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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

PRIMEIRA CRÔNICA DE 2013




Abrindo os trabalhos, inicialmente devo informar que não foi mantida a instituição da farra tradicional da virada aqui no meu território, por razões de saúde corporal e financeira. 

A massa anônima comemorou as “entradas” como foi possível, deixando um rastro de alguns homicídios, várias agressões e discussões ligeiras. 

Compareci a uma reunião comemorativa. Por estar sóbrio, foi possível ao cronista estudar os participantes do ajuntamento de gente alegre e hipócrita. Lá estava o cavalheiro dono da casa, elegante e enganador na sua falsa liberalidade. Ao seu lado, o “liberal” propriamente dito, com seu traje colorido lembrando padrões africanos, metendo a lenha nos autocráticos e totalitários. Não é sincero, mas sabe falar na linguagem do povo, lembrando o velho Luiz Inácio Mensalão da Silva.

Do meu lado, enchia o saco o presunçoso. Sujeito falador, metido a sabido. Do outro lado o falador, esse sim, superando o presunçoso. Sua verborragia atiçada pelo álcool levava o cabra a repetir o pensamento dos outros com arroubos de oratória. Um chato de linguagem complicada. Tentou levantar várias teses, entre elas a de que o romper do ano é um evento nitidamente de tendência homossexual. 

Eu sou o tímido, aquele cabra que fica querendo ser invisível, principalmente porque estava sóbrio. Fui apontado como um exemplo para os excessivamente extrovertidos, o que amentou mais o meu acanhamento. Quase pedia desculpas por não participar mais ativamente do bulício. 

Uma mulher com cara de Madame Preciosa mais desorganizada fazia o papel da pessimista. A profetiza do desespero fez uma explanação do ano de 2012, terminando por garantir que o mundo só não acabou no Apocalipse Maia porque vem aí o Apocalipse de São João, esse sim, muito mais arrazador e sem hora pra começar. 

O otimista é um senhor de meia idade com camisa do Corinthians e boné de Zezinho do Botafogo. Sorriso largo na cara bexigosa, gargalhador, sempre querendo agradar. Todos se sentiam realizados e felizes com sua presença, menos eu. O cara é de uma falsidade sem noção. Uma hora apoiava um, outra hora estava apoiando a tese contrária. Contou muitas piadas velhas e sem nenhuma graça, a não ser pra ele que morria de rir. Um chato alegre. 

O teimoso com fama de agressivo tomou duas bicadas e ameaçava se retirar a todo instante. Galhofava das ideias alheias e tentava expor suas extravagâncias de jerico. No fim, todos chegaram ao consenso: botaram o teimoso pra fora. 

Depois de meia-noite, chegou o eterno candidato a vereador e atual puxa-saco de político fuleira. A todo instante procurava demonstrar que tinha intimidade com o poder, era amigo do prefeito. Anotou alguns pedidos de emprego, comeu, bebeu e foi embora no fim, arrotando importância. 

Esse 2013 não começou bem...  

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