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sábado, 21 de janeiro de 2012

EVACUAÇÃO


A moça passeava no campo quando sentiu que fezes esperavam impacientemente para serem excretadas. Expeliu as fezes atrás de uns arbustos, muito digna, natural e medrosa. Uma moça no campo muito animal, fora do seu natural. Com pudor, mas sem poder perante as necessidades do intestino grosso e delgado.

Alguns dias depois começou a temporada das chuvas. Ser quase secreto, o vegetal iniciou forrações espontâneas no local da evacuação, devidamente fertilizado. Germinavam forrageiras e plantinhas, tímidas como a que defecou na terra úmida. Outros organismos vegetais, aos poucos, formavam um pequeno jardim anárquico, prenunciando a chegada de um mundo novo e reformado.

Com prazer pessoal, a moça gosta de pensar no ato de contribuição para o brotar daquele jardim secreto, sinal de sua presença naquela sua íntima pátria distante. Provavelmente uma árvore nativa atravessou o chão antes estéril, nasceu, vai florir e frutificar, conforme o ciclo das coisas viventes. A moça gostaria de regar para sempre essas sementes, como um filho que jamais terá.

Um comentário:

  1. Caramba!!! até com uma... evacuação vc produz um texto porreta desse, cara! tá caprichoso, beleza!

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