Páginas

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Lume pálido na luminosa escuridão

Vital Alves (ao centro) com o pessoal do projeto Paraíba Cine Senhor


Essa frase está no livro “História do cerco de Lisboa”, de José Saramago. Expressão poética que é lugar comum na obra do grande escritor português. Acho que ler esse cara foi meio que determinante na minha forma de ver a literatura, cinquenta anos depois de ter contato pela primeira vez com uma obra literária, que foi “Reinações de Narizinho”, do Monteiro Lobato.

Hoje minha cabeça de leitor já é um fruto maduro, depois de conhecer os livros de Saramago. Mas recomeçar é preciso. Sei que em algum lugar do mundo tem um homem ou uma mulher produzindo uma obra de arte “definitiva”. Um batalhão de compositores de música, por exemplo, trabalha em novas canções todos os dias. Perseguem o sonho da obra perfeita, do inusitado, da originalidade. Essas pérolas não surgem com facilidade nem são oferecidas ao grande público. A atual realidade do mundo da canção dá pena. É espantoso o crescimento da mediocridade, incentivado por uma indústria cultural interessada apenas no lucro fácil.

Na cidade de Itabaiana (PB), um grupo de pessoas comprometidas com a cultura fundou o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, tendo como meta principal incentivar a produção e o consumo de bens culturais. Cada um dos participantes comunga a tarefa de difundir nossos artistas e sua produção. Em busca desse objetivo, foi criado recentemente o Fórum Permanente de Artistas e Produtores Culturais da cidade.

Parecemos poderosos. E somos, na medida em que, do nada, já produzimos um programa de rádio, um jornal, dois documentários, uma peça teatral, uma feira de artesanato e dois livros. A partir do talento e dedicação do músico Vital Alves, já temos uma orquestra de violões formada por jovens que revelam sentimento artístico e amor pelo instrumento. Com essa rapaziada vamos formando um elo, juntando os artesãos, atores e músicos da categoria do já citado Vital Alves.

Os encargos e prazeres de coordenar um troço desses só quem sabe sou eu. Mas vale a pena devido ao crescimento interior que se verifica no sujeito que se mete de corpo e alma numa aventura desse tipo. É algo assim como “lume pálido na luminosa escuridão”, gratificante na medida em que vemos surgir um compositor como Vital Alves, autor das músicas que fazem parte do espetáculo “Vitalidade”, que ele vai mostrar no dia 10 de maio na livraria O Sebo Cultural, com seus alunos do Ponto de Cultura. Fazem parte do novo CD de Vital, a ser lançado brevemente. São canções dignas de constar no repertório de qualquer grande artista da música popular brasileira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário