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quarta-feira, 23 de março de 2022

segunda-feira, 21 de março de 2022

LIVRO QUASE DE GRAÇA NO DIA DA POESIA

No dia da poesia, ofereço este livro de haikai pelo preço simbólico de R$ 5,00 para despesas de correio. Deixe seu endereço no privado ou pelo email: mozartpe@gmail.com



domingo, 20 de março de 2022

sexta-feira, 18 de março de 2022

Briga de foice no escuro no terreiro dos galegos

 


A guerra entre Rússia e Ucrânia repercute até no alpendre da casa de Zé Barata, influence com bastante influência na produção de conteúdos na rede de arrasto da galhofa, diretamente de sua rede de dormir tipo Xingu, com massageador vibroterápico e varanda colorida de origem ameríndia, perfeita simbiose da modernidade supérflua e a inventividade indolente dos naturais. Essa arenga dos galegos europeus requer muita apreensão da humanidade. Como toda guerra, a crueldade e terror passam dos limites. O índio Mairiporã ensina que, se a pessoa soubesse o que é uma guerra e o que ela causa, não faria piadas, apenas pediria misericórdia a Deus e rezaria pelas almas dos falecidos nos campos de batalha. O mano Juliano acha que o Brasil vive sua guerra civil, batendo mais de 150 homicídios por dia. Uma baixa mais alta do que na guerra declarada. O Google cientifica que, “nos tempos em que o mundo era dominado pela Grécia Antiga, a técnica do humor foi primordialmente utilizada na área da medicina, basicamente como forma de tirar a tensão, entreter e aliviar o estado físico e mental dos indivíduos”. Seja como for, rir de nossas desgraças, que alguns chamam de humor tóxico, avacalhar o drama tem virado caso de polícia. Zombar do próprio infortúnio ou das tribulações alheias, entretanto, pode ser um jeito de suportar e resistir ao problema, mas sempre refletindo sobre ele.

Diante dessas considerações, nas minhas redes está liberada a chacota para desnudar o ridículo de certas situações do cotidiano neste mundo cheio de bafafá. E a concorrência é pesada no universo dos maloqueiros da bixiga-lixa dos sem noção. Humor involuntário? Temos, sim! O Primeiro Mandatário falando em suas laives é o exemplo de como uma tragédia pode ser ridícula. “Minha Nossa, essa vergonha é tua ou é nossa?”, vocifera o velho Ameba diante das insinceridades e lérias do chefe da mundiça brasileira. E acaba, o Ameba, fazendo ele mesmo o verdadeiro humor, que é a transformação de um contexto, surpreendendo com ideias inesperadas. Isso ajuda a rever conceitos e mudar o sentido das coisas, com altas doses de risibilidade. 

Alegando insanidade temporária, o cronista sai fora das análises sobre a guerra, sem querer polemizar mais do que já é controverso o tema. Apenas me reservo a permissão de citar o escritor americano Kurt Vonnegut: “O Exército é uma escola que torna rapazes em maníacos homicidas para serem usados na guerra”. Nessa e em outras conflagrações, em certa altura as pessoas abandonam o hábito de raciocinar e se acostumam a serem aparelhos de reproduzir inverdades e caraminholas estúpidas nas redes sociais. Por isso eu fico em sossego, não opino. Porque estupidez é como brincadeira, tem hora. Agora vem o babaquara das quebradas nordestinas explicar a trama da guerra da Rússia para seus radiouvintes, depois de consultar entendidos no zap zap e nas sábias laives dos tais influence. Ouçamos o popular: 

“Sobre essa arenga aí da Rússia e Ucrânia, eu vou explicar pra quem é do Nordeste. É assim: a Rússia é aquele cabra metido a arrochado que quer porque quer baixar o lombo dos Estados Unidos da Arenga, e a Ucrânia é aquele amarelo cabuêta que gosta de dedurar os pareceiro e gosta de lamber sola dos ‘pé preto’ militar. Certo dia no sertão do Cabrobó que fica pro lado do oriente europeu, os disgramado dos americanos chamou a Ucrânia pra fazer parte do bando de cangaceiro deles e pra isso encheu a cuia dos ucranianos de munição e farinha quebradinha porque os ucranianos era metido a cunhão roxo e foi tirar graça com os russos que ficaram entufados e emburacaram na fazenda deles na baixa da égua, comeram o milho deles, mijaram no cacimbão deles, tudo com ordem do fí do cabrunco do tal do Putinho que é um infeliz das costa oca. Tudo isso se deu lá no calcanhar de Judas e agora os Estados Unidos dos Marreteiros ameaça começar o papoco do fim das era se os russos não pegar o beco e não deixar de pelejar com os ucranianos, mas os samangos da Ucrânia tão se amarrando e o sítio deles ta só o buraco e a catinga, ninguém sabe se escapa. E pra completar o fuzuê, um deputado do Brasil foi lá na Ucrânia e deixou seu tolete. É isso. Ta assim esse risca faca lá na Ucrânia. Ninguém quer pedir penico e a merda ta feita. Agora vou tomar minha talagada de remédio capa preta que o rapapé é grande. Inté mais...”

