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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Fim de transmissão

“Morreu esse homem na luta diária contra seu destino, como tantos morrem sem nem saber porque viveram.” – Fala de uma personagem na peça “A incelença”, de Luiz Marinho. 

Rosalvo Barbosa de Oliveira foi meu colega ferroviário, exímio telegrafista. Soube do seu passamento depois de mais de vinte dias do enterro. Meu compadre Renilson Correia Dias, outro telegrafista de minha época, foi quem me deu a notícia. “Fui ao seu velório. Poucos dias antes de desencarnar, Rosalvo me confidenciou que esta vida não dava mais pra ele. Uma pena...”

Acho que Rosalvo morreu por ataque cardíaco. Dizem que chamou sua filha e recomendou: “Tome conta de sua mãe”. Depois, deitou na cama e foi se juntar aos colegas que também já subiram para o andar de cima. 

Compadre Rosalvo era um homem solitário que encontrava no álcool seu discurso e prática libertários. Dias azedos passou a viver depois que se aposentou. Sem a companhia dos colegas, isolou-se. Quieto e desconfiado, Rosinha, como a gente chamava carinhosamente, não era muito comunicativo. Mas, no fundo, uma boa alma. “Não permita Deus que eu morra de sede ou de fome nem de crise de abstinência”, dizia Rosinha. Tomou todas e foi um homem passional. Amava as mulheres, ao mesmo tempo em que as afastava por causa de sua convivência difícil.


Meu compadre viveu na pátria dos homens sós, na nebulosa realidade dos que se entregam ao profano e ao sagrado do universo etilista.   

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