Archidy Picado Filho
disse que Pedro Osmar e Adeildo Vieira eram homens-bombas. “Aliás, somos todos.
Menos as mulheres. Elas são mulheres bombas”, ressaltou o famoso artista plástico
da Parahyba do Norte. Na relação dos homens-bombas, incluo meu compadre,
ex-professor e eterno senador Idalmo da Silva. Esse é bomba chiando na mão da
sociedade dissimulada.
Lembro que no final
dos anos 70, Idalmo era professor no Colégio Estadual de Itabaiana e no Colégio
Comercial Dom Bosco, do professor Emir Nunes. Na época, ocorreu um movimento
que foi um primor de injustiça. Colegas de Idalmo, professores e alguns alunos
retrógrados fizeram uma campanha para expulsar nosso mestre das salas de aula
porque, diziam, ele estava pregando o amor livre e o comunismo. Investiram
furiosamente contra o nosso professor. A zanga deles era porque Idalmo tinha
coragem de falar o que pensava sobre política e relações pessoais numa
sociedade oprimida e amordaçada por muitos anos de ditadura. Resultado: foi
expulso das escolas, mas ficou consagrado pelos de sua geração. Dele, o mínimo
que afirmo é que sempre foi um homem-bomba, disposto a se sacrificar pelas
ideias em que acredita. São raros, hoje em dia, os dessa espécie.
Tem histórias
saborosíssimas com esse mestre Idalmo, hoje um calmo aposentado aos setenta
anos. Uma delas dá conta de que uma mãe, horrorizada com as aulas realistas e
fortes de Idalmo, clamou aos céus:
--- Deus é grande,
que um dia eu hei de ver esse professor ter muitos desgostos com seus filhos!
No que Idalmo
retrucou:
--- Tenha medo não,
senhora, porque eu uso camisinha e não deixarei descendentes.
Idalmo foi o primeiro
candidato a senador pelo Partido dos Trabalhadores na Paraíba. Foi,
seguramente, o mais atípico candidato, na contramão do que se conhece como
político. Entrou para o folclore político por protagonizar muitos episódios
inusitados. Na cidade de Arara, o senador Idalmo foi fazer um comício, começou
a chover, os dez ouvintes caíram fora, ficou só o senador em cima de um
tamborete, todo ensopado, falando para a tempestade. Discursou durante uma hora
para ninguém, apenas para sua consciência de cidadão em marcha revolucionária.
Idamo não venceu sua
revolução, o partido virou prostituta normal no processo político brasileiro e
ele passou a se dedicar ao estudo do poeta Augusto dos Anjos. Atualmente, não
gosta de falar de seu passado político, mas é capaz de defender suas teses
sobre o poeta durante horas.
Mas ninguém se
assuste que ele, Idalmo, só vai falar quinze minutos sobre seu livro “Augusto
dos Anjos por Augusto dos Anjos” nessa sexta de feriado, 15 de novembro, na
Câmara de Vereadores de Itabaiana. Ele escreve de graça, só por amor à
filosofia e à arte. Não vende livros, portanto seus convidados levarão seu
livro sem gastar nada, que Idalmo é contra radicalmente misturar arte com
relações comerciais. De quebra, teremos uma dupla de violeiros, meus amigos Biu
Salvino e Heleno Alexandre, e a orquestra de violões do Ponto de Cultura
Cantiga de Ninar.
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