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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Papa-cu, papa-figo e papangu


Um dia, em mesa da pensão de Nevinha Pobre, no cabaré de Itabaiana, estávamos tomando goró eu, Sanderli, Pedro Lourenço, Zenito Oliveira, Idalmo da Silva e Biu Penca Preta. O goró devidamente acompanhado por feijão verde com coentro e pedaços de carne de jabá. A conversa girava em torno de religião. Na época, todos éramos adeptos de um agnosticismo nebuloso. Hoje, meu compadre Sanderli professa a fé evangélica dos pentecostais.

O lero-lero nos levou às posições corajosas de D. José Maria Pires, arcebispo da Igreja Católica, na ocasião em plena guerra contra os meganhas da ditadura na frente de luta de Alagamar, conflito agrário ocorrido em Salgado de São Félix. Essa Igreja dos pobres e desvalidos tentando saldar a dívida social enorme, com sua opção preferencial pelos miseráveis e injustiçados do terceiro mundo, era nossa igreja. Mas a Igreja dos preconceitos e dogmas ultrapassados não merecia nosso respeito.
Lembro que Sanderli, estudioso de papas e suas safadezas, informou: “O Papa Estevam V afirmou com todas as letras que os papas, como Jesus, são concebidos por suas mães ao serem engravidadas pelo Espírito Santo. Todos os papas são uma espécie de homens deuses, com o propósito de serem mais capazes de servir de mediadores entre Deus e a humanidade. Todos os poderes do céu e da terra lhes serão concedidos”. Apesar de semideuses, os papas sempre gostaram de apoiar regimes como o nazismo e o fascismo.

A esperta Igreja ficou milionária, com a criação do IOR (Instituto per le Opere di Religione), o maior, mais fechado e mais secreto Banco do mundo, do qual o Papa é o único e exclusivo operador. Na verdade, um grande centro de “lavagem de dinheiro”. O Vaticano é o único estado do mundo que não tem cidadãos natos, desde que os sacerdotes e freiras são proibidos de procriar e jamais nasceu qualquer criança dentro daqueles 44 hectares. Estado teísta, machista e que, segundo os papas, pretende governar o mundo. Se Edir Macedo não chegar primeiro...

Sem muito interesse na conversa, Penca Preta encerrou o papo de papa:

--- Na minha família deu três papas: um papa-cu, um papa-figo e um papangu.

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