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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Criança vê espíritos?

Sou agnóstico, que é o sujeito sem fé no sobrenatural, mas com a mala cheia de dúvidas sobre se realmente as células morrem com nossa personalidade, nosso caráter e tudo o mais que nos faz únicos, quando morremos. Fim das conexões cerebrais, acaba tudo? Não sei. Prefiro ficar com a reflexão de Shakespeare em Hamlet: “há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe vossa vã filosofia.”

Isso a respeito de relato de uma criança de dois anos que, supostamente, “viu” o ectoplasma do avô, morto recentemente. A menininha estava brincando com suas bonecas, concentrada nos devaneios infantis. De repente, olhou para um recanto da casa onde seu avô costumava ficar. Seu olhar estático chamou a atenção da avó viúva, que se arrepiou quando a menina disse: “Ele ta ali”. No local, nenhuma sombra, as pessoas presentes não viram nada. Certamente, a criança avistou algo que definitivamente não faz parte dessa dimensão.

Particularmente, tenho uma experiência ligada a esse lance do desenlace. Quando tinha 10 anos, cheguei no limiar da vida. Ia morrendo afogado no rio Paraíba. Já quase sendo tragado pela dona Caetana, vi passar na cabeça um filme rápido de minha curta vidinha de menino que não sabia nadar e foi pra correnteza para provar aos colegas que era macho e merecia ser líder da gang. Continuo sendo um cara cético, mas até hoje me pergunto se o lance tem mesmo um lado espiritual ou faz parte de transtorno mental de quem está se despedindo da vida.

A crença espírita diz que todas as crianças são médiuns, ao menos até sete ou oito anos de idade. “É que ainda não estão totalmente desligadas do mundo espiritual, de onde vieram, e por isso conseguem manter contato com os seres de lá. Essa seria a explicação para os amigos imaginários que muitas crianças veem e com quem conversam e brincam”, afirmam os espíritas.

De um jeito ou de outro, é difícil para qualquer pai lidar com isso. No meu caso, o assunto me fascina. A mente de uma criança é um mistério. Respeito profundamente o que não consigo ver e compreender.

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