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sábado, 31 de agosto de 2013

Uma mina inexplorada onde o bêbado mete a cara e o cachorro faz xixi

Folheando minha agenda, descobri uma coisa aterrorizante: nem em dez anos vou poder cumprir as tarefas que eu mesmo lancei como metas. Com um agravante: sou o cara mais indeciso do mundo. Entre tantas coisas pra fazer, fico indeciso sobre quais as prioridades, as urgências, acabo não fazendo nada. Claro que ocorre sempre o desejo quase incontrolável de assumir mais compromissos. Invariavelmente, estou sempre taxiando para entrar em uma nova missão, mais ralação sem muito futuro, e haja sonhos no papel. Com direito a posar de coisa concreta, mesmo com chance quase zero de dar certo.

Muitas dessas ideias morreram para o mundo antes de botar a cara pra fora. Mas, a ficha não cai nunca. Continuo produzindo fantasias querendo ser realidade, num trabalho incessante, sem folga, sem hora extra, o expediente não acaba. Sim, e sem grana. Coisa de maluco, que minha cabeça padece de certas patologias.

Agora mesmo estou requentando uma puta ideia que tive em 2008. Naquele ano, a Energisa aplicou um choque de alta voltagem no bolso dos consumidores. Aumentou em 15,75%, considerado um abuso, muito acima da inflação. Diante da safadeza da Energisa, além da indignação veio a ideia: por que não cobrar da empresa fornecedora de energia elétrica o espaço público que ela utiliza nas cidades? E por que não carrear esses recursos para um fundo de incentivo à cultura, setor tão desprevenido de verbas? Pesquisei e descobri que o brilhante advogado Irapuan Sobral defendia a possibilidade legal dos municípios cobrarem das concessionárias de energia elétrica o espaço que elas ocupam. Seria uma taxa pelos postes e fiações, cobrada dessa Energisa que, na época, faturou setenta milhões de lucro só na Paraíba.

Lembrei disso durante o último apagão. Fui escarafunchar meus arquivos e encontrei uma nota do brilhante jornalista Rubens Nóbrega sobre o assunto, citando meu nome na sua coluna do Correio da Paraíba de 11 de setembro de 2008: “Baixou no meu i-mail uma circular de Fábio Mozart, militante de boas causas, comunicando que um grupo de artistas de Itabaiana vai propor aos vereadores daquele município uma lei para cobrar a taxa de ocupação de espaço público das concessionárias de água e energia elétrica. A cobrança é justificada pelo uso do solo, subsolo e espaços aéreos, implicando em uso de áreas públicas em detrimento da vegetação arbórea e do livre trânsito das pessoas. Os recursos oriundos da lei poderiam ser investidos no financiamento de atividades culturais”. Meu compadre e amigo de infância, David Andrade do Monte, que é sujeito conhecedor de engenharia e economia, adiantou detalhes técnicos: “Grosso modo, um poste ocupa 625 cm. Achando-se o preço médio do metro quadrado, é só fazermos a multiplicação pela área utilizada pelo posteamento da cidade.” Levamos a ideia aos vereadores da época, os quais fizeram cara de paisagem.

Não conto nem amarrado o que me disse um vereador da época sobre o tal projeto. Nem às paredes confesso. Mas, ando precisando voltar a acreditar na humanidade. Penso em reunir os vereadores de Itabaiana para discutir a ideia. A tributação é legal e até uma obrigação dos prefeitos que, conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal, não podem abrir mão de receita. Vamos ver no que vai dar. Voltarei ao assunto.



sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Nosso Galileu e a Igreja de resultado

Coreto de Itabaiana com uma lagoa fictícia, trabalho da professora Fátima Nascimento. Na minha cidade, a realidade e a fantasia andam de mãos dadas. 


Severino Lourenço é professor de matemática, mas não é um mestre qualquer. Mestre Biu é um verdadeiro teórico-prático daquela filosofia do autêntico semeador de conhecimentos. O sucesso dos seus pupilos é seu maior pagamento. A beleza de distribuir saberes alimenta sua carreira. Biu Lourenço é um mestre sem fins lucrativos. Dá aulas de graça para jovens que sonham em passar num concurso público. Aprender e ensinar é a vida desse rapaz de Itabaiana do Norte, sua maior glória, sua religião. Ainda agora vai implantar suas atividades didáticas no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, aberto a todos que desejem maximizar seus potenciais de conhecimentos através da robótica. Seu prazer é ajudar os conterrâneos pobres a construir seus ideais de vida e profissão.

