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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Vida de bailarina


Ela entrou no Ponto de Cultura com seu trajezinho de bailarina, orgulhosa porque já sabia abrir escala. Mostrou como se faz, logo ambientada no meio de músicos e artistas de teatro que liam um texto. O prodígio de bailarina tem apenas seis aninhos e se chama Emilhy Nathaelly, com todos os y e letras dobradas a que tem direito uma estrela na flor dos anos, orgulho de sua genetriz.

No corpinho pequeno, a promessa da renovação, a esperança da recomposição do tecido social. A pequena bailarina tem o dom de restaurar velhos sonhos de pureza, fraternidade e amor à arte. Fluxo e refluxo da vida: morreu a estrela ariana e nasce a estrela Emilhy, retocando o mundo na incessante busca da beleza e da poesia.

Uma menininha bailarina é um ser harmonioso, mesmo que não tenha praticado muito os estilos, posições e técnicas da arte de dançar. Seus passinhos de anjo treinam seu corpo para a vida que anda na corda bamba. Enternecidos, os marmanjos da sala fazem caras de tiozinhos bobos, antes que a miúda bailarina cresça e provoque o desencantamento.

Mesmo sem saber, Cecília Meireles escreveu essa poesia para Emilhy:



A bailarina


Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

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