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sábado, 21 de junho de 2014

POEMA DO DOMINGO

O poeta Jessier Quirino esteve no lançamento do meu livro Artistas de Itabaiana, onde me deu de presente seu último livro, “Papel de bodega”. “Ao amigo Fábio Mozart, um abraço forte e seguro feito ostra em pé de ponte”, escreveu ele na dedicatória.
Na folha de rosto do excelente livro de Jessier, já vem o humor do poeta:

É melhor ser meio doido do que ser meio tantã
Qualquer dor de madrugada dói bem mais que de manhã
Don Juan era gostoso, mas bem menos que o Tarzan.

Irmã Dulce é bem mais alta do que Claudia Cardinale
Um bafejo na urêia esquenta mais que um xale
Charles Chaplin é mais artista do que 200 Woody Alen.

E como hoje é domingo, vai o poema “Carrossel na chuva”, do mestre Jessier, de quem Rolando Boldrin falou: “é um poeta inigualável”.

Carrossel na chuva

Seria pura alegria
Um domingo de recreio
Camisa nova de malha.
Viagens, lendas, batalhas,
Epopeia aventurosa
Num cavalo de aluguel.

Mas  nem música nem zuada
Nem maçã caramelada
Nem pipoqueiro ou floreio
Nem bombom no tabuleiro
Nem ingressos, nem sucessos
Nem pirulitos de mel...

Foi domingo acinzentado
Sonolento e anuviado
E choveu no carrossel.

Não campeei pelo mundo
Não me amostrei pra Maria
Não me esbaldei na alegria
Não sorri com dente novo
Não fanfarrei com o povo
Não vi o povo girar.

Não conheci Panamá
Nem guerra do Paraguai
Não acenei pra mamãe
Nem dei adeus a papai
Não persegui samurais
Não me alistei num quartel.

Foi domingo acinzentado
Sonolento e anuviado
E choveu no carrossel.

Já fui rei, já fui monarca
Fui campeão de rodeio
Já fui os Três Mosqueteiros
Já fui caubói bom de laço
Já fui lanceiro de aço
Fui São Jorge lá do céu.

Mas domingo foi nublado
Sonolento anuviado
E choveu no carrossel.

Se essa chuva...
Se essa chuva fosse minha!
Eu mandava, eu mandava neblinar
Com neblinas, com neblinas de lembranças
Para o meu carrossel rodopiar.


Um comentário:

  1. Lindo poema do mestre Jessiê Quirino! Muito fã mesmo! Parabéns poeta!

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