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quinta-feira, 30 de junho de 2016

Fábio Mozart declara-se oficialmente pai de mais quatro “filhos”


Será hoje, quinta-feira, às 20 horas, na Câmara de Vereadores de Itabaiana, lançamento de quatro produtos literários deste que vos alardeia. Os trabalhos: um livro de poesia, um livro de teimosia, um folheto de valentia e um livro de putaria.
Meu “Laranja romã” ficou delicado e belo, com capa de minha competente autoria, posto que a humildade não é o meu mal. O Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, nos seus sete anos de batalha pela difusão cultural na terra de Abelardo Jurema, mereceu registro no livro “Cantigas de despertar”. “Aventuras de Biu Penca Preta no reino da fuleragem” são crônicas de humor que você pode olhar, dar risada, reconhecer-se entre alguns personagens, sentir saudades de uma Itabaiana comoventemente pacata e gentil, nos belos e delicados anos 60/70 que só compadres do nível nostálgico de Valdo Enxuto e Erasmo Souto podem avaliar.
Por fim, espalho no mercado editorial alternativo da literatura de cordel o folheto “Chico Veneno, o homem que intoxicou a burguesia”, dedicado à memória de Francisco Almeida, um jornalista e ativista político de Itabaiana que fez história na terra de Pedro Fazendeiro, militante das Ligas Camponesas. Fiquei contente pelo resultado desses trabalhos, agradecendo aos colegas que me auxiliaram nessa tarefa de montar esses livros e servir de conteúdo para todos eles.
Sou um escrevinhador sem cobiça literária. Não acho legal vender livros. Gosto desses danados, e a gente não vende o que ama! Os livrinhos lançados hoje custam uma merreca porque são distribuídos por uma editora que cobra seu preço de manufatura. Os livros que consigo emplacar através de editais públicos, distribuo com a galera. Sou um homem da literatura sem copyright, disfarçado de vendedor de folheto de feira.
O “Laranja romã” pertence aos seguintes leitores especiais:
Arnaud Costa
Carlos Alencastro Cavalcanti 
Adjamilton Luis Lira Lopes 

Hipólito Lucena
W. J. Solha
Jandira Lucena
Pádua Gorrión
Osório Cândido
Luiz Antonio Silva
Margaret Bandeira
Fernando Abath
Jurandi Pereira Filho 
Vladimir Carvalho
Adeildo Vieira
Marcus Alves  
Maria do Socorro Gomes de Araújo
Sander Lee
José Lusmá Felipe (Poty)
Telma Lopes
Juarez Meneses
Jocemir Paulino
Das Dores Neta
José Walmir Ferreirinha
Josafá de Orós
Jairo Cézar
João Dimas Sousa
Evanio Teixeira
Luciano Marinho
Erasmo Souto Camilo
Renaly Oliveira


sexta-feira, 24 de junho de 2016

4º bloco do MULTIMISTURA

MULTIMISTURA volta na Rádio Zumbi dos Palmares, a difusora virtual.
-- Começa falando do juiz Moro e da imprensa torta.
-- Em Cabedelo, a carne é fraca. Leto Viana, o prefeito, compra carne para a Prefeitura em Jaguaribe, numa micro-empresa onde Luciano Cartaxo também compra seus bifes.

-- Ivaldo Gomes defende posição política do governador Ricardo Coutinho.

-- Lavagem mal explicada. Cartaxo usou dinheiro da saúde para fazer uma lavanderia.

-- Músicos e ativistas sociais no Ocupa Geisel (29 e 30 de julho)
Com Fábio Mozart, Dalmo Oliveira e Ivaldo Gomes. 

Se liga aí no MULTI (4º bloco):
http://www.radiotube.org.br/audio-4745bUQi2YPol


quinta-feira, 23 de junho de 2016

QUANDO UM BURRO SE EXPRESSA, OS DEMAIS URRAM EM PROTESTO


Os meninos do MULTIMISTURA se encontram de novo neste Bloco 2. Assuntos ventilados:
-- Quebradeira da OI. Ivaldo Gomes cai de pau na safadeza da privatização. O trem foi privatizado e acabaram com a malha ferroviária.

-- Ciclovia dissolve na água em João Pessoa. Ivaldo Gomes: “vamos agir!” Barreira do Cabo Branco cai com as marés e aponta para a Estação Ciência.

-- Cida Ramos critica transporte público em João Pessoa. Multimisturistas discutem o tema.

