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quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Cordel vivo



Nesta quinta-feira, 26 de setembro, a Academia de Cordel do Vale do Paraíba lança a coletânea “Cordéis acadêmicos”, com folhetos de vinte poetas da entidade. Tem folhetos históricos, pilhéricos, espirituosos, histórias do romanceiro popular, homenagens e narrativas inspiradas no imaginário nordestino.
Marconi Araújo assevera que se trata de um diamante a se reinventar através desta literatura que está no rol do patrimônio cultural imemorial brasileiro. Os cordéis desta coletânea transitam desde a lenda de Branca Dias, passando pela alegoria de uma visita ao céu, depois desce à terra para se envolver numa briga entre Ariano Suassuna e o MC Merda Seca, enveredando no Reino da Geometria e na paixão de um menino pela moça sexy do calendário, emburacando feira a dentro à cata de reminiscências dos mercados e feiras livres do interior, relatando a grandeza de poetas como Aderaldo Luciano e noticiando casos exóticos em manchetes anedóticas: “O professor que ensinou a um jumento e outro mestre que matriculou um macaco prego”.
O fato é que os cordelistas continuam na estrada, hoje sem sua banca na feira, mas sempre em prol de causas humanistas, contrapondo-se a essa forte corrente obscurantista atualmente dominante no Brasil. Grato aos nobres poetas que acreditaram no projeto. Vamos solidificando essa Academia com a produção dos trovadores populares.
Termino citando o cineasta paraibano Bertrand Lira: “Produzir arte, de um modo geral, é um ato de resistência nos dias de hoje, frente aos ataques raivosos e conservadores desse governo, na contramão dos países civilizados que já descobriram, há séculos, que não se constrói uma grande nação sem educação, ciência e cultura”.


segunda-feira, 23 de setembro de 2019

MULTIMISTURA - 21 a 28 de setembro de 2019


MULTIMISTURA, o DNA da fuleragem, inaugura o sistema Multi Bar falando direto de Maceió, Alagoas.
RESUMO:
BLOCO 1 – Vereadora de João Pessoa apresenta projetos polêmicos, entre eles o que cria o “sanitário da família” e a segregação oral sexual bestial pentecostal.
BLOCO 2 – Beto Palhano apresenta o DNA do crocodilo batráquio no Dia da Sinceridade onde o trabalhador acha bom ter seu salário congelado porque “dura mais, sem perigo de apodrecer”.
BLOCO 3 – Dalmo está em Maceió no boteco da Lu bebendo Pitu, chupando caju na lagoa de Mundaú e tomando... água de coco.
BLOCO 4 - Onde se anuncia a transa gospel, a traição gospel e outras safadezas não tão gospel, igual aos milionários acordos e mamatas do Véi da Havan e da Itaipava que rolou dívida com o Governo por mais de 2 mil anos. 

 

BLOCO 1
https://anchor.fm/dalmo-olivei…/…/multi-207-bloco-01-e5gju8…

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

QUEM LÊ MEU LIVRO




Palmira Palhano
Possui graduação em Licenciatura em Educação Artística pela Universidade Federal da Paraíba (1990) e mestrado em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (2006). A partir do ano de 1995 é Professora do ensino básico, técnico e tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB). Tem experiência na área do Ensino de Artes, com ênfase em Teatro na Educação, Atuação e Direção Teatral.
Este é o currículo de Palmira Palhano, uma das melhores atrizes da Paraíba nos últimos tempos. Ela subiu ao palco pela primeira vez aos doze anos de idade no Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana (GETI), dirigida por mim na peça “Auto da Paixão”.


domingo, 15 de setembro de 2019

Vai na fé, irmão das almas!



