE I


Um dos maiores mistérios
Do mundo misterioso
O lajedo de Ingá
Em lugar muito formoso
Na beirada de um riacho
Pertencente a um cabra macho
Que o povo chama Vavá.

Eu já estive por lá
Estudando a profecia
Daquela pedra famosa
Onde de noite e de dia
O povo reza contrito
Em louvor do monolito
De fama conceituosa.

Palavrado em verso e prosa
O lajedo é estudado
Por doutor em ocultismo
E até cabra safado
Metido a saber de tudo
Porém, sem ter muito estudo,
É mestre em cabotinismo.

Disfarçando seu cinismo,
O doutor Fábio Mozart
Começou o seu estudo
No lajedo do Ingá
Tendo como assessor
O perito professor,
Cabra que sabe de tudo

Da vida, e sobretudo
Do tema “pouca vergonha”,
Vavá da Luz é seu nome
Famoso pela peçonha
Que destila feito cobra.
Na caçada se desdobra,
Mata a cobra e depois come.

Com a luz desse bom homem
O rei da Itacoatiara
Comecei a estudar
Aquela pedra tão rara
De cuja história oculta
Muita gente se exulta
Querendo até explicar

Que a pedra do Ingá
Foi feita pelo ET
Vindo do planeta Marte
E nesse “teretetê”
Dessas falsas teorias
Decorreram muitos dias
No Ingá do Bacamarte

Levantando o estandarte
De deuses da antiguidade
Que aqui teriam pousado
Por pura necessidade
De acampar em clima ameno
Em pedregoso terreno
Bom pra escrever um tratado.

E foi nesse lajeado
Que o misterioso povo
Começou a escavar
Em saliente corcovo
A sua divinação
Deixando sem tradução
A mensagem milenar.

Até no sítio chegar
Um doutor, grande perito
Estudioso do tema,
Versado muito em “priquito”
E outras sem-vergonhezas
Entendeu as naturezas
Do que estava escrito.

A descoberta eu debito
Ao mestre Vavá da Luz
Que, com ciência, explica:
“o assunto me seduz
Pois é claro, se deduz,
o tema da pedra é pica.”

O que não desqualifica
A mensagem milenar
Pois isso é o eixo do mundo
Ciência de acasalar
Desde que o homem surgiu
Com a mulher descobriu
A arte de furunfar.

No lajedo de Ingá
As gravuras são picantes
Sobre o amor e desejo
Uma carta de bacantes
Em suruba milenar,
Segredos de lupanar,
Dionisíaco traquejo.

E é assim que eu vejo,
Um tratado sexual
Do povo da antiguidade
Pois no tempo era normal
Se estudar esse assunto
Em conteúdo conjunto
Com a temática geral

Porque o nosso ancestral
Não conhecia o tabu
Sobre sexualidade,
Mandavam tomar no cu
Todo falso moralista
Fela da puta purista
Sem muita capacidade

Que viesse com maldade
Dizer que aquilo era feio,
Que o sexo era do diabo.
Não tinham nenhum bloqueio
Para a libertinagem,
Essa tremenda viagem
Entre a vagina e o rabo.

Então, por fim e ao cabo
O sexo na pré-história
Era alavanca do mundo
Jamais sendo atentatória
Aos costumes e moral
Promiscuidade geral
Em universo fecundo.

Aponta estudo profundo
De fina arqueologia:
Noção de propriedade
Do sexo é coisa tardia.
Sexo não tinha preceito,
O desejo era conceito
Em integral liberdade.

Tinham parceiro à vontade
As mulheres dessa era
Em orgasmos variados
Não escolhiam paquera,
Ta tudo escrito na laje
Não era nenhum ultraje
Amantes associados.

Homens meio aperreados
Sem parceiras pra transar
Transavam com animais
Em um coito singular.
Arte rupestre indica:
Facilitou, tome pica!
Assim eram os ancestrais! 

F. Mozart

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