A robótica é um esquema moderno de educação onde o aluno aprende a montar robôs, e com isso se familiariza com conceitos multidisciplinares como física, matemática e geografia. Lourenço acaba de construir um robô de esteira, para estudar a velocidade média. Com a sua máquina, pretende dar a volta na calçada da igreja matriz da cidade. É nosso Galileu Galilei, o físico e matemático italiano que enunciou o princípio da inércia e descobriu a lei dos corpos. Severino não descobriu nada, mas tem na Matemática sua paixão, conforme afirmou Galileu: “A Matemática é o alfabeto com que Deus escreveu o Universo". Muito menos nosso professor considera, como disse Galileu, que “a Igreja Católica é inimiga do progresso científico.” Em 1642, Galileu morreu cego e condenado pela Igreja Católica por suas convicções científicas. Teve suas obras censuradas e proibidas. Só em 1983, a Igreja absolveu Galileu Galilei.
           
Outro professor, meu compadre Luis Antonio, queda-se abismado com o que considera um absurdo: o padre da Igreja de Itabaiana cobra cinquenta reais para dizer o nome do defunto, na missa de sétimo dia. Como diria outro compadre, o inteligente soldado da PM Beto Almeida: “chamem um psicólogo, um psiquiatra ou um psicopata para me explicar a esquisofrenia desse mundo.” Para executar suas tarefas complexas e abrir as mentes da juventude, professor Severino trabalha na base do 0800, ou seja, no modo gratuito. Pretende fazer a volta em torno da igreja com seu robô, planejado não para mais uma vez provar a visão heliocêntrica de Galileu, mas para defender a ideia de que o estudo e o conhecimento é o caminho para melhorar as condições de vida e de desenvolvimento de sua cidade. Isso se o padre não cobrar pedágio do robô.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

ALÔ COMUNIDADE – Rádio Tabajara da Paraíba


Nesta edição, cobertura especial da 3ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial. Entrevistamos ainda o ativista Ricardson Dias, da Rádio Comunitária Diversidade, do Jardim Veneza.

Produção de Fábio Mozart e Dalmo Oliveira. Apresentação de Fábio Mozart e Beto Palhano. Sonoplastia de Maurício Mesquita.



Ponto de Cultura faz chamamento aos artistas plásticos para intervenções visuais em sua sede



Casarão onde funciona a sede do Ponto (Foto: Lucas Martins)


O Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, de Itabaiana, acaba de pintar as paredes externas da sede, na Rua Coronel Firmino Rodrigues, nº 107, as quais estão à disposição de grafiteiros para intervenções visuais coloridas com motivos livres, na intenção de criar um diálogo com os visitantes e pessoas que passem em frente ao prédio. “Queremos dar vida para aquele prédio histórico, antigo educandário onde estudou José Lins do Rego”, afirmou Lucas Martins, diretor da Sociedade Amigos da Rainha do Vale do Paraíba, mantenedora do Ponto de Cultura.

 “Queremos que artistas plásticos simbolizem o que representa um Ponto de Cultura como irradiador de manifestações culturais de todas as formas”, disse Fábio Mozart, um dos coordenadores. A entidade está coletando doações de tintas para a execução das intervenções, que serão em forma de voluntariado. “Fazemos um chamamento, por exemplo, aos artistas locais e até mesmo aos estudantes de artes visuais das universidades que desejem deixar sua marca nessa experiência cultural aqui na cidade onde nasceu Oto Cavalcanti, atualmente um dos mais respeitados artistas plásticos em atividade na Europa”, acrescentou Mozart.

Conhecida como arte de rua, o grafite é caracterizado pela manifestação crítica. A arte do grafite é uma forma de manifestação artística em espaços públicos. A definição mais popular diz que o grafite é um tipo de inscrição feita em paredes. Existem relatos e vestígios dessa arte desde o Império Romano. Seu aparecimento na Idade Contemporânea se deu na década de 1970, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Alguns jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade e, algum tempo depois, essas marcas evoluíram com técnicas e desenhos.

