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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Excesso de merda no Facebook me faz curtir uma cartinha retrógrada


Aviso no Facebook: “Corto do meu círculo todo o tipo de gente idiota, preconceituosa, extremista, retrógrada, atrasada, fundamentalista de qualquer gênero, racista e os demais ignorantes de plantão.
Não tenho mais idade nem paciência para tanta idiotice e estupidez!
Tenho dito, se quiser ficar ofendido, problema seu!”

Esse é um dos muitos bilhetes postados no civilizadíssimo Facebook, uma espécie de reality show virtual onde as mal-comidas invejam as barangas desinibidas, as carentes metem o pau nas jaburus, os politicamente corretos atacam os “panacas reaças”, os tímidos postam fotos estranhas de remotas fantasias e os puxa-sacos puxam, evidentemente, os sacos de seus respectivos. O que chama a atenção, mesmo, é o festival de hipocrisia em assembleia permanente em defesa da honra, da moral e dos bons costumes.

Enfim, expomos o pior de nós, com as melhores das intenções. Os que são a favor de Dilma por exemplo, nem se tocam que aparecem como fundamentalistas de uma esquerda que já morreu e finge estar viva, agarrada com o esqueleto de uma direita que continua perversa e covarde. Os do contra se dividem entre aquela turma “sincera, mas radical”, de que falava o General Geisel, cumprindo uma prerrogativa dos extremistas que é de, ridicularmente, achar que o mundo não mudou e nem vai mudar e que continuamos no começo do século vinte, e os idiotas de Facebook que confundem discussão política com baixaria. Enfim, é o tal refúgio do canalha.

E eu, na minha missão de espalhar boatos, precisando ter uma base de “amigos” virtuais, vou tolerando essa versão moderna da vida como ela é, aproveitando pra, aqui e acolá, dar também meus recadinhos maldosos que ninguém é de ferro. No máximo, de bits, que são os impulsos elétricos do computador.

Somos todos anti-heróis da canalhice, no fundo. Preconceituoso? Um tantinho. Não gosto de gente rica, por exemplo. Essa raça é constituída de ladrões, na minha enviesada concepção. Noves fora alguns lances ousados aqui e ali, quem não é retrô, especialmente com essa nossa cara outonal?

Saudade das cartas, as de amor, de amizade, até de negócios. A gente podia ser demagogo, até sacana, mas no particular. Como diz o velho Xico Sá: “Só as cartas transmitem o real sentimento dos homens e a verdade de suas crenças e motivos”. Na grande rede cibernética, lemos as cartas coletivas de um Brasil galinha caipira que só cisca pra trás.


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