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domingo, 31 de agosto de 2014

POEMA DO DOMINGO


PELEJA DE SANDER LEE COM FÁBIO MOZART NA FEIRA DE ITABAIANA



Atendendo convite do confrade Fabio Mozart, estamos, ele e eu, escrevendo uns causos (verdadeiros ou ficcionais) sobre a famosa feira de Itabaiana, que inspirou o Poeta Sivuca a compor Feira de Mangaio em plena New York.

Confesso que fui apaixonado pelo antigo mercado, não obstante ter ficado feliz com a construção do novo, por Josué Dias de Oliveira, em cuja inauguração, em 1972, eu tomei o primeiro pifão da minha vida, com 12 anos, e levei uma pisa de mamãe! hehehehehehe

Assim, nestas décimas, prestei uma homenagem a alguns comerciantes e outras personagens da época, enquanto sentia o cheiro da galinha de capoeira com inhame que as barracas serviam aos seus clientes, na Feira do Bacurau.

PELEJA NA FEIRA

Lá no antigo mercado
Zé comia na barraca
Para matar a ressaca
E Saturnino, abastado,
Tomava cana com ‘gado’
E caldinho de feijão
Crepitava o tição
Num velho fogão lareira
Em Itabaiana, que a feira
É a maior da região

A Dona Laura, da venda,
Que é a mãe de Neizinha
Vende a melhor farinha
Rapadura pra merenda
Um bom queijo de fazenda
Milho, tempero, agrião
A minha satisfação:
Caldo de cana caiana
Que a feira de Itabaiana
É a maior da região

Pedro da mercearia
Tem grande variedade
E tudo que é novidade
Ele traz com alegria
A Dona Amélia sorria
Vendendo mel e sabão
Manoel Sebastião
Um matuto de primeira
Em Itabaiana, que a feira
É a maior da região

Zé Cobal sagaz despista
Do severo olhar do pai
E se escondendo vai
Na velha ‘Loja Paulista’
Arnaud, o grande cronista
Não perde a ocasião
De ouvir um bom baião
Comprando uma porcelana
Que a feira de Itabaiana
É a maior da região

O Nelson Mamão Furado
Examinando o leite
Nega logo o seu aceite
A quem tem adulterado
Chama Batalhão, soldado,
Pra resolver a questão
Derrama o leite no chão
Perto da mulher rendeira
Em Itabaiana, que a feira
É a maior da região

Em Tonha, fina modista
A juventude vestia
Para lá também eu ia
Consultar a estilista
Vestir-me feito um artista
Era uma sensação
Boca de sino, blusão
E uma fala urbana
Que a feira de Itabaiana
É a maior da região

O pai de Damião Ramos
Era modista também
Ali sem comprava bem
A lembrança conservamos
Que algum dinheiro juntamos
Compramos com emoção
De veludo um macacão
Lá na Loja “A Barateira”,
Em Itabaiana, que a feira
É a maior da região

Sander Lee


sábado, 30 de agosto de 2014



Videasta do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar divulga cinema alternativo em Portugal


Com uma história portuguesa, com certeza, o videasta alternativo Jacinto Moreno divulga essa semana sua última produção, Cova da Iria, no Festival de Curtas-Metragens de Faro (Farcume), edição de 2014. O evento, que se encerra amanhã, ocorre nas instalações da Escola de Hotelaria e Turismo.

Com 18 minutos, o curta de ficção aborda as aparições de Nossa Senhora de Fátima a três crianças, na cidade de Fátima, em Portugal, no ano de 1917. Todas as gravações aconteceram na Paraíba, nas Igrejas da Misericórdia, Igreja do Convento de São Bento, Fazenda N. S. do Pilar, Santa Rita e Várzea Nova. O filme já foi apresentado na 6ª edição do Festival de Cinema Português (Cineport).

“Agradeço à equipe de técnicos e atores que participaram do filme, o qual é uma versão curta do meu longa metragem “Aparição”, afirmou Jacinto, que faz sua estreia para a plateia cinéfila europeia. Moreno tem divulgado alguns momentos da viagem em seu perfil pelo Facebook.