O grafite está ligado diretamente a vários movimentos, em especial ao Hip Hop. O grafite foi introduzido no Brasil no final da década de 1970, em São Paulo. Os brasileiros não se contentaram com o grafite norte-americano, então começaram a incrementar a arte com um toque brasileiro. O estilo do grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores de todo o mundo.

(Tribuna do Vale)

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Josafá estreou na Orquestra de Violões Daciano Alves de Lima




Esse aí é o Josafá, rapaz de vinte e poucos anos morador na cidade de Itabaiana do Norte. Deu muito trabalho ao Conselho Tutelar na sua infância e adolescência de menino pobre, envolvido com coisas ruins. Encostou-se no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, encantou-se pelo violão e decidiu que queria aprender a tocar o instrumento. Arrumou uma madrinha que por sua vez lhe deu um violão novinho. Outro padrinho, maestro Vital Alves, acolheu Josafá na sua escola no Ponto de Cultura, ensinou o básico com muita paciência. Atualmente, o rapaz faz parte da Orquestra de Violões Daciano Alves de Lima, do Ponto de Cultura.

Ontem, 27 de agosto, foi a estréia de Josafá no corpo da Orquestra, em apresentação na Escola João da Costa Pessoa, em Itabaiana. Ele chegou elegante, orgulhoso e nervoso para sua primeira apresentação pública. Deu seu recado direitinho, bem comportado, emocionado mesmo. Foi a primeira vez na sua vida que as pessoas o aplaudiram por alguma coisa bonita que havia feito. A escola de violão mudou a vida desse rapaz, e isso foi dito por Andréa Monte, uma das nossas monitoras e que tem torcido muito por Josafá na sua recuperação. “Ele tem força de vontade, quer aprender música, tem progredido como cidadão e isso nos deixa muito contentes, todos nós aqui do Ponto de Cultura”, disse  Andréa.

O Ponto tem um projeto de curso de judô para crianças e adolescentes pobres e problemáticos, mas cadê apoio? Já enviamos o projeto para o prefeito, ele ficou de estudar o caso, estamos esperando há oito meses. Vamos ver se falamos com o Ministério Público para conseguir ajuda para esses projetos sociais, esportivos e culturais que pretendemos tocar, porque achamos que a arte deve estar a serviço das pessoas, da coletividade, e nada mais compensador do que ver um jovem em recuperação através do fazer cultural.


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Cultura “por um mundo melhor”


Arte nas camisetas da Escola João Fagundes de Oliveira, estampando o meu rosto


A grande parceira do Ponto de Cultura cantiga de Ninar em Itabaiana é a comunidade escolar. Com os estudantes e professores já fizemos uma edição da Gincana Cultural, e em todos os eventos de nossa agenda incluímos com prioridade essa clientela, porque, teoricamente, é o grupo que produz conhecimento, uma área de manifestação do interesse por coisas novas, e nessa seara de massa jovem vamos tentando difundir a cultura local, principalmente.

Na condição de autor de alguns livros sobre nossa história, posso avaliar a própria produção, em viva voz e através das ações culturais das escolas. Nesse processo, vejo com imensa satisfação projetos como a Mostra de Cultura promovida no dia 23 de agosto pela 12ª Gerência Regional de Ensino, com a participação de grande número de escolas públicas estaduais. Não faço questão de disfarçar o sentimento de orgulho por ver meu trabalho sendo lido, avaliado e enaltecido pelos estudantes itabaianenses. Sem, no entanto, esquecer que não me afeta essa coisa de glória pessoal, o culto do eu que tanto desmerece muita gente. Mitologia pessoal não é comigo. Sou um cara simples, humilde e com um forte sentido de auto-crítica.

Ainda sobre parcerias, o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, do qual sou coordenador executivo, procura dividir as responsabilidades com outros atores da cena cultural de Itabaiana, entre eles a própria Secretaria de Cultura do Município. Sem querer ocupar o vácuo deixado por anos e anos de inoperância nesta área, mesmo porque não temos recursos nem estrutura para isso, convocamos esses parceiros naturais para fins de interesses comuns, entretanto, noto certo estado de impassibilidade, alguma apatia por parte dos gestores. Não se pode negar que o Ponto de Cultura é, hoje, uma instância importante e legítima no fazer cultural de Itabaiana. Se queremos nos constituir em parte de um processo maior de divulgação e produção cultural, deveríamos ser melhor tratados, com a consideração mínima por parte dos que, oficialmente, são responsáveis por esta importante área administrativa.

