Neste blogue não
falo de assuntos privados. Se falasse, diria que tomei uma atitude para 2013:
vou repetir a agenda. Explico: usarei a mesma agenda de 2012, percorrendo os
mesmos dias, revendo as anotações, os compromissos, aniversários de amigos,
pseudos vitórias e derrotas, ganhos e perdas, contas a pagar e compromissos.
Talvez seja este o
último dia da criação. Temos que provar por A mais B, o que mesmo? “Você está
preparado pra morrer?”, perguntou o Testemunha de Jeová na manhã ensolarada e
materialista. Devido a causas misteriosas e não ao subdesenvolvimento, milhares
de crianças estão morrendo neste último dia do ano, e eu só quero saber do que
pode dar certo. Num clima de angústia e embuste, milhões fingirão alegria e
comemorarão a passagem do ano. Não vou abafar minha sensação de culpa, porque
culpa temos no cartório. Minha agenda mostra anotações de muitos erros, alguns
acertos. Vou repetir a agenda para não repetir os erros, as hipocrisias. Acha
que vai dar certo? Eu penso que não. Porém, querendo ou não, temos que
continuar, no erro ou no acerto.
A verdade gritante:
“Todo mundo sabe que nada vai mudar! A política é a mesma, o poder é o mesmo, a
polícia é a mesma, a mentira é a mesma, a traição é a mesma, a putaria é a
mesma! 2013 é apenas mais uma brincadeira capitalista” – Pedro Osmar.
Na última crônica
do ano, anotar que homens astutos e mulheres mecânicas estão planejando seus
podres projetos. Lá no fundo, uma voz
grita que não estamos completamente perdidos. Somos todos amadores, sem
planejamento sofisticado. Melhor seguir o trajeto anterior, remarcar a agenda,
para continuar sendo a fina flor da ética e do saber na sociedade, sem o perigo
de marcar novidades numa folhinha nova. Refazer a vida, trilhar os mesmos
caminhos, apagar as anotações chocantes, na nossa missão de vermes
insignificantes que somos.
Também lembrar de
rasgar os pedacinhos de papel, jogar no lixo uma partícula de bosta, alguns
pedaços de miolos de cérebro, sinal de vida coagulada, um riso partido, um
santinho, um talo de capim, uma pena de pavão, uma prece, uma conta a quitar,
um chiclete, uns fios de cabelo, uma asa de inseto não identificado, uma foto
do amigo que morreu e um fio de pensamento à procura de Deus.