O videasta concedeu entrevista para alguns veículos da imprensa portuguesa, expondo inclusive as dificuldades de se fazer cinema experimental sem apoio das instituições brasileiras. 

Jacinto Moreno faz parte do núcleo de audiovisual do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, de Itabaiana, onde produziu os curtas “Boi de menino” e “Feminino plural”, além de ter assistido à direção do filme/poema “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”, de Marcos Veloso. 

(Direto do Sanhauá/Dalmo Oliveira)

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

MINISTRA DA CULTURA DIZ QUE PONTOS DE CULTURA DEVEM CAMINHAR COM SEUS PRÓPRIOS PÉS


É hora de avaliação, auto critica e mudança de rumos no MinC.
A Ministra da Cultura Marta Suplicy demonstra mais uma vez que não entende nada do Programa Cultura Viva. Quando ela falou, ontem,em Brasília no ato inicial do processo de regulamentação da Lei Cultura Viva, expõe a seguinte tese:
Que um Ponto de Cultura para dar certo mesmo, ser de verdade, ele tem que ser chancela do Estado e voar com as próprias pernas. Isso quer dizer: sem financiamento do Estado. E, ainda, que agora as Incubadoras Criativas feitas juntas com o Sistema S, vão dar estas condições para se profissionalizarem e se tornarem sustentáveis.
Isto é de uma incompetência, um descaso intelectual e uma reafirmação da euro arrogância da Ministra, que não podemos mais aceitar! É muito relaxo politico da nossa parte escutar isso do governo federal e ficarmos passíveis; quietos!
Então aqui vai, Ministra, alguns pontos sobre gestão pública, cultura e economia:
- Não são os Pontos de Cultura que precisam do Estado é o Estado que precisa dos Pontos de Cultura.
- O Sistema S opera 14 bilhões de recursos públicos em renúncia fiscal na fonte. Dez vezes mais que seus sócios e proprietários da Lei Rouanet. Pergunta se eles querem "voar com as próprias pernas" . Aproveite e pergunte aos Bancos; ao Agronegócio e à Midia Comercial se eles querem "voar com as próprias pernas" sem recursos do Estado!
- Aplique esta sua formula em sua própria gestão que diminui em 600 % o orçamento do Ministério.
- Pegue todas as ações que um Ponto de Cultura faz e peça para um técnico dizer quanto custaria para o Ministério.
- Veja a sustentabilidade de lastro cultural,social, afetivo, territorial que um ponto de Cultura tem e compare com qualquer aparelho cultural do MinC e Sistema S. E claro compare os números.
Ministra, o tempo foi dado, seguramos as críticas externas, sugerimos ou tentamos, melhor dizendo dialogar com você. Mas o fato é que o Programa Cultura Viva foi desidratado financeiramente e conceitualmente. É hora de avaliação, auto crítica e mudança de rumos no MinC.
Marcelo das Histórias
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Celio Turino, fez uma revolução pacífica, amorosa e transformadora no MinC a frente dos programas que apoiaram a implantação e manutenção dos pontos de cultura, atualmente tudo parado, uma burocratização absurda e excessiva, a questão das prestações de contas que a atual gestão só dificulta, prejudicando atividades, interferindo na continuidade de ações, etc. Lamentável tudo isso. Os pontos de cultura e seus representantes tratados sem nenhuma atenção e vontade de buscar soluções para suas dificuldades. – Fábio Viana


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Ciço Filho manda recado


“Fábio Mozart, vulto sagrado das artes paraibanas. Paixão incondicional por nossa cultura. De sangue no olho e bala na língua. Verve fácil, humor fino, súbito e impetuoso. Criador e produtor intrépido e visceral. Ativista e militante de longa e fecunda jornada no front em defesa dos nossos bens culturais. Honrado por certo com vossa manifestação, ó mestre. Autocrítico o bastante para reconhecer humildemente, que não chego aos teus pés, e para defensor do nosso patrimônio artístico cultural, o Deputado é você.

 

Sou um paraibano de alma tripa e coração e meu compromisso com a defesa das nossas tradições não se resume ou encerra-se em eleições. Bem sabes que não será fácil, primeiro ser escolhido pelo povo e depois buscar produzir políticas para o apoio efetivo à produção e preservação do nosso acervo material e imaterial. Vamos precisar de toda gente do meio para cobrar e avançar.