 

 

O mundo inventivo do poeta Sérgio Piaba

 

          Sérgio Ricardo dos Santos Silva, que a arraia-miúda chama de Sérgio Piaba, é webmaster e serigrafista, além de fotógrafo e produtor de conteúdos para internet. Piaba é, sobretudo, um poeta visual. Imagens e símbolos nas camisas confeccionadas por ele, as artes para capas de livros e folhetos, os elementos visuais montados em Photoshop constituem a obra de Sérgio, em plataformas tão diversas como as canecas, as camisas, as capas de livros, os cartazes e imagens criadas para a Internet. Formamos uma parceria, onde eu forneço os elementos verbais para compor seus poemas visuais, com os símbolos resgatados de sua mente anarquista, avesso às hierarquias. Porque todo poeta precisa se opor à dominação, seja ela de que forma for. Não vem de garfo que hoje só tem sopa no jantar, determina Sérgio Piaba, esse paraibano que cresceu nas estações de trem do Rio de Janeiro, vendendo balas e correndo do comissário de menor. Balas, no caso, entenda-se por confeitos, docinhos, brigadeiros, chicletes e “nego bom”. As balas recheadas de racismo que se perdem e se acham na cabeça do lascado suburbano, esse tiroteio da exclusão ele nunca curtiu. Seu olhar atencioso e decente para os chamados extratos sociais subalternos o faz um homem de esquerda.

Conheci Sérgio Piaba na mesa do boteco, em reunião de diretoria do bloco carnavalesco e etílico As Cuecas, onde fui aceito como sócio benemérito desse grêmio recreativo caricato da cueca 100% algodão colorido, porque a galera tem alergia às cuecas de elastano, ou laycra, e também pelo nobre e cobiçoso motivo de que o principal acionista do bloco é nosso compadre Dalmo Oliveira, entusiasta das experiências inovadoras da Embrapa no melhoramento genético das cores do nosso algodão. Esse bloco, elevadamente machista, até hoje tem pouquíssimas mulheres em suas fileiras foliãs. Como diria Marilyn Monroe, “tragam-me as calcinhas de seda pois não sou mulher de usar as de algodão”. A feminista Madame Preciosa impetrou recurso em processo para mexer no nome do bloco, que passaria a se chamar As Cuecas e as Calcinhas, apelação derrotada pelos tradicionalistas. Mesmo porque o bloco existe em louvor ao compositor Livardo Alves, autor da marchinha famosa, integrante da lista das vinte melhores marchinhas de carnaval de todos os tempos.

Sérgio não se define, porém, só como poeta visual. Ele também esbanja criatividade na poesia sonora, como editor de programas de rádio onde exibe sua performance na estruturação dos sons. Comigo, que sou um locutor correndo atrás de variantes para evitar usar só a palavra como mero veículo de significados, Sérgio faz parceria na composição de textos fonéticos e sons diversos para montagem de imagens acústicas nos programas experimentais em rádios alternativas como a Rádio DiarioPB. Pense num sonoplasta inovador e fecundo! Desses que só se criam em rádios comunitárias e alternativas, sem compromisso com público ouvinte nem com anunciante. Em torno dos processos de som em um programa de rádio, ninguém amarra a chuteira nem veste a camisa de Sérgio Piaba Camisas, ele que também vende camisas personalizadas com suas artes arretadas e suas cores de Portinari de Bayeux. De sua arte emana o cheiro de caranguejo, a maresia da inquietação e o vigor da maré cheia com o revoltado e teatral Piaba comandando o impuro, profano e encardido bloco da Cueca em busca de ondas puras e sonhos inovadores, férteis e libertadores. E tem aquele quê de humildade, ausente em muito figurão na cena artística. “Não sou maior nem menor do que ninguém, mesmo porque o que eu faço não é prova de atletismo, e sim uma briga comigo mesmo pra comunicar o belo da forma que eu vejo”, esclarece Piaba, merecendo citação de Karl Kraus, dramaturgo austríaco: "Os artistas têm o direito de serem modestos e o dever de serem vaidosos”.

