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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Santo oficial e neve artificial


Alguns homens acreditam em Deus ou deuses, outros não. Tem um princípio na Constituição que se chama laicidade, fundamental para a liberdade espiritual e igualdade. A separação do Estado e de qualquer igreja não significa luta contra a religião, mas sim, simplesmente, vocação para a universalidade. O ateu, o cristão, o judeu, o espírita, o budista, o praticante das religiões de raiz africana, são todos cidadãos iguais em direitos e deveres. O Estado, portanto, não deve assumir ou beneficiar essa ou aquela religião.

Isso para dizer que estive no Hospital Municipal Santa Isabel de João Pessoa onde, começando do nome do nosocômio, tudo lembra a religião católica. Nos corredores e alas, tudo tem nome de santo, cheirando a clericalismo. Parece corredor de mosteiro.  Religião divide e a humanidade é uma. As crenças espirituais é que separam. Laicidade, portanto, é um princípio de fraternidade.

Outro detalhe naquele hospital que, no meu ver, fere o princípio da impessoalidade. Cada parede que se levanta ali tem uma placa enorme, vistosa e brilhante, com nomes do prefeito, do diretor do Hospital, do secretário e até de quem não tem nada com a área de saúde, como é o caso da ex-secretária de planejamento da Prefeitura, Estelizabel Bezerra, cujo nome está em algumas placas. "A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos" (art. 37, §1.º). Esse artigo da Constituição foi ignorado pelo ex-prefeito Luciano Agra. Pelo visto, o atual, Luciano Cartaxo, também faz vista grossa.

Sobre a neve que vai cair em João Pessoa na noite de Natal, por força da vontade do prefeito Cartaxo, se eu acho brega? Ridículo? Sei não. Só acho que isso mostra nitidamente a maneira de ver o mundo entre uma equipe que saiu e a outra que entrou. Antes, os projetos de festas populares levavam para um lado mais de defesa de nossas raízes culturais tão desprezadas. Agora, os donos do poder momentâneo querem a gente com cara de Europa, como no Brasil colonial.


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