 

Gratidão plena por tão honroso prestígio. Confesso inesperado devido minha rejeição no meio intelectual. Sou mais de sentir que de expressar-me, tá escrito.”

 

Ciço Filho (Candidato a deputado estadual)

 

 

Seu Ciço, obrigado. Não mereço os confetes, mas devolvo as serpentinas.


 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Nota de pesar pela morte do meu colega Damião Paulino

Faleceu hoje pela madrugada em Itabaiana o meu colega ferroviário Damião Paulino. A família ferroviária está de luto. Damião era rádio telegrafista da antiga Rede Ferroviária Federal S/A. Nasceu em Cobé, Cruz do Espírito Santo, onde começou sua carreira na estação de Paula Cavalcanti, o famoso Entroncamento onde também trabalhei por muitos anos.


Damião vinha sofrendo há muito tempo. Descansou. Manifestamos nosso pesar à família do nosso “Domero”, como a gente o chamava. Uma pessoa decente, cordata e muito humana. Quando bebia, costumava fazer feiras para distribuir com pessoas pobres da vizinhança. Dizem que quando se bebe, aparece a verdadeira identidade da pessoa. Damião mostrava sua personalidade humanitária e fraterna.

Damião é pai do artista plástico Lucas Paulino.
Valeu ter conhecido e convivido com uma pessoa iluminada. Até breve, compadre Domero!


Mulheres combatendo o bom combate

Wanessa Costa (direita) na militância política

Conheci Wanessa Costa nas reuniões do Fórum Metropolitano de Comunicação Comunitária. A gente se reunia semanalmente no Sebo Cultural para tentar organizar o movimento de rádios livres e comunitárias em João Pessoa, no começo do século XXI. Ela representava a Rádio Comunitária Voz Popular de São Rafael, uma comunidade no Conjunto Castelo Branco. Garota forte na tarefa de dar voz ao seu povo, aos vizinhos e amigos em uma comunidade cheia de problemas sociais. Depois, criaram um banco comunitário, fizeram projetos de música para crianças, geração de emprego e renda, tantas pequenas grandes coisas que a turma fez ali na intenção de mudar o mundo. Até um Ponto de Cultura foi montado pela rádio. Mudou um pouco a fisionomia de sua comunidade, em atos públicos e notórios de cidadania a partir de uma pequena estação de rádio.

Voltei a ver Wanessa semana passada, no aniversário da Rádio Voz Popular. Estava com visual diferente, cabelos curtos, mais magrinha. “Por que você desapareceu do Facebook?”, perguntei. Ela explicou que foi expulsa da rede social porque brigou com um cara da comunidade, inimigo dos projetos da rádio. A briga foi feia, ela botando os podres do sujeito pra fora, ele esculhambando geral, tanto que o Facebook achou por bem dar cartão vermelho para os dois. “Estou respondendo a processo por danos morais”, disse Wanessa.

Essa radical xiita do movimento de rádios comunitárias vota em Dilma, diz que é radicalmente a favor do Brasil comandado por uma mulher forte. Não quer saber se Dilma não fez avançar um milímetro a causa da democratização das comunicações. Ela acha que a culpa é do próprio movimento que não se organiza melhor para pressionar o Congresso, assustar o monopólio e ocupar os espaços na mídia. Continuamos com o velho hábito de falar mal do Governo, sem levantar da cadeira para fazer as coisas acontecerem.

Wanessa hoje está mais sábia e equilibrada. É uma das mulheres para quem eu dediquei meu documentário “Feminino plural”. Pena que as cenas gravadas na sua comunidade foram perdidas porque meu cinegrafista Jacinto Moreno assustou-se com uns zé ruelas do lugar, pensou que eram traficantes a fim de expulsar os estranhos no ninho e esqueceu de ligar o áudio da câmera. Um momento de babaquismo do meu compadre Moreno que custou a saída de Wanessa do meu filme. Outras mulheres, entretanto, estão lá com seus depoimentos sobre a emoção feminina em lutar por direitos, incluindo o de se comunicar.



terça-feira, 26 de agosto de 2014

Eu sou um fenômeno!

