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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Ponto de Cultura resgata o orgulho afro

Suely Joventina (de azul) é neta do famoso músico popular Biu da Rabeca


“Você é muito bonita, morena”, disse um homem à garota bailarina do grupo “Meninas do Rio”. “Morena, não, que isso não existe. Eu sou uma negra bonita!”, foi o que respondeu ela. Isso na comunidade quilombola de Pedra D’água, no município de Ingá, perto da cidade de Serra Redonda, onde o conjunto de dança foi se apresentar, comandado pela professora Suely Joventino. Dançaram o trabalho “Salve minha Rainha Oxum”, que as meninas aprendem a não ter pudor de louvar a cultura dos seus ancestrais, apesar do peso centenário do preconceito.

Oxum foi apaixonada por Ogum e criou esses passes de dança para seu amado. Essa beleza estética e a história dos orixás foram levados para a população quilombola de Pedra D’água pelo grupo “Meninas do Rio”, e está sempre em cena nos eventos culturais de Itabaiana, cidade que ainda dá mostras de uma intolerância religiosa muito forte, criando uma visão distorcida e discriminatória da cultura alheia.

A sobrinha da professora Suely Joventino chama-se Arye e tem apenas cinco anos de idade, mas já dá os primeiros passos na dança. A menininha é quem abre os espetáculos, vestida de Oxum, sendo reverenciada pelas filhas de terreiro. Suely cria as coreografias e desenha os figurinos, ensaia e busca apoio para seu grupo de dança, formado por meninas de 5 a 16 anos.

Suely ministra oficina de dança afro no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, onde ensaia seu grupo de dança infantil. Ela vem obtendo o reconhecimento da comunidade pelos seus espetáculos de revelação cultural do povo negro – beleza, religião, dança, estética – ao ritmo do afoxé, maracatu, frevo e capoeira.
"Meninas do Rio" dançam na comunidade quilombola de Pedra D'água


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