Muitas são as ideias e projetos que encaminhados para serem tocados em conjunto, mas parece que há sempre algum entrave, não sei se de caráter político ou outro qualquer. Quero crer que iremos ultrapassar essas barreiras e preconceitos, para enfim inaugurar um momento diferente nesta cidade, onde as picuinhas menores da política não criem compartimentos separados. Mesmo porque não somos competidores, não estamos disputando espaços de poder. Somos apenas um coletivo de artistas interessados tão somente na criação e difusão cultural, “por um mundo melhor”, como lembra nosso lema.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sagração do pastor





Lavoiser e sua esposa Dalva

Na década de setenta, o garoto Lavoisier Costa, nascido em Itabaiana do Norte, encantava o treinador Biu do Vasco com seu futebol elegante e promissor, chamando a atenção de um empresário que queria levar o craque para a Suécia. Foi quando a mãe do menino, dona Iraci, impôs sua autoridade de genitora zelosa:

--- Não criei menino pra correr atrás de bola não.

Findou aí uma carreira futebolística. Venceu a tenacidade de minha mãe que queria, na verdade, seus filhos seguindo sua fé evangélica. Levava os três garotos para a Igreja Batista, incutindo sua crença religiosa naquelas jovens mentes. E conseguiu tarrafear duas almas para a religião. Hoje, meus dois irmãos, Sosthenes e Lavoisier, são fieis seguidores dos desígnios e manifestações da religião protestante. Eu, desde sempre, desacreditei nos deuses e fui ser um ímpio anarquista pela vida afora. 

Portanto, agora meu irmão mais novo, Lavoisier Costa, acaba de se formar como pastor. Vai começar vida nova com sua família em Patos, iniciar uma missão da igreja onde congrega. O ex-quase-craque dedica sua vida ao mister de salvar almas na ótica do seu grupo religioso, que não é esse tipo de pentecostais que vivem berrando maleducadamente pelas esquinas. Lavoisier é um pastor ligado ao protestantismo histórico, bem formado, educado, preparado para ser mentor espiritual. 

Dona Iraci, nossa mãe, não cabe em si de feliz por ter seu filho mais novo seguido na vida em conformidade com suas crenças. A família toda vai assistir à sagração do novo pastor em Campina Grande, com justo sentimento de dignidade.



sábado, 24 de agosto de 2013

POEMA DO DOMINGO


Alunos declamam meus poemas na 2ª Mostra Cultural em Itabaiana


Sou plagiador de mim mesmo

Vocês vejam as voltas e contravoltas de um texto na internet, esse universo maluco repleto de doidos, uns mansos, outros violentos. No dia primeiro de julho de 2010, sem ter nada para postar no meu blog, inventei uma história a respeito do poeta repentista Manoel Xudu, a quem muito admiro. No texto, esse gênio da poesia popular canta três estrofes de pretensa poesia declamada em uma noite de chuva na beira da linha, em Itabaiana. Compus os versos, achei legalzinho e tasquei em um site literário, logicamente assinando o trabalho. Mas entretanto todavia e contudo, já havia sacramentado o poema como de autoria de Xudu. Os versos correram mundo na grande rede. Eu, deitado na minha rede velha, fiquei só olhando a confusão e declamando Xudu, esse sim, legítimo poema do cantador de São José dos Ramos:

Oh meu Deus, me arrependo do que digo
Como um louco, hipócrita e perdulário
Não pretendo manchar o teu sacrário
Pois na vida e na morte estou contigo.

(In Manoel Xudu, o imortal do repente, de Pedro Ribeiro)

Me arrependi de ter dado como de autoria de Xudu as décimas sobre um passageiro aperreado num trem desgovernado. Passei a ser plagiador de mim mesmo. Tentei imitar a forma simples de Xudu dizer as coisas mais essenciais. Ainda hoje pago por esse pecado. Dias atrás, uma equipe de estudantes da Escola João Fagundes de Oliveira me procurou para fazer entrevista destinada a captar informações sobre minha vida para um trabalho escolar. Um dos rapazes me perguntou na bucha: “O que o senhor acha de alguém assinar um trabalho literário de outra pessoa como se fosse dela?”. Na hora não atinei na razão da interrogação, depois “me toquei” e lembrei do caso do falso trabalho de Xudu. Algum professor deve ter lido as duas versões e mandado o menino me fazer a pergunta cavilosa.