O compadre velho Dalmo Oliveira foi consagrado como Embaixador da Palavra, título que recebeu de uma organização literária da Espanha. Nós, da confraria dos embaixadores da pinga, da Associação dos Sonhadores, Sindicato dos Biriteiros Alternativos, Academia dos Poetas Putos e Lisos, assembleia dos alcoolicos devidamente identificados na caderneta do fiado do bar de Carrá sentiremos a falta deste ilustre companheiro que vai dar um tempo na beira da lagoa do Mundaú, em Maceió.
Dalmo Oliveira de Xangô é um cabra meio assim apoetizado. Explico: faz da vida um eterno começo de festa, um libertário que evolui para saltimbanco fazendo piruetas para a plateia no fio da meada de uma vida frágil. Quando tinha oito anos, o médico atestou que teria poucos anos de vida. Por ser uma pessoa dessas que avivam a brasa da existência, mesmo que o carvão se extinga, foi enganando a morte com a emoção dos primeiros passos e a exuberância dos ligeiramente ébrios da vitalidade eletrizante esboçada em cada sorriso no palco utópico de la vida.
Por ter represado tantos sonhos vida a fora, Dalmo acumulou um belo açude de ideais quiméricos pra ir soltando devagar nas terras alagoanas. Arrisca virar patrimônio imaterial da terra dos marechais, para desgosto de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Certeza pautar solares assembleias e saraus às margens das lagoas do Mundaú, da Manguaba, do Gunga e outros brejos menos votados, acabando por expor seu orgulho de afrodescendente nas calientes águas da praia do Francês.
Vai na fé, irmão das almas, que tens o dom e a capacidade de abraçar o mundo e ainda sobra espaço para entrelaçar-se com a hombridade e escancarar portas e janelas da autoestima. Em novembro estaremos no Maceió para visitação cultural, com uma caravana de poetas cordelistas da Paraíba. Faremos um sarau com as personagens do mundo artístico popular alagoano. Portanto, você tem três meses para se enturmar com tudo que é de poeta de feira, filósofo de mesa de bar, cantor de pé de parede, locutor de rádio pirata, parceiros do cordel, sons nordestinos do tipo Banda Oxe, uns malucos que acabo de ouvir, uma percussão arrebatadora batendo na lata do pop, reggae e rock bebendo feito doidos na fonte das tradições populares. Pelo que vi, Alagoas tem coisinhas quentes pra agasalhar um espírito libertário de um Dalmo de Xangô. Esse encontro será mediado por Joacir Avelino, paraibano de Itabaiana que está há séculos radicado em Maceió.
Axé pra Dalmo de Xangô e até a próxima edição para recomeçarmos as solenidades multimisturadas da rádio Zumbi. Dalmo vai conhecer gentes e traduzir lugares. Mas, principalmente, vai furar as fronteiras geograficamente não identificadas do humanismo e da cultura.


domingo, 8 de setembro de 2019

POEMA DO DOMINGO



Otto Cavalcanti nunca falha
com seu pincel feito navalha”
---
Anarco poeta
Otto te ilustra
E descompleta
__
De todas as cores
uma reflexão
sobre nossas dores
---
Óleo sobre tela
vida sub tinta
belo sob tutela
---
Do Brasil à Catalunha
nossa incivilidade
acabrunha
---
Hispano brasileiro
pictoricamente
um estrangeiro
---
Música e movimento
robótica e natureza
seu alimento
---
Orgulho catalão,
o mestre em sua terra
cromatiza solidão
---
Em coletiva
a individualidade
rediviva
---
Pintor colorista
estrangula a vida
dúbio chargista
---
Cavalheiro da arte
fez da essência
mote e estandarte 




 




Exposição de OTTO CAVALCANTI




No dia 5 de setembro fizemos a abertura da exposição de Otto Cavalcanti no Casarão dos Azulejos, em João Pessoa. O pintor Thiago Alves, conterrâneo de Otto, falou sobre as características da obra de Otto Cavalcanti, focando na ideia da poesia da pintura dentro do espaço, cor, linha e forma do objeto visual.

Otto nasceu em Itabaiana e faleceu em Barcelona, Espanha, no dia 2 de julho de 2019. Artista visual com forte aceitação no universo artístico da Europa, Otto foi nomeado cavalheiro do Estament de Cavallers Hospitalaris de Sant Jordi, em novembro de 2013, em reconhecimento à sua longa carreira profissional e sua relação cultural com a Catalunha. Foi cavaleiro da Placa Principal da Ordem Hispânica Imperial de Carlos V (Informações do seu blog pessoal). Em sua terra  natal, Itabaiana, não encontrou nenhum espaço para expor sua arte aos seus conterrâneos.

