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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Compadre Ricardo Ceguinho é meu candidato para o Prêmio Nobel da Paz

Ricardo Alves é o nome da fera. Uma fera mansa, cordata, amiga da paz. Não ta nem aí para os conflitos, desentendimentos e vaidades do mundo. Quer mais é alegrar as pessoas, abraçar os amigos e sonhar com seu primeiro filho que está sai, não sai.
Conheço a figura há muito tempo, desde 1988 quando fui morar em Mari.  Acabei por incluir Ricardo em todas as “brincadeiras” que inventei na cidade. Foi ator no meu grupo de teatro e locutor na rádio comunitária que criamos.

“Gente é pra brilhar”, disse o poeta russo Vladimir Maiakovski. “...e não pra passar fome”, acrescentou o também poeta Caetano Veloso. “Gente também é pra viver em paz”, deve pensar meu compadre Ricardo. Feliz é o cara que consegue viver delicadamente no meio do ribombar dos trovões da maledicência, rancor, inveja e atritos políticos. Assim é e assim foi meu compadre. Não presta atenção no que os outros têm de ruim. Concentra-se nas belezas de cada ser.

Sua profissão é cuidar dos outros. Dos que não têm riqueza, prestígio. Ricardo dedica sua vida a pesar meninos raquíticos, dar vitaminas para os velhinhos fracos, dar conselhos para as mães e receitar verminose para moleques barrigudinhos. De manhã cedinho sai pelas ruas pobres de sua Mari, visitando os amigos, proseando com um e outro, rindo e levando sua alegria espontânea, a mesma que difunde no rádio, no seu programa.

Em Mari, como de resto em toda cidadezinha do interior, tem aquela guerra insanável entre a situação e a oposição. Cada um querendo ocupar seu espaço de poder, o mais das vezes de forma mesquinha e conforme interesses pessoais inconfessáveis. A rádio comunitária, como sendo uma mídia que se quer democrática, é a caixa de ressonância dos conflitos paroquiais. No meio disso tudo, Ricardo Alves navega em mar calmo. Amigo de todos, não quer papo de desavença.

Alguém já pensou assim: o mundo só anda porque existe a dialética, as forças contrárias se atraindo e se repulsando. A vida é pluralidade, a vida é democrática por natureza. Mas, e sempre existe um porém, notai que precisa ter aquele veludo entre dois cristais, aquelas pessoas que nasceram para equilibrar o mundo com sua vida dedicada à paz e ao entendimento. Ricardo Alves é uma dessas pessoas que amam a humanidade tão delicadamente que nem abalam o sistema e tampouco alienam com sua humildade.

Ricardo Alves é um personagem que deveria estar no meu livro “Mari, Araçá e outras árvores do paraíso”, mas que certamente estará na próxima edição. 

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