A POESIA DE MARCUS ALVES
Li tudo que era surrealista
e não me assustei.
mas um rinoceronte azul passou
diante do meu olhar e,
temeroso, corri para os braços
agrários da
minha mãe.
***
Como eu queria um tempo de
justiça e paz
Como queria um tempo de ar e
solidão
Herdei um tempo de fezes e girassóis
mortos.
Vou resistir.
***
Perdi-me em algum lugar da noite.
Em algum labirinto da alma
Esqueci meu nome, minha vila,
meu Deus. Fui pop, punk, hip hop e hoje,
procuro algum poema no silêncio do cerrado.
Vejo uma árvore amarela.
É um começo.
***
Eros
não tive pecado na veia
uma cobra passou e esqueceu
meu tornozelo
estive fora da vida em chamas
estive fora da vida em chamas
agora fiz um parafuso sem fim
entrei
o olho ainda fechado
não vi o velho morto de barba
branca
também a zelosa mulher que
vela
a luz de novembro
alpargatas sob a cama
Eros dança entre lençóis
a tela neon avisa:
somos milhões de pequenos
sapatos
e um poema final conversado
com Deus
antes do desespero sobre o
beijo traído.
com zelosa mulher do inferno
Eros dança entre
lençóis
Sinto falta do poema
Nesses tempos de inteligências artificiais
Outro dia minha máquina de lavar gritou
comigo.
Como estava emocionado demais,
Nesses tempos de inteligências artificiais
Outro dia minha máquina de lavar gritou
comigo.
Como estava emocionado demais,
Chorei
E fui dormir.
E fui dormir.
Marcus Alves
Antônio Marcus
Alves de Souza é doutor em Sociologia e Mestre em Comunicação pela Universidade
de Brasília. É natural de Itabaiana (PB)
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