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domingo, 7 de setembro de 2014

POEMA DO DOMINGO


PELEJA DE SANDER LEE COM FÁBIO MOZART NA FEIRA DE ITABAIANA (V)

F. Mozart
Essas lembranças da feira
No meu coração sensível
De alma triste e dolorida
Quase queimando o fusível
Desse trovador barato
Falando do impossível

Que é o pensar plausível
Do poeta de Assaré:
Prefeito sem prefeitura,
Isso impossível é;
Prefeitura sem prefeito,
Isso é verdade e dou fé.

Naquele tempo de Zé
Silveira e outros troianos,
A cidade, alvo de inveja
Dos irmãos pernambucanos,
Brilhava como Rainha
Conjeturando seus planos

De crescer todos os anos
No progresso social.
Criou raiz nessa terra,
Infelizmente, o mal.
Ganância e putrefação
Em virulência fatal.

É fim de feira, afinal,
O que se vê na cidade.
É rio fora do leito,
Desrespeito, crueldade.
E por capricho da sorte,
Vem tudo em duplicidade.

Quatro anos de maldade
É pouco, botam mais quatro.
Portanto, Itabaiana
Vai virando esse teatro
De cidade abandonada
Que assim mesmo idolatro.

Vive nesse anfiteatro,
Sempre humilde e paciente,
O meu irmão conterrâneo,
Uma beleza de gente,
Criativa, sonhadora,
Mas, infelizmente, crente

Em promessa renitente
De liderança fingida
Que vai pra feira comprar
Consciência amortecida
Por qualquer quatro tostões
O futuro delapida.

A juventude perdida
Na droga e alienação
Quer conectividade,
Acesso à educação,
Banda larga de justiça,
Tecnologia e pão.

Mas voltemos à visão
Da feira de Itabaiana
Que foi tese de mestrado
Em geografia humana
Na USP lá de São Paulo
Em tese provinciana

Que nossa lide explana
Nessa Pós-Graduação
De Eduardo Pazera,
Um mestre em educação,
Doutor em geografia
Que nos deixa uma lição

Sobre a socialização
Dessa feira nordestina,
Pois não é só compra e venda,
Conforme ele mesmo ensina,
Local privilegiado
Em relação cristalina.

Sander Lee:

Meu pensamento atina
Para uma briga na feira
No “Remanso do Luar”
Na ponta de uma peixeira
O escritor Reginaldo
Conta-nos dessa maneira

Na ala da macaxeira
Zé Carlos ficava olhando
As mulheres se abaixarem
O produto observando
Quando a saia levantava
Suas calcinhas mostrando

Agora estou lembrando
Da Pomada milagrosa
A banha do Peixe Boi
Da ferida perigosa
Ao trauma psicológico
Que cura maravilhosa!

Uma cota caridosa
Seu João da Juventude
Para o Abrigo dos Velhos
Pedia com atitude
E a sacola enchia
Dizendo: “Deus lhe ajude!”

A memória não me ilude
A feira era uma festa
E no grande “Shopping Center”
Aquela gente honesta
Ali comprava de tudo
Numa ação imodesta

O pensamento me presta
Auxílio fenomenal
Ao ver Monsenhor Miranda
Fumando Continental
Revólver sob a batina
Aquele padre era o tal!

Muita cantoria havia
Na Feira do Bacurau
Os cantadores bebendo
Papuda com bacalhau
Haja prosa e poesia!
Parnaso de alto grau!

Também tinha o lado mau
Acorria o ladrão
Para vender os seus furtos
Na feira de troca, então
Quando a polícia passava
Era pau com as “duas mão”

Caminhão mais caminhão
Ali chegava de tuia
Os matutos assentados
Numa grade de imbuia
E o “quilo” da farinha
Era medido na cuia


O povo diz aleluia
Olhando tanta fartura
Uma colcha de retalho
Formava aquela estrutura
Ainda bem que a feira
É o fomento da cultura!

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