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quarta-feira, 1 de maio de 2019

ORELHA DO LIVRO DE THIAGO ALVES



Um livro não precisa de orelhas porque não pretende usar óculos, conforma chacota de um tal Maciel Caju, crítico de fancaria. Este livro carece de orelhas porque ele é um produto mental de um sujeito que construiu sua reputação dentro dos preceitos do conservadorismo. Tudo certinho conforme as normas, respeitando a tradição e os bons costumes em suas várias dimensões. É um livro de poemas regionais com toda sua carga humana e reflexiva, um lirismo presente em sua linguagem e em seu conteúdo com forte carga de humor, o que é mais interessante.
A pesquisadora Mariella Masagão diz que, desde que os poetas aboliram o verso, a rima e a métrica, a poesia brasileira vem ficando sisuda e hermética. Não sei se concordo. Entretanto, onde é que você vai encontrar o humor mais puro senão nas cantorias dos repentistas e nos folhetos de feira? Cordel é uma narrativa poética popular escrita com métrica e com rimas soantes. É nessa fonte saborosa onde bebe meu compadre Thiago Alves, por isso sua poesia não é carrancuda.
Thiago Alves é um poeta cuja obra está em progresso. Vai maturar ainda, dentro da sazonalidade própria da arte. Por enquanto, essa primeira safra mostra que o cultivo foi sereno em nome de uma poética autentica, humilde e encantadora. Lavrando seus textos com a enxada do amor telúrico, Thiago Alves fixa seu ponto de vista poético com temas da intimidade de suas coisas e espaços de vivência. Incluindo aí sua experiência pessoal com o sagrado.
Conforme o protocolo, aqui vai meu texto de admiração de quem conhece o artista desde tempos imemoriais quando juntos cultivávamos os versos brutos do trabalho comum na estrada de ferro. Desde então, Thiago Alves vem revelando sua sensibilidade e inteligência emocional para brincar com as palavras e conduzir seu trem no ramal do lirismo.



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