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domingo, 11 de abril de 2021

POEMA DO DOMINGO

 


Leprosário Brasil

 

Escoando, sigo o fluxo

Não sei se da consciência

O coração percutindo

Em uma estranha cadência

Brasil jamais foi nação

Diz o crânio em deprimência

 

Na guerra das bactérias

Mataram o povo nativo

Com mais de mil etnias

Um ou outro restou vivo

Sífilis, bexiga e gripe

Nesse massacre massivo

 

Eliminou nosso índio

Que viveu a pandemia

Do vil colonizador

Infecciosa sangria

O primeiro genocídio

Que aqui ocorreria

 

Minando o sistema imune

Alastrando a endemia

Branco chacinou o índio

Do Rio Grande à Bahia

E o que restasse vivo

Metralhado ele morria

 

Depois vieram os escravos

Já no navio negreiro

Era grande a mortandade

Por esse horror brasileiro

De sarampo, gripe e fome

Em processo carniceiro

 

Enfermo sobrevivente

Era jogado ao mar

Chegando em terra firme

Por não se adaptar

Ao sistema escravocrata

Era grande seu penar

 

Genocídio por torturas

Tiros, decapitações

Estupros e homicídios

Mortes pelas privações

Escravos subjugados

Em cruéis humilhações

 

Agora o Coronavírus

Invadiu a possessão

Aqui chamada Brasil

Em grande tribulação

Eis que o Messias da Morte

Se arvorou Capitão

 

De uma massa devota

Mistura de fanatismo

Com ignorância densa

Tolo é seu catecismo

Negando todo saber

Em teimoso ceticismo

 

Certo é que a “gripezinha”

Já matou 300 mil

O país empobreceu

Sob as ordens de um imbecil

O mundo só quer distância

Do leprosário Brasil


F.M. 

 

 

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