A profissão de jornalista é uma arte, uma atividade intelectual que não deve ser restrita a um diploma. Este foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal que derrubou no Brasil a necessidade de diploma para o exercício jornalístico ao julgar a inconstitucionalidade do Decreto-Lei nº 972/69, da época dos militares.

A obrigatoriedade do diploma para exercer jornalismo foi imposição da Ditadura Militar, na ânsia de controlar o pensamento da Nação. Escrever é uma arte, assim como informar, investigar, divulgar e opinar, independente de diploma.
Eu sou jornalista desde 1970, portanto faz 44 anos que mexo com informação. Naquele ano, editei meu primeiro jornal, o “Jornal Alvorada”.

Atualmente, atualizo quatro blogs na internet diariamente: um de notícias gerais da região de Itabaiana, um com temática de comunicação comunitária, outro do Ponto de Cultura e este, minha Toca do Leão. Uma pena e uma lástima que o Sindicato dos Jornalistas da Paraíba não me quis nos seus quadros porque não tenho diploma. Sinto muito por eles, que deixam de contar como associado o jornalista mais maluco do pedaço. Sim, porque eu me considero um fenômeno. Eu sou um camarada que provoco o fato e depois divulgo em forma de notícia. Tem aquele jornalista do “Jornal do Poste”, parece que é de Minas, que todo dia redigia seu jornal e colava nos postes da cidade. Quando não havia nenhum fato jornalisticamente interessante, ele criava, isso é, ele mesmo era a notícia ou provocava uma ação que merecesse manchete.

Com essa tal de rede social, fica fácil pegar entrevistas, filtrar boatos e montar notícias frescas, conteúdos originais que só você tem. Ainda mais numa região onde o fazer jornalístico ainda é incipiente, a turma apenas copia e cola ou redige notinhas toscas repletas de erros e jornalisticamente capengas. Não tem nem como copiar dos colegas, que eles já copiam de outras fontes.

Isso de me considerar fenômeno é pura cretinice sob controle, que eu tenho aquele tal de simancol e autocrítica. Mas, sou mesmo uma atípica criatura desse ofício de escrever que ainda o faço por puro prazer. Não careço de diploma para gostar do meu ofício, que sou amador desde sempre. Amador é quem ama o que faz, independente de pagamento pecuniário.


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

No centenário do coreto, que tal pensar na sua conservação?

O coreto, tendo ao fundo casarões também centenários que já forma demolidos


O coreto de Itabaiana completou cem anos. É uma peça única na Paraíba. Não existe outro equipamento desse tipo em nosso Estado, por isso, e porque é o símbolo maior de Itabaiana, mereceria maior atenção dos administradores do Município. O maior golpe contra o coreto foi desferido pelo ex-prefeito Aglair da Silva que mandou desfigurar a praça do entorno para construir esse monstrengo que chamam de rodoviária.  Da mesma forma, qualquer prefeito maluco e sem noção pode muito bem mandar demolir o coreto pra fazer, por exemplo um mictório público, a exemplo da ex-prefeita Dida Moreira que ergueu um sanitário no meio da ex-belíssima praça 24 de Maio, no centro da cidade.

O maior presente que daríamos ao coreto centenário e à cidade seria uma legislação de proteção ao nosso patrimônio público. Nos termos do art.32 da Constituição Federal, os Municípios juntamente com a União, Estados e o Distrito Federal têm competência comum para, entre outras, proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos. Porém, a proteção ao patrimônio cultural não deve ficar apenas nas iniciativas do Poder Público, cabendo às comunidades e a sociedade como um todo o dever de colaborar com este processo, aliás como previsto no § 1º, do art.216, CF. Pensando nisso, o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar preparou projeto de lei que está para ser encaminhado à Câmara pelo nosso associado, vereador Semeão Rodrigues.

O patrimônio cultural de uma comunidade é importantíssimo para a sua própria sobrevivência, de forma que deve ser protegido primordialmente por seus cidadãos e pelos Municípios. É uma questão fundamental para a qualidade de vida de nossa população.

