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quinta-feira, 5 de abril de 2012

DEDÉ BRAÇO DE RADIOLA


Fábio Mozart e meu compadre Dedé Braço de Radiola, irmão do poeta Sander Lee. Dedé talvez seja o cabra mais prezepeiro de Itabaiana.

PREZEPADA: brincadeira de mau gosto; inconveniência; palhaçada. Atitude ridícula ou extravagante; escândalo; escarcéu. Fuleiragem, enfim.

Uma prezepada de Dedé:

Onde andarão Nero, o gladiador, e Dedé Braço de Radiola?


Nero é um personagem de Itabaiana, tão fantástico que apenas uma descrição de Gabriel Garcia Marques junto com Franz Kafka poderia explicar. É um sonhador, na visão de alguns; um enganador, conforme o ponto de vista dos seus desafetos, vítimas de algum golpe do mestre em fantasia. Sim, porque desde que o conheço, Nero se destaca pela faculdade de imaginar, de criar ilusões sobre si mesmo e o mundo.

Um dia Nero imaginou que seria um grande lutador de boxe. Vestiu a fantasia e saiu por aí desafiando os adversários, reais ou imaginários. Para provar que era o cara, contratou combate com um tal de Tigre Paraguaio, lutador veterano em fim de carreira que andava pelos circos mambembes fazendo exibições ordinárias. Feito o acordo da marmelada, no meio da “luta” Nero acertou um soco no adversário, que chiou:

− Nero, vai com calma que essa pegou!

E Nero, entusiasmado pela torcida:

− Comigo é pra valer!

Levou um direto no fim do primeiro assalto que foi acordar no hospital. Mas continuou sua carreira de boxeador imaginário, inventando mil histórias de lutas fantásticas contra os maiores pugilistas da terra. Andava exibindo telegrama de um tal de Mike Tyson pedindo que Nero não o desafiasse, para o bem de sua fama internacional.

Alistou-se na Polícia Militar, de onde foi expulso por indisciplina. Entrou com ação na Justiça, alegando que foi vítima de um complô da Cia, KGB, Scotland Yard e outras corporações. Depois forjou notícia de jornal onde aparecia como o soldado que foi promovido a capitão por bravura e por ter enfrentado a máfia da própria polícia. Ainda hoje quer ser chamado de capitão, patente imaginária que arrumou na sua cabeça insana.

Essa figura me aparece em Mari, na rádio comunitária onde eu apresentava um programa jornalístico, acompanhado de Dedé “Braço de Radiola” − seu empresário, outro rapaz “viajante na maionese”, como se diz por lá. Queria promover uma luta beneficente, desafiando os homens valentes da cidade para um combate. Apareceu um tal de Genival Monteiro, metido a lutador de caratê e também meio lelé da cuca. Sendo um sujeito destemido, na condição de vereador, Genival metia a pua na prefeita que o odiava. Por vias do despeito, a prefeita garantiu a Nero um bom cachê se o nosso lutador aplicasse uma surra no adversário, adiantando por conta 200 paus. Nero pegou a grana e desapareceu da cidade, deixando Genival com água na boca e a prefeita frustrada por ter levado rasteira daquele “lutador” descarado.

Depois disso nunca mais soube de Nero, que se intitulava “o gladiador”, nem de Dedé Braço de Radiola, “uma figura estrambótica e escafelática”, segundo definição de Biu Penca Preta, outro doido do lugar.


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