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domingo, 1 de fevereiro de 2015

ITABAIANA: O ESTRANHO CASO DA CIDADE QUE PAROU NO TEMPO


Bandeira vermelha nos subúrbios de Itabaiana anunciando buracos, atrasos e alienações

-Boa tarde meu jovem, você sabe o que é isso? (pergunto eu a um estudante que estava sentado junto ao obelisco localizado ao lado da igreja Matriz).

-Sei lá moço, acho que é um toco. 

-Um toco? Você acha que isso é um toco? E você já se perguntou porque colocaram ele aí? 

-Não, só sei que o povo chama de pirulito 

-Isso é um obelisco meu filho.

-Um o quê? 

-Um obelisco, um tipo de monumento, um marco histórico, foi colocado aí pra homenagear combatentes itabaianenses que serviram na Segunda Guerra Mundial. 

-E teve gente daqui que foi pra guerra? (me pergunta com a cara de espanto).

-Teve sim meu jovem. Diga-me uma coisa, você sabe quem foi Sivuca? 

-Não moço, mas acho que é o dono daquela cafeteria lá na praça.

-Dono de uma cafeteria? Mas porque você pensa isso? 

-Porque tem o nome dele, Café Sivuca. 

-Entendo, e Zé da Luz você sabe quem foi? 

-Já ouvi falar, acho que deve ter sido alguém importante porque uma praça aqui perto que tem o nome dele.

Seria cômico se não fosse trágico, mas essa é a realidade da cidade de Itabaiana nos dias atuais, nós que já fomos o maior berço cultural da região do Vale do Paraíba, hoje perdemos totalmente nossa identidade e se não corrermos contra o tempo vamos acabar nos tornando piada mesmo, porque nem história mais saberemos contar. Nossos jovens não lutam por seu patrimônio histórico porque nem mesmo conhecem a herança que possuem, e como se vai brigar por algo que nem mesmo se sabe que existe? Perdemos em cultura, perdemos em herança, perdemos em crescimento, perdemos em artes, tantos nomes que brotaram do nosso chão e ganharam o mundo e que hoje a grande maioria dos cidadãos nem sequer sabem que existem ou existiram, as pessoas tornam o tema desimportante e nem ao menos se dão conta de que só se faz um futuro melhor conhecendo e valorizando o passado, passado esse que quando é bom deve ser perpetuado e quando não tão bom assim nos traz as maiores lições de vida. 

Itabaiana hoje não perde apenas em nomes, perde também em patrimônio material, é o Coreto, são pontes, obeliscos, Construções antigas, imóveis que exalam histórias e que estão prestes a serem perdidas. Ainda temos guerreiros que lutam para que isso não aconteça, pessoas que sabem o peso que a cultura tem no desenvolvimento de uma população, mas árduo é o trabalho quando são poucas mãos a ajudar, nossa juventude pode perder uma grande herança sem jamais se dar conta de que a possuiu, e um dia olhar fotos antigas de uma Itabaiana que já foi grandiosa e nem mesmo saber dizer a seus filhos o quão grande ela foi, e esses filhos questionarem: "Mas pai, você não sabe nada sobre essa foto? Nem você mãe?"

-Não meu filho, não sabemos. 

-Mas, como não sabem? 

-Não sabemos, porque ITABAIANA sofreu uma epidemia de esquecimento, da síndrome do "já foi um dia" e nos tornamos O ESTRANHO CASO DA CIDADE QUE PAROU NO TEMPO...


Renaly Oliveira

Um comentário:

  1. A pergunta foi feita a um estudante.O que será que ele estuda na escola?

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