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segunda-feira, 21 de julho de 2014

DO LIVRO "Itabayanna" - entre fatos e fotos", de Romualdo Palhano



Em 1881 a Lei Provincial número 723, de 1º de outubro, eleva o povoado à condição de Vila com o nome de Itabaiana do Pilar. Sua elevação à categoria de cidade data de 1891, através do Decreto estadual número 63, de 26 de março conservando-lhe a primitiva denominação.
     O nome do município gira em torno de duas hipóteses: para alguns é simplesmente Tabaiana, vocábulo indígena Taba-anga, que significa morada das almas, enquanto outros registram Itabaiana, Ita (pedra) - baiana (que dança), alusivo a uma pedra outrora existente no leito do rio Paraíba e que fazia movimentos ao sabor da força das águas como se fosse uma verdadeira coreografia.
     Seu desenvolvimento inicial se deu na pecuária e agricultura. O município passa a ser mais conhecido e mais desenvolvido economicamente a partir de 1864, ano de criação de sua feira de gado, que atraía centenas de comerciantes e compradores vindos do Rio Grande do Norte e principalmente de Pernambuco. Até que aparecessem as estradas de rodagem e os automóveis, ficou conhecida como a maior feira de gado do Estado.
     Itabaiana teve participação efetiva nos movimentos revolucionários de 1817, 1824 e 1848. Mas foi em 24 de Maio de 1824 um dos combates mais sangrentos que aconteceu no Riacho das Pedras, entre as forças legalistas do Presidente Felipe Nery sob o comando do Coronel Estevão Carneiro da Cunha e os republicanos revoltosos da Confederação do Equador, comandados por Félix Antônio. Batalha esta que se travou por quatro horas e com a participação de aproximadamente três mil e quinhentos homens.
     A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário republicano proclamado por Paes Andrade, que se estendia desde a Bahia até o Pará. Nesse sentido a cidade de Itabaiana sempre comemorava o dia 24 de Maio com diversas festividades.
      Desde 1909 que a cidade vinha realizando a “Festa das Árvores” anualmente no dia 24 de Maio em comemoração à batalha ocorrida no Riacho das Pedras em 1824. Era nessa festa que todos os colégios aglomeravam seus alunos para plantar árvores em vários pontos da cidade. Em função dessa calorosa programação a cidade passou a ser a mais arborizada do Estado.
     Nas duas primeiras décadas do século XX, Itabaiana teve a honra de redigir os melhores semanários do Estado: “O Município” em 1908; “O Anthélio” em 1912; “Gazeta da Manhã” em 1914; e “O Jornal” em 1915. “A Notícia”; “Correio da Semana”; “O Dia” e “A Folha”, foram outros jornais que circularam na cidade. “A Tribuna” é o jornal que atualmente circula naquele município.
     Em 1914 foi inaugurado o sistema de transporte de Bondes puxados a burro, no governo de Dr. Germiniano Jurema Filho. Relativo aos bondes que circulavam na cidade, os mesmos ficaram gravados na poesia “Boa Noite Paraíba” do conhecido poeta Zé da Luz, no seu famoso livro “Brasil Caboclo e O Sertão em Carne e Osso:

                                                                E as festa da Cunceição?

                                           Noite de festa! Ano Bom”!
                                           Noite de Rêis! Qui Sodade!

                                                               O bondinho puxado a burro
                                                               Correndo pêla cidade.
    
     No início do século XX, como tantas outras, a cidade de Itabaiana também se beneficia com a implantação da estrada de ferro que foi inaugurada no ano de 1901. É o trem que traz o progresso para Itabaiana.
     Nesse mesmo ano o “Curtume Santo Antonio” é instalado na cidade e torna-se a principal indústria de couro da Paraíba. Em função da sua gigantesca estrutura, em curto período de tempo passa a exportar para vários países da America Latina aglomerando em seu entorno dezenas de operários. O “Jornal A União, Anno XXIV, número 126, página 2, Parahyba, Sabbado, de 10 de junho de 1916” refere-se ao seu operariado quando diz que:
     Na fábrica “Santo Antonio” que produz cento e tantas pelles diárias trabalham permanentemente 80 homens, distribuídos nas suas diversas secções: pellagem, cortume atanino, espichagem, raspagem, tinturaria, graneamento e embalagem. A machina motriz é de força de 90 cavallos.
    