          O poeta Sérgio Piaba é a cara do comunicador a serviço de uma causa, mas que não abre mão de uma dicção qualificada e, sobretudo, comprometida com as questões sociais e políticas de seu tempo. A vida e obra de Piaba é um manifesto contrário a governos autocráticos que estão sempre a alimentar os conflitos armados e às elites atrasadas, burras, cínicas e insensíveis. Um peixinho ferroando a parte do mundo sujo que nos toca, sem desistir de ser sempre uma piaba ligeira dando pitu nos lambaris do fascismo

terça-feira, 15 de março de 2022

sexta-feira, 11 de março de 2022

quarta-feira, 9 de março de 2022

RÁDIO BARATA 275

 


Barata revela previsões de Madame Preciosa para 2022 – Programa Rádio Barata no Ar – Edição nº 274

https://www.radio.diariopb.com.br/barata-revela-previsoes-de-madame-preciosa-para-2022-programa-radio-barata-no-ar-edicao-no-274/

 

 

 

 

segunda-feira, 7 de março de 2022

Comunismo primitivo na cidade Bananeiras

 


Tendo completado meu curso básico de adaptação ao novo ambiente onde vivo há cerca de dois anos, na região de Bananeiras, passo aos novos estágios: conhecer pessoas e buscar aprendizado de como sobreviver à calamidade da falta de água na terra que emanava leite e mel, ou pelo menos onde fluía o tal precioso líquido em abundância e hoje pena com as atribulações do ressequido e castigado sertão. Crise hídrica e colapso do abastecimento pelo baixo nível de reservas na barragem Canafístula. Faltou chuva e a explosão demográfica levou à superexploração das águas subterrâneas. A retirada descontrolada da água do subsolo leva à seca subterrânea, garantem os técnicos. Críticos do desenvolvimento insustentável da região apontam a forma predatória com que se dá a ocupação urbana, levando ao desmatamento e a escavação de centenas de poços tubulares, sem estudos e controle. É importante morar onde a urbanidade e o bom senso prevaleçam. Já se nota impulsos de cuidado e diligência com o meio ambiente. Vizinho meu resolveu instalar equipamento para instalação de energia solar. Estamos aperfeiçoando nossa matriz energética. Espero que termine o racionamento de sociabilidade e respeito à tribo dos outros.

Voltando ao curso básico de ajustamento ao meio. Passei a estudar sobre a história de Bananeiras e Solânea, cidades cujas áreas urbanas quase são interligadas e só não formam a mesma aglomeração devido a uma rampa, subida de quem vai para Solânea e descida para quem vai para Bananeiras. Por isso não se dá a conurbação entre elas. Essa palavrinha esquisita, soando como coisa indecorosa, significa a ligação total de duas cidades entre si. Solânea foi distrito de Bananeiras. Atualmente, as duas localidades ainda mantém uma relação socioeconômica e cultural de interdependência, com suas singularidades. Precisei ler Rubens Nóbrega e Wolhfagon Costa para começar a entender o aspecto humano e a perspectiva evolutiva das duas urbes. Daí nasceram os folhetos “Cordel para Bananeiras” e “Elegia para Solânea”. Nas duas cidades plantei o grão do projeto “Biblioteca viva”, onde se pode fazer circular livros que você já leu, trocando por outros. A proposta é disponibilizar uma estante com acervo de livros dos mais variados gêneros. Por enquanto, a fome de leitura dos habitantes locais não sugere maiores cuidados. Inapetência literária que não inibe meu trabalho de buscar voluntários para doar livros para o projeto. Recentemente, a casa de artesanatos Anna Sebastiana obsequiou-nos com alguns livros, entre eles “Síntese da história de Bananeiras”, de Antônio Montenegro, opúsculo publicado pela Editora Universitária da UFPB em 1996.

Na obra sobre a terra do cordelista João Melquíades Ferreira, o escritor Antônio Montenegro não cita esse artista que é considerado um dos maiores nomes da primeira geração de cordelistas nordestinos. Fala, entretanto, das origens da cidade e carrega nas tintas ideológicas. Para ele, o fenômeno da luta de classes está expresso desde a colonização da “lagoa das bananeiras”, onde moravam os índios da nação dos tapuias. Os brancos chegaram à terra dos índios e trataram de matar os habitantes. Pertencentes a uma civilização mil anos adiantada, os portugueses colonizadores de Bananeiras mandavam decapitar os índios em nome de Deus e da propriedade privada e roubada. Os primitivos tapuias, caminhando entre o passado e o presente, absorveram as lições do antagonismo de classe do sociólogo alemão Karl Marx e passaram a cozinhar os invasores em almoços antropofágicos precursores da Semana de Arte Moderna de 1922, o que levou os colonizadores a apelar para Nossa Senhora do Livramento. “A cidade surgiu, assim, pelo atrelamento da religião aos interesses da ordem econômica”, explica Antônio Montenegro. Invasão e roubo resultante da guerra e como modelo de evolução e progresso. Como diria Eduardo Galeano, não importa se a guerra é santa, pela liberdade, pela democracia e desenvolvimento. Todas as guerras só têm um objetivo: roubo à mão armada.