Mesmo assim, a poesia “Trem desgovernado” foi destaque na 2ª Mostra Cultural da 12ª Gerência Regional de Ensino sediada em Itabaiana, evento realizado com muito sucesso no último dia 23 deste (sexta-feira). Minha amiga e grande educadora Telma Lopes informa que a sua Escola Estadual João Fagundes de Oliveira montou uma majestosa homenagem a este humilde escrevinhador. Os meninos vestidos com camisetas tendo a serigrafia de minha cara, dançaram, cantaram e declamaram minhas obras. Minha comadre Sueli Juventino criou coreografia baseada nos meus poemas. A garotada dançou com gosto e arte, ficando em segundo lugar entre as escolas participantes, só perdendo para a  Escola Teonas da Cunha, de Juripiranga.

Ao final, alunos declamaram alguns poemas do velho Fábio Mozart, entre eles o “Trem”, que republico hoje em homenagem aos jovens alunos da minha antiga escola.

MINHA VIDA É UM TREM DESGOVERNADO


Fábio Mozart

 
Minha vida é assim e nada muda
Nos vagões desse trem desgovernado
Onde sou carcereiro e apenado,
Guarda-freio ao léu pedindo ajuda.
Rogo a Deus lá do céu que me acuda,
No caminho de ferro dê a pista
E aponte no meio dessa lista
O astral da fortuna detalhado,
Minha vida é um trem desgovernado
Sem destino, controle ou maquinista.

Fui largado no meio do caminho,
Ambulante de mera fantasia,
Vivo assim sem registro todo dia
Enfrentando tufão, redemoinho,
Minha cama é feita de espinho,
Em vagão cruel e determinista,
Portador de bilhete fatalista
Que não leva ao destino desejado,
Minha vida é um trem desgovernado
Sem destino, controle ou maquinista.

O farol desse trem nada ilumina,
Deslizando nos trilhos da paixão,
Pára sempre na mesma estação
De lembrança cruel que alucina,
Detonando dose de adrenalina
Na cabeça do pobre repentista
Que por isso só vive pessimista,
Sem alento e desorientado,
Minha vida é um trem desgovernado
Sem destino, controle ou maquinista.

Feira cultural destaca artistas e escritores regionais em Itabaiana


Professoras ao lado de banner de Fábio Mozart


A II Gerência Regional do Ensino, em Itabaiana, promoveu ontem, 23, a 2ª Mostra Cultural da Região, destacando artistas e escritores dos municípios da região. De Itabaiana, tiveram suas biografias e obras divulgadas o poeta Orlando Otávio, jornalista Arnaud Costa e o dramaturgo Fábio Mozart, editor do jornal “Tribuna do Vale”.

O evento foi realizado na Praça Epitácio Pessoa, onde foram expostos documentos, fotos, maquetes e trabalhos escolares relacionados aos artistas realçados. Na ocasião, repentistas e cantadores fizeram apresentações, além de danças e música regional, comemorando o Dia do Folclore. A Mostra visa fomentar a vida cultural das cidades do vale do Paraíba, região com forte potencial artístico, porém com dificuldade de divulgação de seus trabalhos. 

Os stands acolheram as artes expressas em variadas formas, além de livros e objetos relacionados aos artistas homenageados. Para Das Dores Neta, uma das organizadoras do evento, a Mostra foi brilhante e deu oportunidade aos estudantes e o público em geral de conhecer um pouco da nossa cultura, com saberes diferentes. “Essa troca de informações sobre nossa cultura é o que torna a Mostra realmente importante”, declarou.

Para Fábio Mozart, um dos que foram homenageados pela Escola Estadual João Fagundes de Oliveira, a Mostra foi interessante para que os estudantes tivessem a oportunidade de se beneficiar com o conhecimento de nossa história recente, porque foram levados a ler livros sobre a cultura e as personalidades de Itabaiana.