O coreto tem um porão onde poderia ser instalada uma organização não governamental para dar vida ao ambiente, promovendo eventos culturais no próprio coreto e na praça, como por exemplo o próprio Ponto de Cultura Cantiga de Ninar que não tem sede própria. É uma ideia que esperamos tenha guarida nos setores competentes do Município. 

domingo, 24 de agosto de 2014

POEMA DO DOMINGO


PELEJA DE SANDER LEE COM FÁBIO MOZART NA FEIRA DE ITABAIANA

II

Eu vi no meio da feira
Meu compadre Gilberlan,
Um cabra de quem sou fã,
Um caboclo de primeira
Aparando a cabeleira
Do batuqueiro Davi,
Marido de Sueli,
A professora de dança,
Mulher de perseverança
Pelo folclore daqui.

Vi Joca da Juventude
Com Lourenço do Jorná
Num tremendo bafafá
De grande magnitude
Cobrando certa atitude
Do prefeito “Meu querido”
Em um tremendo alarido
Por causa de uma fatura
Não paga na Prefeitura
Referente a pão dormido.

Vi caboclo alienado
Sendo discípulo e devoto,
Confiando, além do voto,
O seu pensar amestrado,
Como cativo e soldado
De político venal,
Trocando um quilo de sal
Pelo voto mercenário.
Esse povo salafrário
É raiz do nosso mal.

Na feira de Itabaiana
Avistei Zé Cu de Taba
Derramando aquela baba,
Enchendo as tripas de cana.
Zé Carniça se abana
Com abanador de palha
Adquirido na tralha
Desse Lula do Mangáio,
Vereador que é raio
Na rapidez da batalha

Porque ele nunca falha
Em ajudar a pobreza.
Encontrei João Pé de Mesa,
Afiando uma navalha
Pra cortar bucho canalha
Que com ele se meter.
Vi um poeta beber
Cachaça lá em Ponei
Arripunando da lei,
Sofrendo sem merecer.

Esse poeta altaneiro
Atende por Eliel,
Faz poesia a granel
De assunto corriqueiro,
De saudade anda cabreiro
Com banzo de sua terra.
O bom cabrito não berra
Mas canta verso afinado.
O poeta é um danado
E sua língua não emperra.

Benedito da Maloca
Mais Beto da União
Com Moacir do Caixão
Eu vi na feira de troca
Com a bexiga taboca
No comércio de cigano.
Avistei Beto Palhano
Tomando mel de tubiba,
Rua abaixo, rua arriba,
Com fardado e com paisano.

F. Mozart 











sábado, 23 de agosto de 2014

Ai, quem me dera um voto de repúdio!


Desprezado Fábio Mozart:

Quando entra a gosto, Madame Preciosa pira! E quando entra agosto, com a força de três tsumamis e de quatro administrações Dida da Silva, mais três de “Meu querido” e uma de Babá, pra acabar de acabar com o restim da Rainha, eu escrevo daqui para protestar contra tamanha maldade que fizeram com você aí na terra que não lhe viu nascer, mas onde sua cabecinha de retardado disparou as primeiras cagadas mentais. Hoje, já velho e caquético, você leva uma desconsideração dessa, que é o voto de desaprovação do seu livrinho pela Câmara Municipal, desconsiderando seu estado mental de portador de alzeheimer, Parkinson, hemorroidas e unha encravada, sem falar no pau mole e arroto azedo.

Clama aos céus tamanha injustiça dos vereadores, porque você merecia mesmo era voto de repúdio! Reza a lêndea que uma figura daninha como vossa mercê, no caso um tal de Bione, lá do Recife de becos e pontas, recebeu um voto de repúdio da Câmara local e até hoje arrota grandeza. Diz o tal Bione, editor de um pasquim chamado “Papa figo”, que não tem glória maior do que levar nas costas um voto de repúdio de vereador. É algo assim como ser considerado persona non grata pelo diabo e seus sete mil diabinhos. Em verdade, em verdade, vos digo: um cara velho de gréia igual a esse Mozart merecia esse momento de glória, esse voto de repúdio total e absoluto da vereança. Mas porém, muito pelo contrário, só botaram terra na merda de livro que ninguém leu, mesmo considerado o alto nível de analfabetismo. Se estás mais por baixo do que cu de cobra nas hostes vereançais, deves se dar por feliz.