-- “Luciano Cartaxo é um prefeito medíocre, mas não chega a ser dos piores”

-- Zanoni Yberville é o filósofo maluco citado neste bloco.



quarta-feira, 22 de junho de 2016

Para você que se aposentou há pouco tempo


Se me perguntarem em que eu sou especialista, vou dizer, meio envergonhado, que sou experiente e mestre na arte do ócio, que é o estado permanente de descanso, ou seja, vadiação em tempo integral. Na verdade, me aposentei com 45 anos, por ter trabalhado a vida toda em serviço insalubre. Hoje estou com sessenta, então imagine quinze anos sem compromisso com horário, numa inatividade criadora que me rendeu oito livros e muitas outras ações prazerosas.
No Supremo Tribunal de minha consciência, não fui achado em pecado de preguiça. Só faço, entretanto, o que me satisfaz, na hora em que me apraz e com a metodologia que me agrada. Acordo de madrugada para escrever e ler ou realizar alguma tarefa marcada na minha agenda super móvel. Pense numa agenda maleável!
Amiga minha cumpriu o seu ciclo laboral e se aposentou. Inicia-se uma nova fase de sua vida. Está ainda meio que desnorteada pela quebra da rotina. Não sabe o que fazer do seu tempo, agora realmente propriedade dela. Deixou de vender sua força de trabalho e seu tempo, o que temos de mais precioso, que passa agora a ser unicamente ferramenta do seu prazer pessoal, ou assistente de suas debilidades psicológicas. O cineasta Fernando Pereira acredita que “quando alguém tem tempo demais, não está sadio. O normal é sempre ter tempo de menos”. Acho que se deve compreender também como tempo usado, aqueles momentos em que ficamos deitados na rede, pensando, sonhando, ou simplesmente descansando. Lição essencial para quem está entrando na vida do ócio: nada de ter aquela angústia de fazer, porque a questão é de paladar. Se você não está com apetite de comer a vida, não consuma seus períodos em tarefas que, naquele momento, não está disposta a realizar. Deixe aquela fatia de lazer na geladeira, para quando tiver fome. Nada de precipitação, que a folga é a perder de vista mesmo! A vadiagem está apenas começando.
Um colega de trabalho passou 30 anos cavando buracos no chão duro para enterrar dormentes e alinhar trilhos ferroviários. Empreitada cansativa e estressante. No dia após a aposentadoria ele voltou ao trabalho, às cinco horas da manhã, como fazia todos os dias. Para os colegas, explicou: “Não tenho nada o que fazer em casa, vim trabalhar.” Viciado na rotina de trabalho, o rapaz não soube experimentar o ócio construtivo. Aí é da formação e da predisposição de cada um. Há aqueles que passam a desenvolver habilidades que o trabalho não permitia. Outros renovam ou criam relações sociais, antes impossíveis pela ocupação. Na aposentadoria, a gente passa a se reconstruir no sentido humano, regenera as forças e abastece aquilo que chamam de princípio vital.
“Nada é completamente bom, nada é completamente mau”, diz a fraseologia do óbvio ululante de que falou o mestre Nelson Rodrigues. É comum a gente encontrar aposentados jogando dama na praça com os coleguinhas da “melhor idade”, com sintomas de depressão. Claro que são circunstâncias particulares, mas, em muitos casos, a aposentadoria pode até matar. Pesquisa do site da BBC de Londres conclui que, em média, os aposentados sofreram alguma doença no período de seis anos após a aposentadoria. Hipertensão, doença do coração, enfarte e artrite são comuns. Depressão também. Eu, pessoalmente, acho esses estudos um despropósito. Claro que as pessoas tendem a ficar doentes com o passar do tempo. Essencial para nós, aposentados, é manter o estímulo mental e social trazido por um trabalho que seja prazeroso. Importante manter a interação social. Nada de se isolar.
A sociedade olha de esguelha o idoso em geral, o aposentado, aquele que não está mais compondo a força de trabalho. No fundo, é preconceito. Implicam conosco porque somos “livres”. O homem nasceu para ser livre. É a lógica da vida, e tudo o que é lógico não se encaixa na realidade burocrática e capitalista. Mande às favas essas rejeições e vá curtir a “melhor idade” com força e com vontade. Mereça o regalo que o acaso lhe oferta.



terça-feira, 21 de junho de 2016

ANÚNCIOS DESCLASIFICADOS


Recebi esses anúncios do professor Thimpor e passo de graça para vocês, que hoje é dia de graça.


VENDO - Objeto voador identificado: a sandália de minha mãe. – Rua do Escorregou ta na porta, s/n –
 
SEM LIMITE PARA SOFRER - Está ruim? Chama o Ameba. Ele piora!

Libertário procura libertina para libertinagem autônoma.