Publicado em

 

Obrigado, garotada!



2ª Mostra Cultura na Praça Epitácio Pessoa


Ontem em Itabaiana ocorreu a festa da cultura regional, reunindo escolas da 12ª Gerência Regional de Ensino. A Escola João Fagundes de Oliveira montou stand homenageando este humilde Leão, pelo que agradeço publicamente. Do alto dos seus coturnos arrogantes, meu inimigo Maciel Caju acha asneira se perder tempo com personagem tão insignificante igual a este blogueiro, no que disconcordo, conforme diria Sonsinho, por duas singelas razões: primeiro, ao homenagear o velho Fabinho, os estudantes tiveram a oportunidade de se beneficiar com o conhecimento de nossa história recente, porque foram levados a ler meus livros sobre a cultura e as personalidades de Itabaiana; segundamente, ainda no idioma de Sonsinho, o espírito que dominou a mostra foi o de se enfronhar no que temos de mais significativo em matéria de cultura, e isso passa pela história da Sociedade Amigos da Rainha do Vale do Paraíba, antiga Associação Cultural Poeta Zé da Luz que, por acaso, hoje completa 36 anos de fundação.  


Portanto, parabéns à Escola João Fagundes de Oliveira na pessoa de sua diretora Rose Luna, e minhas saudações aos companheiros que comigo fundaram a Sociedade Amigos da Rainha, entre eles meu compadre Zé Ramos, meu irmão Sósthenes Costa, a família Palhano, Osório Cândido, Irene Marinheiro, Carlos e Jandira Lucena, Zenito Oliveira, Agnaldo Santos e mais um rol de companheiros dos quais agora não me recordo, persistentes na ideia de produzir cultura na terra de Sivuca, trabalho que frutificou em muitas mentes e encaminhou valorosos itabaianenses para o campo do pensamento e do conhecimento humano. Cito, de passagem, o ilustre Doutor Romualdo Palhano, talvez o único PhD em teatro na Paraíba formado em Cuba, saído do berço esplêndido do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana, agremiação cênica que hoje sobrevive no Ponto de Cultura cantiga de Ninar.

A Escola Professor Maciel trabalhou a figura do jornalista e desportista Arnaud Costa, que também foi alvo de estudos e homenagens por parte dos alunos e professores. Em nome do meu pai, também agradeço.

Em suprema humilhação, para minha satisfação pessoal, o soberbo poeta Maciel Caju não foi cogitado para ser estudado nas escolas. Por isso, talvez, seu ódio e desgosto por ver a mocidade de minha terra encher a praça para prestigiar os produtos culturais e os artistas genuinamente itabaianenses. 



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Quem lê poesia neste país?


Arte de Jandira Lucena para a capa do meu livro
 “Balada do cavalo Mamão  seu cavaleiro andante”
 

Quem lê alguma coisa na república bananeira cínica sindicalista socialista das elites reunidas? Quase ninguém. Mesmo assim, todo dia saem poetas de suas casas com seus originais debaixo do braço para tentar publicar. Às vezes conseguem. Jogam na internet, fazem cópias para distribuir, poetas vagabundos como eu, poetas crentes como Antonio Costta, poetas estilo “testemunha de Jeová”, daqueles que vendem seus livrinhos de porta em porta, enfim, esses artistas da palavra são abundantes, mas o mistério continua lá: quem lê poesia?

Para escrever poesia, é preciso ler poesia e saber onde se encontra a essência dessa forma de expressão. Muitos confrades não ligam pra isso. Têm a certeza de que nasceram com esse dom de formar imagens com palavras e danam-se a escrever seus lirismos, suas dores, seus amores e seu orgulho de poeta. Enchem o peito ao ouvirem: “ali vai um poeta”. No entanto, a espontaneidade do artista da palavra se acaba quando é na hora de distribuir sua obra. Não se vende poesia nas livrarias. A única forma poética engolida com prazer pelo povão é a literatura de cordel, mas isso mesmo saiu de moda há tempos.

