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sexta-feira, 9 de março de 2012

PAPO DE BAR (2)

Albeny Melo, nobre frequentador do bar de Zé


Albeny Alfaiate é o mais nobre frequentador do bar do Zé, na Rua Floriano Peixoto, em Jaguaribe. O homem tem orgulho de dizer a idade: 85 anos bem vividos, durante os quais cortou e confeccionou paletós de gente famosa. Até o Papa já mandou Albeny costurar batina. Membro de tradicional família pernambucana, Albeny aportou na Paraíba na década de 50 e nunca mais saiu daqui. Tem alfaiataria na rua Senador João Lira, 607. 


Toma seu copinho de cachaça todos os santos dias no balcão do bar. Nunca se senta à mesa. Também não é adepto de tira gosto. Mal rompe a manhã, Albeny se achega ao balcão para a primeira do dia. Na hora do almoço, vem tomar a abrideira do apetite e nas horas vespertinas engole seu xarope e toma conhecimento das últimas na vida palpitante do bar cheio de figuras extravagantes. Não sai sem antes contar sua última história. Entre as histórias maravilhosas do passado, tem a do avô, homem muito rico em Pernambuco, que mandou forrar com moedas de ouro os oito quilômetros que separavam sua fazenda da cidade onde estava o Imperador D. Pedro. Tudo para agradar Sua Majestade.


Albeny tem realmente prestígio entre os figurões da Paraíba que usam paletó. Os pé-rapados de bar, igual a nós, é que não têm escrúpulos de duvidar das conversas dele. Apenas se estabeleça a verdade: o nobre Albeny foi expulso do bar do Zé II, que fica na praça Odilon de Carvalho, porque o dono ficou melindrado: Albeny mentia mais do que ele! No Bar do Zé II o tira-gosto é de mal gosto, os copos sujos, a cana suspeita, mas a atração do barzinho são os seus frequentadores, figuras impagáveis, bebinhos folclóricos e grandes mentirosos. Nenhum mais fabuloso do que o próprio Zé. Frase do cara: “contar uma boa mentira para uma platéia de desocupados é uma das coisas sinceramente boas que há neste mundo.” 


Na confraria do bar de Zé é onde se sabe das fofocas mais atuais, os fatos do dia-a-dia que a imprensa não publica, as anedotas quentes, os causos e acontecências do bairro. Foi lá que se criou a expressão “chutar o balde”.  Dá-se que no bar não existia sanitário, tendo o Zé improvisado um balde para as necessidades dos tomadores de loirinha. Foi não foi, um cara mais chumbado acabava por chutar o balde cheio de mijo, daí... O Bar de Zé também pode ser classificado como “bunda de fora”, porque o local é acanhado. Quando está lotado, a metade do pessoal toma suas pingas na calçada mesmo, ou na pracinha.


2 comentários:

  1. Esse é o meu avô...meu tão amado avô... que hoje (18/08/2012) Deus o levou para perto d'Ele.
    Vovô, nós te amamos muito e jamais iremos te esquecer.
    Ele não tinha 85 anos e sim 83.

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  2. O corpo de vovô está sendo velado na Funerária Rosas de Saron (em Jaguaribe) e o enterro acontecerá as 17:00h no Cemitério Senhor da Boa Sentença. =(

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