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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O porta-voz da cultura em Pilar


Antonio Costta com estudantes no busto de José Lins do Rego


“A orquestra da vida é a cultura
O poeta é seu mestre de harmonia”

(Poeta Dedé Monteiro)

A cidade de Pilar apresenta artistas relevantes para a cultura do Nordeste, onde o nome mais expressivo é o do romancista José Lins do Rego (1901-1957). Lá também nasceu um mestre de vigoroso talento chamado Manoel Xudu, considerado um genial poeta repentista, entre tantos outros que dão identidade a este Pilar, o município mais importante do agreste paraibano em tempos remotos. Outra que atualmente acaba furando a divisa de sua comunidade e sendo conhecida em outros mundaréus é a cirandeira Odete de Pilar.

Esses são apenas alguns dos nomes mais conhecidos, porque o que tem de artista criativo nesse Pilar do poeta José Augusto só se pode ter alguma ideia no dia em que a Secretaria de Cultura local fizer um mapeamento dos seus valores culturais. Isso é essencial para o resgate e a manutenção da cultura local, saber onde subsistem a religiosidade, a tradição das festas juninas do interior, a música regional, as comidas típicas, enfim, o que Pilar tem de cultura de raiz e seus remanescentes artistas populares.

Conheci dois desses artistas no programa “Alô comunidade, em 19 de julho, na Rádio Tabajara, onde entrevistei dona Maria Cigana, uma espécie de produtora cultural comandante da resistência do saber popular, e o poeta Joan Saulo do Monte. Chamou minha atenção uma declaração de Maria: em Pilar tem Secretaria de Cultura, só não tem verbas para seu funcionamento. Atores importantes da produção cultural de lá não sabem nem se realmente essa Secretaria existe, muito menos qual seu orçamento e onde desenvolve suas atividades.

Foi preciso o poeta pilarense Antonio Costta, radicado em Itabaiana, sair dos seus cuidados para provocar a Secretaria de Educação local e apresentar seu projeto de concurso de poesia e de festival literário. Em Itabaiana, terra do compositor Orlando Otávio, a cultura também está desassistida, porque o compadre Luciano Marinho, atual secretário, tem boas intenções, só não tem recursos. Há grande descaso com a cultura na maior parte das cidades da região. Em Juripiranga, a Secretaria de Cultura local vai realizar um festival de inverno, o que é bem alvissareiro. Nas demais cidades, o que se vê é apenas promoção de festas de rua com essas bandinhas ridículas chamadas “forró bundinha”. 

Parabéns ao Antonio Costta pela sua militância cultural. Qualquer gestor minimamente comprometido com seu povo não pode prescindir de uma política cultural que valorize nossa produção contemporânea e nossa tradição. A cultura é intimamente ligada à educação e ao desenvolvimento. Prefeito que abandona a cultura, vai na contramão de uma tendência onde a cultura cada vez mais vai sendo tema de desenvolvimento sustentável.



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