Escrevi um livrinho de poemas em 1998 chamado “Pátria armada”. Levei exatos dez anos para desovar os 500 exemplares. Essa arte de linguagem é mesmo ruim de passar adiante. Faltam-nos leitores até mesmo na família. Meus filhos, por exemplo, jamais abriram um livro meu. E olhe que, no meu livrinho, fiz um poema em homenagem à filha única. Mas é isso mesmo. Como diz o outro, a poesia é uma arte da solidão. O criador e sua cria, suas palavras e intenções devem ficar mesmo num círculo restrito, tenha ou não qualidade literária. A poesia, na sua capacidade de dizer o indizível, segue sua rota de colisão com a lógica do mercado e a alienação geral do público. E seduzindo os que sonham em jogar pedras de protesto com meiguice na ternura, enfiando lâmina afiada na opinião, conforme a visão de mundo de cada um.

Sou reincidente confesso. Vou publicar outro livro de poesia chamado “Balada do cavalo Mamão e seu cavaleiro andante” pelo selo SARVAP, uma editora fantasma como esse cavalo perdido na noite brumosa da fantasia. Já pensando em alguns truques para passar adiante os exemplares da obra. Tem um que meu amigo picareta Ameba ensinou: peço dez reais emprestados ao amigo. Quando ele me passar a grana, dou o livro como pagamento. Tem a história real daquele poeta que presenteou uma amiga com seu livro de poemas na brincadeira do “amigo secreto”. Sua “amiga” até hoje chora de raiva.

DEPOIMENTO DE LUCAS MARTINS




Sou suspeito pra falar desse cara simples, honesto, que dedica sua vida à cultura e luta bravamente para promover a integração de todos ao meio cultural. Fábio Mozart, quando o conheci fiquei meio desconfiado, achei que era de outro mundo. Hoje, tenho nele um amigo, um espelho.

Quando comecei a fazer parte do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, ele foi um dos que mais me incentivaram a continuar a cantar. Aprendi com ele a contestar as “verdades” aparentes, a não ser influenciado por qualquer ideologia, a tomar decisões pessoais. Aprendi a fazer teatro, a dançar, enfim, com seu incentivo comecei até a fazer matérias jornalísticas, editei meu blog, tornei-me capaz de entrevistar pessoas. Através do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar vim a ter contato com a literatura, principalmente com a poesia, na Biblioteca Comunitária Arnaud Costa, aumentando meu nível intelectual e meus conhecimentos.

A galera do meu tempo reconhece e admira o valor desse Mozart, o seu interesse em divulgar nosso passado e nossas figuras marcantes como Sivuca, Zé da Luz e tantos outros. Sou um artista que me considero fruto dessa persistência de Fábio Mozart.

A Fábio todo meu respeito e admiração pelo seu trabalho mais que louvável. Ao poeta, teatrólogo e especialmente ao estimulador de novos talentos.

Lucas Martins

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

12ª Regional de Ensino realiza Mostra Cultural nesta sexta-feira


A 12ª Regional de Ensino, que tem como sede Itabaiana, realiza nesta sexta-feira, 23 de agosto, a partir das 16h, na Praça Epitácio Pessoa, a 2ª Mostra Cultural.
A ação objetiva apresentar à sociedade o trabalho desenvolvido pelas escolas da rede de estadual em Itabaiana, e vai homenagear artistas regionais. O evento envolverá cerca de mil pessoas, entre as quais alunos, pais, diretores, coordenadores, supervisores e técnicos de escolas, além de visitantes.
De acordo com Das Dores Neta, uma das organizadoras, a ação também visa proporcionar um momento de integração e interação entre as escolas da rede de ensino e promover o reconhecimento e divulgação de artistas e escritores locais junto às novas gerações. Serão homenageados, entre outros, o jornalista Arnaud Costa, o poeta Orlando Otávio e o dramaturgo Fábio Mozart.
Durante o evento, haverá apresentação de tendas com os trabalhos realizados pelas escolas junto aos artistas e ainda um concurso de quadrilha junina com premiação de 1º lugar. Carrinhos de pipoca e forró pé de serra também serão oferecidos aos presentes. "Além de integrar a comunidade escolar, a mostra proporcionará atividades direcionadas para a melhoria e qualidade do ensino, buscando despertar nos alunos a cultura, por da pesquisa da vida e obra dos artistas homenageados, criando, dessa forma, perspectivas positivas de crescimento pessoal e intelectual desses estudantes", explicou Das Dores Neta, que também exerce o cargo de Presidente do Conselho Municipal de Cultura.