A VOZ DA RAZÃO procura voz kafkiana para dueto incongruente.

Troco internet de alta velocidade por cartinha perfumada e manuscrita, entregue por carteiro velho e poético.

Dou aulas de rock progressivo. Conforme a evolução do aluno, aumentarei as mensalidades. Recomendo calma. O céu é o limite para o rock progressivo.

Compra-se um exemplar autografado dos dez mandamentos.

Sua saúde começou a degringolar? Tome chá de peçonha. Garantia de resolução dos problemas em menos de um dia.

CONTRATE SEU FUNERAL - Todos os preparativos para comemorar o seu centésimo aniversário foram cancelados.

ESCRITÓRIO SENTIMENTAL - Corremos atrás de um rabo de saia ou apenas de um rabo, para você.

CONSULTE NOSSO PAI VELHO – Ele é tão velho que, quando era uma criança, o Mar Morto só estava doente.

VENDE-SE teste de paternidade para mulheres suspeitas.

VENDE-SE um animal desgarrado da cadeia natural biológica.

Coragem – Compro ou alugo. Dou como garantia 18 anos da mais absoluta covardia. Não aceito ousadia nem perspicácia. Tratar com Rutildo – Rua Trindade, s/n – Ilhéus/BA.

Aviso – Quem avisa, amigo é. – Avisador Misterioso – Londrina/PR.

Mãe – Em ótimo estado, pura como um anjo, cabelos encaracolados, meio gordinha. Não surra ninguém, cozinha pra chuchu e abre a porta pra gente de madrugada. Vendo ou troco por tia bem apanhada que saiba engomar camisas e cuecas. Falar com Romão, no Bar Peixe Frito – Rua Anatole France, 123 – Castro/PR.

Bicho-de-pé – Para senhoras e cavalheiros, de todas as espécies. Não vicia, não tem contra indicação e dá saúde e alegria, além daquela coceirinha gostosa no dedão. Temos também a última novidade europeia, que é um bicho-de-pé sentado, em diversas cores e tamanhos. Atendemos aos sábados e domingos, depois do Programa Sílvio Santos. Tratar com Vadico – Rua Cristo Rei, 240 – Curitiba/PR.

Problemas – Resolvo todos, desde palavras cruzadas até equações complicadas e brigas de rua. Salete. Rua Caramaí, 11 – Itú/SP.

Aviso –O cão é o melhor amigo do homem, quando a onça não está por perto.  Avisador Misterioso – Londrina/PR.

Bicicleta – Jogador de futebol, 35 anos, especialista em gols de bicicleta, oferece-se para trabalhar em qualquer time que esteja precisando desse tipo de atleta. Faço gols de escanteio de olhos fechados. Sebastião “Foguetinho”- Rua Ases de Cataguases, 456 – Alfenas/MG.

Pirâmide. – Em perfeito estado, localizada no Egito, cercada de areia por todos os lados, três quartos, suíte, 1.028 salas, 3.450 banheiros e garagem para 14.000 carros. Totalmente financiada em 40 séculos, entrada parcelada. Imobiliária Quéops – Rua Ivaí,s/n – Itararé/SP.

Aviso – Os últimos serão os primeiros, mas a porta já estará fechada. – Avisador Misterioso – Londrina/PR.

Pão de Açúcar – Vendo. Excelente localização. Preço a combinar. Aceita-se o Cristo Redentor como parte do pagamento. César Stradivarius – Rua Morgue, 2 – Alfenas/MG.

Óculos – Claros e escuros, todos com vista para o mar. Ótica Mirabel – Rua dos Alemães, 34 – Joinville/SC.



domingo, 19 de junho de 2016

POEMA DO DOMINGO


HAI-KAI DE LAU SIQUEIRA

Singularmente plural
Se queira ou não queira
Esse é o Lau

Descoberta de Lau:
Paraibanidade
É um bem natural.

* * *

HAI-KAI DE SANDER LEE

Esse tem pedigree
Para rogar por nós
Pastor Sander Lee

* * *

Bar do Clemente
Um cabaré
Quase inocente

* * *

Em tempestade oratória
Vai o tribuno inundando
A sua história

* * *

Bate saudade
Do que não houve
Desnovidade

* * *

Pés de onze-horas
Jardins de miosótis
Jardineiro de saudade

* * *

HAI-KAI DO ET SEM METRO

Não estamos sós
Jazem deitados em berço esplêndido
Ou entre nós.

* * *

Ausente de mim
Sou sinônimo de nada
Ou ideia afim

* * *

“sinto-me alegre e vivo”
Disse o ectoplasma
Inativo.

