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domingo, 22 de janeiro de 2012

QUEM LÊ MEU LIVRO

Aluizia Freire com meu livro "História de Biu Pacatuba, um herói paraibano", recebendo camiseta e CD de Kennedy Costa, brinde do programa "Alô comunidade"

Milagre do rádio mantém ouvinte ligada por mais de seis décadas

Fábio Mozart

O rádio vai completar 90 anos no Brasil. A Rádio Tabajara da Paraíba comemora 75 anos de transmissão ininterrupta em 25 de janeiro próximo, sendo a quarta emissora mais antiga em atividade no país. Antes da Primeira Guerra Mundial, quando dos primeiros experimentos radiofônicos, a imprensa noticiava: “as ondas de rádio poderão, no futuro, ser uma arma de guerra, explodindo minas à distância ou lançando torpedos”. O rádio revelou-se uma arma de paz.

Faço um programa na Rádio Tabajara da Paraíba, em amplitude modulada, frequência que está meio fora de moda. Quase ninguém ouve rádio AM. Diante da multiplicidade do rádio em frequência modulada, de melhor qualidade sonora, o rádio AM perde cada vez mais espaços. Mas é na amplitude modulada onde se ouve rádiojornalismo de qualidade, de certa forma distante dos “virais da mídia radiofônica convencional”, como bem define o jornalista Dalmo Oliveira, meu companheiro na produção e apresentação do programa “Alô comunidade”. 

As mídias, hoje, invadem a vida dos cidadãos, oferecendo variadas opções no rádio, na televisão, nos jornais, nas revistas, na internet. Difícil encontrar ouvinte que acompanha a mesma programação todos os dias, anos a fio. Encontrei um exemplo dessa fidelidade, o nome dela é Aluízia Freire,
uma jovem de 82 anos, nascida e criada em Boqueirão, na região do Cariri paraibano, moradora de João Pessoa há 36 anos. Viúva, dona Aluízia passa os dias ouvindo a Rádio Tabajara da Paraíba AM. Ela ligou para o programa “Alô comunidade”, ganhou brindes que fiz questão de levar pessoalmente em sua casa, no bairro Mangabeira. Ela garante que seu rádio só sintoniza a Tabajara há exatos sessenta anos. “Nunca ouço outras rádios. Meu filho me deu de presente um aparelho de rádio que não pegava AM, eu não quis”, diz dona Aluízia, citando todos os apresentadores e DJs da sua emissora do coração. “Gosto de todos. Quando o dia amanhece, escuto cantoria de viola com Severino Paulo, depois vem o Bolinha, Josy Aquino, a seresta de Spencer Hartmann e termino a noite com Luizinho do Pagode”, explica.

É incontestável a penúria de ideias e são cada vez mais comuns abusos de toda ordem no rádio que se pratica na Paraíba. Ouvintes sensíveis e inteligentes como dona Aluízia Freire preferem ouvir uma rádio decente que não incentiva e promove preconceitos, não explora a crendice popular, não espalha boatos nem divulga escândalos, apelando para grosseria e palavrões. A Rádio Tabajara AM não tem essa postura agressiva, até porque não precisa matar e morrer por publicidade e pontos de audiência. É uma rádio pública, pode ser bem comportada, digna de ouvintes honrados como dona Aluízia Freire, há sessenta anos.

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