Depoimento da amiga Maria Luisa Pujol: “Otto Cavalcanti é um grande artista gráfico, cartunista e um pintor colorista muito imaginativo, inquieto e inovador. Ele se mudou em várias linhas de trabalho, sempre buscando a perfeição que ele sabia que jamais alcançaria, porque considerava o inimigo da ação e seu trabalho artístico não tinha prazo de validade. Como pessoa, ele era otimista, de uma alegria contagiosa, extrovertido, simples, uma alma livre, com grande senso de humor. Ele dividia o coração entre Itabaiana, sua cidade natal na Paraíba, Barcelona e o Mediterrâneo”.

sábado, 7 de setembro de 2019

Neste Sete de Setembro


Senhor da terceira idade
Neste Sete de Setembro
Com atrofia no membro
Chora com grande saudade
Do tempo da mocidade
Quando vivia feliz
Com energias viris
Gritando: viva o Brasil!
Hoje a pátria está senil
Engolindo abacaxis

Retratado: Bento Júnior - Retratista: Marconi Araújo



O dia em que João Agripino entupiu o general


João Agripino Filho nasceu em Brejo do Cruz, na Paraíba, fruto da família Maia que, dizem, era mais braba do que cascavel de resguardo. Foi governador da Paraíba, indicado pelos generais da ditadura em 1966. Independentemente de seu intenso envolvimento com os milicos golpistas, não prestava continência fácil pra chefete militar. Se você presta serviço a um regime absolutista, o bom senso diz que deve ser flexível e submisso. Com o “mago” não era assim que a banda marcial tocava, segundo leio aqui no livro de Biu Ramos, “Agripino, o mago de Catolé”.
Numa ditadura, devem os cidadãos castrados dos seus direitos elementares ser obrigatoriamente humildes e ordena a sabedoria que eles tudo façam para não contrariar o guarda. Eleito governador, João Agripino fez visita de cortesia ao general Euler Bentes.

---- Lamento que o senhor esteja cercado de alguns corruptos – disparou logo o general.

---- Sei de quem o senhor está falando – rebateu Agripino. – O senhor se refere a Pedro Gondim e Severino Cabral, não é isso?

Confirmada a cisma do general, João Agripino explicou:

---- Com relação a Pedro, realmente ele realizou despesas sem dotação orçamentária mas, posteriormente, essa falha foi corrigida dentro do prazo legal. Quanto a Severino Cabral, ele foi prefeito de Campina Grande, e como homem de instrução primária, resolveu comprar uma padaria para doar pão aos pobres, sem pedir autorização da Câmara. Mas, ninguém pode acusa-lo de ter botado um tostão no bolso e eu não considero que isso seja corrupção.

O general Euler Bentes, no seu desenho mental de rígida honradez militar, não concordou com o governador. Foi nessa ocasião que Agripino investiu na jugular castrense:

---- Se o senhor general acha que tem corrupção nesses casos, deve considerar os ex-chefes do Grupamento de Engenharia em João Pessoa como corruptos. Fui da Comissão de Orçamento do Senado Federal e nunca aprovei a liberação de um centavo para a construção de casas para militares. E aqui tem uma vila militar, dinheiro que deveria ser empregado na construção de pontes e estradas.

O general agravado ficou vermelho feito a simbologia comunista, que detestava, fez meia volta volver e saiu do recinto.

Garante Biu Ramos que João Agripino foi um político diferente e fez um governo diferente. Figuras girassoláicas da atualidade afiançam que o mago de Catolé tem tudo a ver com o mago de Jaguaribe, mas, “dá-se os causos”, como diria Doutor Penico Branco. O indomável rebento dos Maia gostava de peitar os fardados. Agripino apoiou o golpe militar, mas não sentia muita simpatia pelos possantes e beócios generais no auge do autoritarismo fardado. Em seu livro, Biu Ramos narra um confronto perigoso. Um grupo de estudantes resolveu apoiar a candidatura de João Agripino, o que irritou o Exército. Proibiram a passeata da galera porque “era proibido estudante fazer política”. João mandou um recado ríspido para o general Euler Bentes: “Se quer dissolver a passeata, venha pessoalmente, mas venha armado porque eu também estou armado e um de nós dois ficará ali, na praça”. O general não apareceu na praça de guerra.



domingo, 1 de setembro de 2019

POEMA DO DOMINGO




Dormece o disco-jóquei
no abandono
roncando em estéreo e mono
em alto e bom sono.