* * *

Não são as minhas
Essas mãos que plantam
Ervas daninhas

* * *

Moro em mim mesmo
Caminhos indormidos
Silêncio a esmo

* * *

Em confissão
Eu morro na ventura
De dizer não

* * *

Renascente viés
Caminhos deflorados
Só por meus pés

* * *

Era uma manhã
Espantada de sol
Desvestida de lã

* * *

A vida é só
cinquenta por cento
o resto eu invento.

* * *

Vivia a esmo
feliz e independente
redentor de si mesmo


F. Mozart

sábado, 18 de junho de 2016

“Alô comunidade” recebe Secretário de Cultura da Paraíba


O programa “Alô comunidade” entrevista hoje, 18, o poeta Lau Siqueira, Secretário de Cultura da Paraíba, para falar sobre sua gestão, problemas atuais da cultura paraibana e brasileira, entre outros assuntos.
O programa é produzido pela Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares e transmitido pela Rádio Tabajara da Paraíba AM (1.110 KHZ) replicado em rede de rádios comunitárias e portais da internet.
Produção e apresentação de Fábio Mozart e Dalmo Oliveira.
Ouça em tempo real a partir das 14 horas pela Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares:
Ou pelo site da Rádio Tabajara da Paraíba AM (1.110 KHZ):
Pode ser ouvido nos blogs

sexta-feira, 17 de junho de 2016

DEBATE SOBRE A PESQUISA DA ELEIÇÃO DE JOÃO PESSOA



“Multimistura dita a pauta do jornalismo paraibano”, exagera Dalmo Oliveira.

Perca seu tempo com prazer e alegria ouvindo a galera do MULTI:


quinta-feira, 16 de junho de 2016

Mais um bloco do MULTIMISTURA ao som transcendental do mantra que transmite a personalidade de Deus


Desempregado, ferroviário vira locutor de rádio de fundo de quintal e anuncia lançamento de filme de Jacinto Moreno. Ivaldo Gomes questiona escritor que publica livro que ninguém lê, cineasta que faz filme que ninguém vê, músico que produz CD que ninguém ouve, e por aí vai...
“Estação silêncio” relançado por Paulo Costa em João Pessoa. Livro do circuito alternativo de literatura, dia 15, às 19h na Budega Arte Café, papo filosófico e altas rotações de inteligência no ar.
“Ocupa Geisel” anuncia programação de atividades em julho. Cinema, capoeira, música e poesia. Zanoni Yberville foi citado. “O poeta é anti-gregário”, disse Dalmo Oliveira.
Papo sobre Elton Renê que recebeu de presente o PCdoB das mãos de Luciano Cartaxo. Em Itabaiana, o chefe do PCdoB é carola, rezador e devoto do catolicismo. Comunistas mudam de dono. Movimento comunitário é analisado.
“Jerry Jerry De Oliveira tomou água do volume morto e se lascou”, disse Dalmo Oliveira.
“Alô comunidade” com Sander Lee, no sábado, 18 de junho, conversando com Lau Siqueira. Ivaldo Gomes quer fazer “pergunta difícil” ao poeta Lau.
Sorteio de camisa da Escola Om de Yoga, oferta de Ivaldo Gomes.
Se liga no RadioTube:

quarta-feira, 15 de junho de 2016

MULTIMISTURA começa a semana com meditação

MULTIMISTURA volta com clima de paz e entorpecimento dos sentidos, com mantra sagrado cantado por Ivaldo Gomes que continua martelando em riba de Temer e sua galera, apesar de todo relaxamento e meditação.
Neste bloco, citados os sagrados nomes dos compadres Bob Motta, Quelyno Souza, comadre Das Dores Neta, Ricardson Dias, Walter Mario da Luz, Fernando Abath Cananéa e outros ouvintes fieis à doutrina Multimisturista.
Escute aqui:



segunda-feira, 13 de junho de 2016

Baião de três em Itatuba

 
Poeta El Gorrión com o trio "Carro de boi"

“Esta terra de enlevo e espólio, tão amada e de grande estirão”. Assim começa o hino de Itatuba (PB), criação dos poetas Pádua Gorrión e Sander Lee. Confesso que os versos não me animam a ouvir a melodia, mas sou admirador dos dois compadres, pelos motivos que passo a expor. No começo da década de 1990, Sander Lee foi mandado pelos Correios para trabalhar em Itatuba, onde morou por seis anos. Lá, conheceu Gorrión na igreja protestante, um rapazinho matuto, morador de um cangote de serra, que gostava de conhecer as coisas, tinha sede do saber, como diz a letra infame de outra dupla, Dom e Ravel, famosa nos anos de chumbo por cantar a ditadura e bajular os generais com seus acordes torpes. Era o “sertanejo lambe botas”, de muito sucesso na época.