Para um momento total de Glória Maria, o que eu desejo é que a Câmara dê teu nome para uma rua no baixo meretrício. Mas, nem tudo está fudido. Chegará o momento em que terás reconhecia tua patente de escrevinhador sem futuro, com uma rua batizada com teu nome pelas autoridades incompetentes, no olho do cabaré. E depois, aprovação por unanimidade de voto de repúdio, com direito a discurso dos mais altos coturnos do nosso submundo político e social, fechando o firo com fala de Ameba, eterno candidato a vereador e a corno, entregando simbolicamente a chave da cidade ao homenageado e surrupiando a chave do cofre da prefeitura.

Para abrilhantar ainda mais a festança, aparece Madame Preciosa que não podia perder um evento de tamanha envergadura, que a cartomante só gosta de coisa grande. O prefeito aproveita a remandiola para inaugurar um fiteiro, um puteiro e dois batentes de casa suspeita. No seu discurso, o licurgo (que porra é isso?) finaliza obrando: “é um grande prazer venéreo inaugurar essa via situada numa zona que tantas alegrias e blenorragia nos deu”.

Com meu insincero voto de pesar pelo teu azar,


Maciel Caju

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Grupo de teatro comemora 38 anos e promove leitura de texto

 
Cena de "Banquete final", do GETI, original de Fábio Mozart
O Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana – GETI, completa 38 anos de trajetória neste 22 de agosto de 2014 e promove leitura dramática em sua sede, na rua Coronel Firmino Rodrigues, 107, em Itabaiana, onde funciona o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.
O grupo estreou no palco do Itabaiana Clube em 22 de agosto de 1976, com a peça “A peleja de Lampião com o Capeta”, original de Fábio Mozart, com Beto Palhano, Idalmo da Silva, Ecílio, Tânia e Bete Rodrigues, além de Osório Cândido. O espetáculo foi apresentado para marcar o dia do folclore.
Nestes 38 anos, o grupo luta para ter seu próprio espaço. “As dificuldades são grandes”, admite Edglês Gonçalves, um dos integrantes do elenco atual. “A gente vai ter que sair do atual prédio onde temos nossa sede, o dono pediu o imóvel que é alugado”, lastima. 

Susto do poeta na porta do cabaré de Topada

A turma na barraca de Ponei, tomando água que passarinho não bebe nem recomenda


UM POETA MENOR

Disseram que eu sou poeta,
Amante da poesia,
Um rimador e esteta
Perfeito nessa porfia.

Porém, ao ler esses versos
Do grande Fábio Mozart
De ritmados processos
E de rima singular,

Pensei: sou meio poeta
Das liras de Itabaiana,
Ou, na verdade, um pateta
Que com versalhada engana.

Mas, seja lá como for,
Na limitação da lida,
Eu canto com muito amor
Itabaiana querida.

Eliel José Francisco


Esse poema de Eliel José Francisco está numa velha pasta com mais de 200 poesias do meu compadre itabaianense, que atualmente mora em Paulista, Pernambuco. Eliel escreve sobre sua terra natal todos os dias, em papel almaço, com lápis tinta. Não sabe datilografar nem digitar no computador. É mestre em inglês, idioma que aprendeu quando menino em Itabaiana. Filho de família pobre, apaixonou-se- pela língua do Tio San, passou a vida ensinando. Hoje, aposentado, leva o tempo a lembrar seus tempos de rapaz, quando tomava banho no rio Paraíba cheio, descendo na correnteza.

Nunca mais Eliel mandou seus poemas pelo correio. Faz tempo que não vejo meu amigo, o garoto prodígio que quando estava no formato espermatozoide, na hora de ganhar a corrida para o útero de sua mãe, gritou:

--- Quem vier atrás que feche a porteira, que eu vou cair na bagaceira!

Isso ele berrou em língua de gringo. Já naqueles prematuros momentos, o cabra soletrava um inglês de dar inveja a William Shakespeare.


