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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O dia em que o pastor passou a perna em Biu Penca Preta


Meu compadre Biu Penca Preta primeiro e único foi fazer um arrastão de cachaça na aprazível cidadezinha de Mari onde eu me escondia, lugar de temperatura amena e povo trabalhador, mas gostadorzinho de água de alambique que é uma beleza! Chegando lá, Penca foi molhar o bico no bar de Nelson. Depois de consumir duas meiotas e seis cabeças de traíra, nosso amigo foi conhecer a cidade.

O caso é que operava no lugar um tal de Mané da Galinha, cabra que mentia todos os dias, só que no domingo ele caprichava. Mané inventou uma igreja pentecostal das Sete Mil Virgens, elegendo-se pastor, na onda dessas igrejas “pegue pague” que defendem o dízimo mais do que as sete chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nosso herói Penca Preta passou na igreja de Mané. Como bêbado e cachorro entra em toda porta aberta, ele adentrou ao templo do pastor na horinha em que Mané da Galinha recolhia as ofertas dos irmãos.

Depois da sessão de exorcismo, onde Mané tirou o cão do couro de duas velhas e curou a sarna de um bebinho, além de encaminhar um fresco para as hostes do heterossexualismo, encerrou a preleção e passou a sacola.

--- Cada um dá o que tem que Jesus agradece – dizia o pastor.

Uma senhora deu dez reais. O velhinho sarnento só tinha cinco reais, que foi a sua contribuição. Teve gente que deu um real, outro jogou cinquenta centavos na sacola de Mané, meio envergonhado. Chegando a vez de Biu Penca Preta, ele foi honesto:

--- Pastor, eu não dou nada porque nada tenho.

Mané da Galinha não deixou por menos:

--- Meu filho, bote a mão na sacolinha e pegue todo dinheiro que você tá precisando, em nome do Senhor, amém?

Penca Preta não pensou duas vezes: enfiou a mão na sacola e retirou 60 reais.
E o pastor, maroto:

--- Agora que você tem dinheiro, bote tudo na sacolinha, em nome de Jesus!

Biu Penca Preta saiu da igreja falando de todas as peças da mãe do pastor, sem faltar nenhuma. Só Jesus na causa!

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