Mas eu falava do poeta Sander Lee e sua vivência em Itatuba, antiga Cachoeira de Cebolas, cidade que serviu de berço ao escritor Sabiniano Maia. Conforme testemunho do próprio Sander Lee, o pastor aconselhava os jovens a não estudar, porque “estudo afasta a juventude de Deus”. Essa ojeriza à pedagogia não agradava ao poeta, homem de letras, ator de teatro e íntimo das artes em geral. Daí começou a espalhar o gosto pelo teatro e pela literatura entre a juventude protestante. Foi quando nasceu o poeta Pádua Gorrión, que virou professor, doutor em letras, cordelista de primeira linha e historiador de sua cidade. Dessa turma também se destaca Elcio Gomes, entre outros.

Pois fui visitar Itatuba com os poetas Thiago Alves e Sander Lee neste sábado, 11, de junho. Lá nos reunimos com Pádua Gorrión para organizar um sarau de poesia para o dia 16 de julho, sob os auspícios da Academia de Cordel do Vale do Paraíba. Depois, fomos perambular pela cidadezinha. Encontramos um trio “pé de serra”, orquestra típica de baião: sanfona, triângulo e zabumba. Era o “Forró Carro de Boi”, imediatamente contratado para o show dos poetas. O líder da banda, Louro Martins, passou cinco anos na cadeia por ter matado Maria de Zezo, uma “feiticeira” famosa na cidade. Motivo do crime: Maria de Zezo ameaçou matar o irmão de Louro por vias de trabalho de encruzilhada, com assistência direta de Zé Pilintra. No outro dia, deu-se o passamento do rapaz por morte súbita, o que gerou a tragédia. Típico caso de morte anunciada e prontamente vingada, com fortes sinais de mandinga e obscurantismo. Ou seja, pura ignorância, na língua dos locais.

“Pé de serra” é conjunto que foi criado pelo Rei do Baião, mestre Luiz Gonzaga. Dizem que o sanfoneiro apresentava-se no Recife com sua sanfona e uma zabumba fazendo o ritmo, quando viu o moleque vendendo cavaco chinês com seu triângulo, tingue... lingue... tingue... lingue... tingue... lingue. “Foi quando eu tive a ideia de casar a zabumba com o triângulo, deu certinho”, disse Gonzagão. Inventou uma orquestração original, criando o famoso trio “pé de serra”.

Que fim levaram o bloco de Leonel, o cinema de Salvador, a poesia de Zé Vital, a banda Dez de Abril, o cine Santo Antonio, o forró no Mercado, a seresta de Pai Santo, a folia da Serra Velha, o maracá de Mané Flexa, a difusora de Biu de Josa, o pastoril, o clube de Biu Tucano, o doce de Zé Preto, a sanfona de Briba, o cabaré de Vilú, o bozó de Pedro Aguado, os foguetões de seu Zuzinha, a venda de Pedro Campina, o trompete de Zemar, o pandeiro de Joaquim Gama, a reza de Zefa Borges e tantas outras manifestações culturais itatubenses? Assunto para a próxima crônica. Além de manter contato com esses artistas populares e comer bode com feijão verde no pé da serra Velha, fiquei sabendo de coisas de minha própria vida que eu próprio desconhecia até então, entre outros mistérios. Aguarde!


domingo, 12 de junho de 2016

POEMA DO DOMINGO

Novos Hai-Kai do velho Leão



Lição de rua
essa massa assombrada
jaz nua e crua

* * *

Lição de casa
Gestante de emoções
Desfaz-se e vaza

* * *

A vida em flor
sinfonia do tempo
sem clave de dor

* * *

Navio a pique
Não tem choro nem vela
Após procela

* * *

Velório oco
Não tem choro nem vela
Morte à capela.

* * *
Escorrem águas
Na pia do lupanar
Inconfessáveis

* * *
Noite de junho
Imagem remissiva
Balão-ogiva

* * *
Mata em dezembro
Violência de cores
Se bem me lembro

* * *
O meu fantasma
Estremece com medo
De minha asma

* * *
 Ancoradouro
Em cais arremedo
De vã liberdade

* * *
Lição de esquina
Disfarce o vento e a saia
Da flor menina

* * *
Acareados
Tijolos aparentes
Ruinosos dentes

* * *
Ave sem pouso
Itinerário louco
Pousar não ouso