Eliel gosta de tomar cachaça com tripa assada na barraca de Ponei. Sem o cabaré, a cana e o rio, o poeta não existiria. Outro dia, já neurótico por conta de meia garrafa de Matuta, Eliel aliviou suas perturbações mentais escrevendo esse singelo poema sobre uma cachaça mal tomada:

Chegando em Itabaiana,
Numa festa de São João,
Enchi a cara de cana
E fiquei meio doidão.

E pra agravar a desgraça
Eu corri pra Gruta Azul
Beber mais uma cachaça
Ai, eu tomei no quengo...

Porque, desorientado,
Fui parar no cabaré.
Peguei ali um veado
Pensando que era mulher.

Eu o chamei de princesa.
De rainha e coisa e tal,
Mas peguei num pé de mesa
Que era um tremendo pau.

De medo fiquei inchado
Igualmente um cururu
Pensando que o veado
Ia botar pra valer...

Então para me livrar
De uma baita lambedeira,
Eu saí feito um preá
Desgraçado na carreira.

E desse dia pra cá
Posso estar cheio de mé
Mas nunca mais vou passar
Na porta de um cabaré.




quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Meu livro foi reprovado na Câmara dos Vereadores de Itabaiana




Vereador Gugu Xavier, filho do meu ilustre poeta repentista Zé Xavier de Mari: um seu colega de Itabaiana enviou projeto para a Câmara, para adotar meu livro “História de Itabaiana em versos” nas escolas públicas do Município, mas a proposição foi reprovada porque consideram que o projeto implicaria em despesas para a Prefeitura. Vereador não pode fazer lei onerosa. E ainda reclamam quando nossos parlamentares só votam nomes de ruas e títulos de cidadãos. Sem gastar dinheiro, só apertar mão e sorrir. Mas, a questão é: por que, em Mari, projeto semelhante foi aprovado e a lei está em vigor? Eu acho que teve uma certa má vontade dos vereadores de minha cidade.
Não entendo de leis, mas compreendo a realidade que me cerca. Sei que o livro é importante para a educação da juventude itabaianense. Que o diga o professor Luiz Antonio Silva, da Escola Municipal Antonio Santiago, que já utiliza o livro em sala de aula. “É uma leitura lúdica, agradável de se ler porque em versos de cordel, ideal para passar aos estudantes as informações básicas de nossa comunidade, como se formou, seus grandes líderes, sua cultura e tudo o mais”, disse Luiz. Ele aproveitou para me convidar para um evento folclórico na escola, nessa segunda-feira, dia 25 de agosto. Na semana do folclore, eles estudam nossas manifestações culturais de raiz, e estão todas lá no meu livro: o boi de reis, a ciranda, a lapinha, o carnaval e tudo o mais.
O professor Luiz Antonio lastima que sua escola não tenha biblioteca e os alunos não tenham acesso aos livros fundamentais para seu crescimento enquanto cidadãos e cidadãs.  O vereador Júnior Pacheco chegou a dizer que a educação na terra de Abelardo Jurema “nem a maquiagem esconde a verdade: uma catástrofe”. Segundo Pacheco, o prefeito mandou demolir a creche de Campo Grande e as demais estão fechadas.
No currículo de todo prefeito que se preze não pode ter essa mancha, de fechar creche e deixar à míngua a educação de sua juventude. Cometa esse crime não, prefeito Antonio Carlos Melo Júnior! Mas, não é culpa só do prefeito que ele ande tão desacreditado com sua gestão medíocre. Todo morador que votou nele deveria ter o dever de cobrar, ajudar no aprimoramento dos mecanismos de administração, acompanhar os vereadores no seu trabalho de fiscalização.
O prefeito Antonio está agora com filhos de poucos meses, o que deve mudar sua perspectiva de vida, porque todo pai novato tem isso de se renovar enquanto ser humano. Com a notável popularidade que o caracteriza, ele pode muito bem reverter o quadro administrativo, dar a volta por cima e começar realmente a gerenciar sua cidade pensando nas futuras gerações, onde seus recém nascidos estarão incluídos. Assim espero, embora sem aquela famosa fé do tamanho de um grão de mostarda.