Seguindo esse viés ideológico, a reflexão de Antônio Montenegro sobre a história de Bananeiras segue tentando explicar conceitos de Friedrich Engels segundo os quais os índios praticavam uma espécie de comunismo primitivo, “um modo de vida em autêntica harmonia com a natureza, com as comunidades indígenas se caracterizando por um profundo respeito pela Mãe Terra", conforme o pesquisador francês Michael Lowy. Reconstruindo a história de Bananeiras, Montenegro passa em revista as oposições de ideias políticas entre os fazendeiros e representantes das classes laborais. A mais forte campanha eleitoral se deu em 1963, entre o fazendeiro Mozart Bezerra Cavalcante e o estudante Pedro Pessoa Aguiar. “Estava assim, pela primeira vez na cidade, manifesta a luta de classes na eleição”, diz ele. No muro da Praça da Matriz, o artista popular escreveu a pichação exemplificadora do embate: “Povo pobre pede Pedro Pessoa para prefeito porque possuindo pouco patrimônio poderá pensar pela pobreza. Parede pintada por Pedro Pintor”. O candidato Pedro, “comunista safado”, fracassou nas urnas, mas ainda obteve 815 votos contra 1.400 do “fazendeiro escravocrata” Mozart Bezerra, salvo pelos votos de cabresto.

sexta-feira, 4 de março de 2022

RÁDIO BARATA 273

 


Barata confunde pó de gesso com açúcar e aspira nádega de mulher anônima – Programa Rádio Barata no Ar – Edição nº 273

 

https://www.radio.diariopb.com.br/barata-confunde-po-de-gesso-com-acucar-e-aspira-nadega-de-mulher-anonima-programa-radio-barata-no-ar-edicao-no-273/

 

 

quarta-feira, 2 de março de 2022

terça-feira, 1 de março de 2022

W.J. Solha discorre sobre a poesia de Fábio Mozart

 


“Penso que Fábio Mozart pega ideias como quem caça borboletas: ágil, com extrema facilidade. Passou perto, encaçapa! Neste POEMAS MALDITOS EM PROSA, VERSO, GESTO E GRITO, com cerca de 300 poesias – a maioria de 3 versos – ...encaçapei algumas (você escolheria outras).

Veja esta, surreal:

Era um anjo encouraçado

mais pesado que o ar

não decolou, o coitado!

Todo mundo adora o Dom Quixote do Cervantes. Mas ao ver tanta gente - como o velhote magro - fazendo das suas, o poeta põe no caderno de notas:

Sinceramente, lamento

Guerra de cabeça oca

Contra moinho de vento

Ou pior seria o contrário?

Alheio a tudo

Viveu discreto

Como um surdo-mudo

Nada lhe escapa. Mapa-múndi dá nisto:

No mar semântico

Sou um homem Pacífico

Às vezes Atlântico

Não sei se ele se refere a si próprio, crítico, enquanto comemora seus 50 anos de poesia, ou se se coloca em lugar de quem não tem isso para se orgulhar:

Perdi o bonde da história

Cheguei atrasado e mal

Mas fixei na memória:

O destino é pontual.

Por que escreveu tanto? Porque

Em sua passagem pela terra

Aprendeu que o bom cabrito

É o que mais berra.

Transfere a própria urgência poética para um de seus ídolos:

Pancada de Zé Limeira:

“No dia que eu não cantar

Leve meu couro pra feira”.

Mas o tempo... passa.

Dialética fome:

Eu como o tempo

E o tempo me come.

Mas e o que já fez não basta?

Escrito no muro:

Nostalgia é inestético.

Passado não tem futuro

Selecionei estes, de seus 300 poemas, e ele se entristece:

Seria quase um rei

Se todos me perguntassem

As respostas que sei

Mas a gente é para o que nasce. Claro.

Pobre liberdade

Espremida entre a fome

E a necessidade.

Quem fica parado, porém, é poste. E, exatamente como fiz em meu 1/6 de Laranjas Mecânicas, Bananas de Dinamite, diz:

Preciso começar de novo

Preparar a eclosão

Dentro do ovo

 “Preciso começar de novo” – ele disse. Por que esse “preciso?” Porque “A arte existe porque a vida não basta” – disse o Gullar. E ele:

A vida é só

Cinquenta por cento

O resto eu invento.

Ô, um poema de duas linhas! Mas... genial:

Ela guiou minhas mãos

Ao caminho das Índias

É muito bom saber que temos tanta gente brilhante escrevendo na Paraíba. E aí está: FÁBIO – Bach, Schönberg, Beethoven, Stravinsky, Siqueira? – MOZART.