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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Dia da amizade

Eu com Valmir e Andrade, amigos de Itabaiana

Hoje é dia da amizade e eu não sofro de mania de perseguição, mas desconfio de que tem um plano sinistro rolando por aí nas altas esferas pra ir me deixando só à medida em que me encaminho pro andar de cima. Meus amigos estão morrendo e eu conto nos dedos os novos que arrumei nesses últimos vinte anos. Graças ao truque das redes sociais, já tenho 400 novos amigos, mas todos eles virtuais, falsos como uma cédula de 15 reais.

Com um olhar no andar de cima, aposento final cada vez mais próximo, constatei uma coisa: na geografia da cabeça do ser humano, quando o desmatamento da amizade se torna crítico, aí vem a morte e nos leva para os verdes campos, onde diz a lenda que reencontraremos todos os velhos amigos numa pracinha aconchegante, com banquinhos de madeira e frondosas árvores refrescantes para se bater um bom papo, contar excelentes mentiras, gozar do prazer de estar com quem a gente tem empatia, mesmo que seja um sujeito rabugento, cheio de manias e falhas morais. Mas é amigo, e os camaradas não têm defeitos. Já os inimigos, se não têm a gente bota, conforme reza a piada.

No dia da amizade, lembro que o tempo transforma a vida numa chatice sem fim. A gente fica sentado num banco sem encosto com nosso cônjuge, um par de velhos trocando silêncios, enquanto parentes e aderentes pululam em torno, sem afeto e sem divisão de sonhos.

Nesse fim de ano, estou esperando rever um amigo que não vejo faz mais de trinta anos. Planejamos juntar uma meia dúzia de três ou quatro velhos amigos em torno de uma garrafa de uísque decente para um papo rememorativo. Companheiros de adolescência, temos muito o que recordar.

No dia da amizade, viva, portanto, meu amigo José Walter, que hoje mora no Rio. Gente de boa cepa, cabra meio maluco, com um enorme potencial para a benevolência. No dia do nosso papo “mata-saudade”, vou mandar Marcos Urso botar na radiola o LP de Waldick Soriano pra gente ouvir a “linda canção” Torturas de amor, que foi a música tema do grande drama passional entre o locutor da rádio Nazaré e a rapariga do “Carreté” em tempos idos, vividos e inolvidáveis. 



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