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terça-feira, 17 de julho de 2012

O que eles têm no bornal?



Na minha cidade, Itabaiana do Norte, três candidatos se apresentam para o eleitorado, todos bem conceituados e com potencial significado de votos na terra de Hugo Saraiva, o prefeito que não se rendeu à ditadura e foi cassado pelas baionetas dos militares. Todos eles estão prometendo uma gestão eficiente, transparente e participativa. Aliás, as propostas de governo de todos são muito parecidas e genéricas.

O povo de Itabaiana do Norte é uma gente em busca de si mesma, ainda desejando um líder carismático e atencioso com os pobres como foi José Benedito da Silveira, ex-prefeito que dá nome a um conjunto residencial miserável na periferia da cidade. Na campanha política, dá-se o encontro entre o alienado e o alienante, o dominado e o dominador, na única oportunidade em que os dois estão teoricamente nivelados. Um precisa do voto do outro, que por sua vez aproveita para mendigar uma esmola qualquer.

Tem gente que não acredita em nenhum desses candidatos. São poucos os que não aceitam a tutela de ninguém que não mostre a que veio. Porque, na sua essência, nenhum deles tem um projeto de governo com força programática, que mencione as prioridades e as ações, não há qualquer enquadramento metodológico, não há planos setoriais, não se fala em planejamento de gestão e muito menos de mecanismos de participação do povo na definição de metas e na fiscalização, tarefas que seriam dos vereadores, os quais estão longe de ter a competência, o rigor e a independência para isso.

Na verdade, ninguém sabe o que os candidatos têm no bornal, além de alguma merreca para distribuir com eleitores venais, promessas e generalizações de conteúdos em programas que foram redigidos apenas para fazer parte do processo de inscrição do candidato no Tribunal Superior Eleitoral. Quer tirar a dúvida, veja as propostas dos candidatos na página do TSE, no link das candidaturas. Confira as propostas de cada um e tire suas conclusões. São todas iguais e sem qualquer conteúdo prático.

Quando morei em Mari, um candidato apresentou proposta para melhorar a orla marítima do município. Só que Mari não tem praia. O safado copiou um programa de governo de um município litorâneo e nem se deu ao trabalho de ler.

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