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sexta-feira, 28 de março de 2014

Um sujeito comprometido


Quero aqui fazer este registro sobre meu compadre e parceiro de batalhas culturais, o artesão Rosival José da Silva, matador de mosquito, agente de meio ambiente, vacinador de cachorro e videasta nas horas vagas.

Foi um dos primeiros a assumir a ideia do Ponto de Cultura, que por sua vez parte da visão de que a solução dos problemas está nas próprias pessoas. Aposta-se na autonomia e protagonismo social, sem assistencialismo, sem dependência de Governo, sem controle nenhum. No Ponto, Rosival começou fazendo oficina de mosaico artístico, depois passou a mestre neste ofício. Na música, aprendeu com o mestre Vital e o maestro Antonio Maurício e hoje ensina violão para crianças, além de tocar alfaia no grupo Ganzá de Ouro.

Cabra dessa qualidade é que move montanhas, um trabalho provocativo e reativo, influenciando as pessoas, abrindo novas perspectivas nas vidas de jovens. A cidadania neste caso está presente e configurada nas ações de um cara desses, que tira do próprio bolso os poucos recursos para continuar em sua missão civilizatória. Gente de boa índole que não falta em minha cidade, só precisa de incentivo e atenção, sem paternalismo.

No próximo dia 10 de abril, eu vou com Rosival para Campina Grande, participar da Teia Paraíba, o grande encontro de Pontos de Cultura no Estado. Conosco vai também o Marcos Veloso para lançar seu vídeo sobre o poeta Fernando Pessoa. Lá vamos dar de cara com outros ventos do bem, outras ideias com a mesma força das coisas feitas com dedicação e abençoadas pela força da cultura viva. É vero que que nesse caldo tem muita gente que se alimenta de suas próprias vaidades. Esses, ficam pelo caminho. Não contam para somar nessa nossa cruzada para diminuir a imensa dívida cultural para com as novas gerações.

BAIANO VELHO VAI NASCER DE NOVO

Meu compadre Dalmo Oliveira, a quem chamamos Baiano velho, está saindo do ritual de iniciação do Candomblé neste sábado. Vamos estar lá, na hora em que ele nascer. Sim, porque o ritual de iniciação no Candomblé, a feitura no santo, representa um renascimento, tudo será novo na vida do yàwó, ele receberá inclusive um nome pelo qual passará a ser chamado dentro da comunidade do Candomblé. Baiano velho passou 21 dias no recolhimento, na reclusão, tomando banhos, boris, ebós, aprendendo as rezas, as danças e as cantigas dos orixás. Rasparam o cabelo do Baiano velho, e neste sábado será a festa ritualística que marca a saída de Y’awó.

A partir daquele momento, ele nunca mais estará sozinho na sua caminhada. Eu e compadre Beto Palhano vamos ouvir os atabaques e saudar o velho Baiano Dalmo Oliveira, com a permissão do Orixá, no início dos seus novos caminhos.





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