1.1. O Curtume Santo Antonio
      Em 1901, paralelamente à implantação da malha ferroviária, inaugura-se em Itabaiana, um importante estabelecimento modelo, de beneficiamento de couros, que é a fábrica ‘Santo Antonio’.
     O ‘Curtume Santo Antonio’ fundado em 1901 era de propriedade dos senhores Firmino de Souza, seu fundador e do seu sócio Seraphim Braga que constituíram a “Firma Firmino e Companhia”. Cuja empresa passou a explorar a partir dessa data o beneficiamento de couro em escala industrial, o que existia até então na Paraíba, de modo rotineiro e rudimentar.
     Sendo instalado no antigo lugar Pernambuquinho que depois passou a ser Praça da Indústria, esse importante empório industrial constituiu-se num valoroso fator de desenvolvimento do município.
     A princípio acanhado e modesto, em 1916 já possuía algumas dezenas de casas ocupadas por operários da própria fábrica. Nesse ano já exportava seus produtos para todos os Estados do Brasil, sendo que um de seus clientes mais preferidos era fábrica de calçados Rocha, de São Paulo.
     Seu espaço físico já comportava ares de grande indústria. O “Jornal A União, Anno XXIV, número 126, página 2, Parahyba, Sabbado, de 10 de junho de 1916” fala da expansão do seu espaço físico.
     A alludida fabrica que benificia o couro de boi, carneiro e cabra, imita a pellica, occupa um vasto prédio de 17 portas de frente, onde se acham installados o escriptório e várias daquellas secções, além de grandes armazéns, para o depósito de materiaes.

     Em função do seu crescente desenvolvimento, em 1908 o Curtume Santo Antonio investe pesadamente em novas tecnologias e novas máquinas que são adquiridas na Alemanha. O “Jornal A União, Anno XXIV, número 126, página 2, Parahyba, Sabbado, de 10 de junho de 1916” nos revela que:
     Além duma bomba de ar quente a questionada fábrica emprega actualmente quatro machinas: uma para cortar casca de angico, duas para lustrar couros e uma de os espichar, conservados todos cuidadosamente revelando o mesmo asseio que se nota em todos os seus departamentos.

     Com o advento da primeira Guerra Mundial os proprietários tentam tirar proveito da situação por que passava a Europa e buscaram negociar vendas de sua indústria a diversos mercados europeus. É o que observa no jornal acima citado.
     Os Srs. Firmino & Cº., concorreram com amostras de seus produtos a três certamens internacionaes, o Rio, Turim e Bruxellas. Nas duas primeiras foram-lhe conferidos respectivamente grande premio e medalha de prata, faltando o resultado do último.

     Em função do movimento que alcançou em suas vendas, no ano de 1915 atingiu em sua entrada financeira a soma total em réis, de 2.349:359$340. Além de sucedido estabelecimento industrial, o “Curtume Santo Antonio de Itabaiana”, passou a constar na lista turística de visitas daqueles que viajavam ao interior.
     Sendo inclusive visitado várias vezes pelo Presidente do Estado, Sr. Antonio Pessoa e sua comitiva presidencial, como registra o “Jornal A Notícia, Anno II, número 20, página 1, Parahyba do Norte, Quarta-feira, de 26 de janeiro de 1916”:
     A comitiva percorreu todas as secções, assistindo aos trabalhos a vapor e manuaes, o cortume e a subdivisão das pelles para a extracção da flor que dá a vaqueta, o polimento; a tinturaria, o pateo de seccar, os armazém, o escriptório, etc.
     O Sr. Presidente do Estado muito bem se impressionou com o estabelecimento industrial dos Srs. Firmino & Cia., cuja movimentação, vida operária e desenvolvimento exportador, é uma brilhante prova do quanto pode a vontade firme e o trabalho bem rumado para Victória certa da vida.

     No final da referida visita o Presidente do Estado Coronel Antonio Pessoa, felicitou os sócios do Curtume Santo Antonio agradecendo ainda aquela visita que foi realizada em bonde especial cedido pelo senhor Coronel Francisco Rezende, proprietário da então Empresa de Transportes Urbanos de Itabaiana.

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