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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

COLUNA DE ADEILDO VIEIRA



Nasce a FENAMUSI no Rio de Janeiro
A cadeira da paciência espera a Paraíba

Adeildo Vieira

Há dois meses o jovem músico paraibano George Glauber me convidava pra participar  de um seminário promovido pelo Sindicato dos Músicos Profissionais do Rio de Janeiro – SINDIMUSI/RJ, uma vez que tinha recebido duas passagens da entidade para que a Paraíba se fizesse presente ao evento. Era o 4º Seminário sobre a mulher na música brasileira, que veio acontecer nos dias 23 e 24 de novembro na cidade dita maravilhosa. Esta edição do seminário direcionou o foco à mulher negra, tendo como homenageada Clementina de Jesus, a mais afrobrasileira de nossas artistas, uma rainha coroada de África e Brasil, consagrada no timbre da sua voz e na força de sua vida.
Enfim chegamos, eu e George, àquele evento que se mostrou coerente, com posturas que norteiam um sindicato comprometido com as lutas de seu tempo. No desenrolar do seminário foram abordados temas transversais que promovem a formação do músico como cidadão para melhor entender sua arte dentro do contexto social e político no Brasil. Discutimos muito mais do que salário ou outros temas umbilicais da categoria, assuntos, aliás, tradicionalmente abordados pelo espírito corporativo dos sindicatos. Doze estados estavam representados no evento, a Paraíba era a única representação não sindical, se fazendo presente como observadora. Mas não fomos menos respeitados por esta condição, ao contrário, acabamos nos tornando alvo de muita sedução sindical pra que engrossássemos as tricheiras da luta, ativando nossa entidade representativa.
Mesmo como observadores, acabamos participando de um momento histórico. Naquele evento, as representações sindicais presentes fundaram a FENAMUSI – Federação dos Músicos do Brasil, cujo objetivo é representar o conjunto dos trabalhadores de todos os estados em suas lutas, inclusive junto ao Congresso Nacional. É que o SINDIMUSI/RJ, existente desde 1907, deixou claro que sua tradição política secular não supera o peso da união de todos os sindicatos que representam o nosso país. A soma das demandas regionais dos trabalhadores da música e sua luta cotidiana por dias melhores é o que interessa nessa luta histórica dos músicos em busca de respeito em sua profissão. Com a Federação amplia-se o processo de legalidade e legitimidade em nossa organização a nível nacional.
Voltamos pra casa com um misto de alegria e angústia. Alegres por termos presenciado esse momento histórico no avanço da organização dos músicos brasileiros. Angustiados por saber o quanto ainda teremos que caminhar pra, pelo menos, tirar o nosso sindicato do leito de morte. O nosso SINDIMUSI está em coma. E o que pode tirá-lo do estado de letargia é a força da nossa angústia transformada em ações políticas e jurídicas que gerem oxigênio e esperança. E tudo isso pode ser feito com doçura, muito som e muita alegria. Mas isso sem perder a consciência de que a luta é também dolorosa, tanto quanto necessária. É fazer isso ou ver tornarem-se crônicas as doenças da nossa profissão.
A FENAMUSI tem uma cadeira cheia de paciência à espera da Paraíba.



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