Esses
três elementos estão no meio do carnaval de Itabaiana, em fins da década de 70.
David do Monte, eu e Osório Cândido, o “Índio”.
Notar
as calças “boca de sino” dos meninos, moda na época. Eu imitava meu ídolo de
então, Raul Seixas, por isso a barba e os óculos “raiban”. Chamavam-me de Raul
por causa disso, se bem que eu não gostava do apelido porque “raul” era alcunha
de ladrão naquele tempo. Mas eu nunca roubei ninguém, a não ser a paciência dos
meus pais com as nossas bebedeiras inconsequentes. E tem bebedeira consequente?
Hoje
com meus cabelos esparsos cada vez mais grisalhos, invejo a coragem dos de
minha turma de tingir a cabeleira. Fui sempre um sujeito excêntrico e de
bastante espírito que gostava de me enturmar com pessoas inteligentes como meu
compadre David do Monte e o índio Osório “boca de jacaré”. Para eles a minha
palavra de agradecimento por terem sido meus amigos naqueles tempos ingênuos,
quando éramos verdadeiros, meio ébrios, meio revolucionários de mesa de cabaré,
um tanto perturbados pelo clima de tensão devido à ditadura militar.
Naqueles
tempos anêmicos, por usar barba fui taxado de comunista. Fumava um cachimbo
elegante com fumo perfumado para imitar Ernest Hemingway. Por conta disso, o povaréu me tinha como
maconheiro. E devido às atividades teatrais, os ignorantes e preconceituosos me
botaram como membro da comunidade gay. Tempinhos
safados, aqueles. Mas, foi bom. A vida brilhava com uma intensidade maior e a
gente pensava que era eterno.
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